Núbia Nabuco Macedo – E outras mulheres na política

Professora Quintina Diniz
A morte de Núbia Nabuco Macedo, aos 91 anos, ocorrida no último sábado, dia 21, em Fortaleza, no Ceará, onde residia, na companhia de D. José Bezerra Coutinho, Bispo resignado da Diocese de Estância, além de entristecer e enlutar os sergipanos, especialmente os estancianos, permite a evocação do seu nome e do nome de outras mulheres que tiveram participação política em Sergipe, exerceram mandatos e tomaram posições de vanguarda na monolítica sociedade sergipana. Núbia Nabuco Macedo era viúva de Francisco de Araújo Macedo, fundador e dirigente do PTB – Partido Trabalhista Brasileiro, partido pelo qual foi Deputado Estadual e Deputado Federal.

Núbia Nabuco Macedo, nascida em 1917, no interior da Bahia (Esplanada) entrou cedo para a política, elegendo-se Prefeita de Estância, em 1950, com 33 anos. Era a primeira mulher a ocupar a chefia de um executivo municipal, não apenas em Sergipe, mas no Brasil, ao lado de Benvinda Lima Almeida, eleita em Indiaroba substituindo o marido, o industrial José Almeida. Sua carreira começou ali, e sua administração, em pleno Governo getulista e tendo o marido na Câmara Federal, foi marcada pelo relacionamento social, que fortaleceu a formação de uma sólida base trabalhista em Estância, onde o ambiente das fábricas de tecidos assegurava um público atento aos discursos e ações do PTB.

Núbia Nabuco Macedo elegeu-se Deputada Estadual em 1954, não concorreu à Assembléia em 1958, ficou na suplência em 1962. Com a extinção dos partidos, através de Ato Institucional do Governo Militar implantado no País em 1964, ingressa no MDB – Movimento Democrático Brasileiro, partido de oposição fundado e liderado em Sergipe por José Carlos Teixeira. E pelo MDB é eleita Deputada Estadual em 1966, concorrendo, pela última vez, em 1970, ficando na suplência. Firme e consciente do seu papel político, Núbia Nabuco Macedo contribuiu para a história política de Sergipe, deixando um exemplo às suas e às novas gerações de mulheres sergipanas.

Algumas mulheres fizeram nome e tiveram participação destacada na vida política, a começar por Etelvina Amália de Siqueira, nascida em Itabaiana, professora da Escola Normal, que formou ao lado de Francisco José Alves na organização da Sociedade Libertadora e na redação dos jornais Luz Matina, O Libertador, e O Descrido, nos anos de 1880.

Em 1931 uma brava mulher – Maria Feitosa – jovem ainda, baixa e franzina como foi descrita à época, pelo jornal A Tribuna, que a entrevistou, liderou um movimento grevista em Vila Nova, atual Neópolis, reclamando da jornada de trabalho noturna, que era prolongada até as 10 horas da noite, diariamente, defendo a sindicalização, o respeito às leis, falando não apenas em nome das suas companheiras de trabalho, mas de todo o operariado daquela cidade.

Quintina Diniz de Oliveira Ribeiro, nascida em Lagarto, criada em Laranjeiras, professora  e Diretora do Colégio Sant’Ana, fundado pela célebre mestra Possidônia Bragança, em 1848, em Laranjeiras, transferido depois para Aracaju, entrou na política filiando-se a União Republicana e conquistando um mandato de Deputada à Assembléia Constituinte Estadual, em 1934, sendo a primeira mulher sergipana a exercer mandato de Deputada, assinando a Constituição de 16 de julho de 1935.

A tal grupo ajunta-se os nomes de Ítala de Oliveira, colaboradora dos jornais sergipanos nas primeiras décadas do século XX, debatendo a educação e outros temas, organizadora da seção estadual da Cruz Vermelha, médica formada na Faculdade de Medicina da Bahia, indo clinicar no Rio de Janeiro; de Cesartina Régis do Amorim, farmacêutica, Gúdula Cardoso Lemos, professora e de uma  família de professores estancianos: Severino, Brício, José de Alencar Cardoso e muitos outros; Maria Rita Soares, jornalista, editora da Revista Renovação, magistrada federal, com participação efetiva na vida política na agitada década de 1930; dentre tantas outras, que além da política e do magistério foram escritoras, poetas, colaboradas da imprensa, como registraram Brício Cardoso, Lígia Pina, Anamaria Bueno e outros estudiosos da vida sergipana.

Cabe, ainda, fixar os nomes de Hilda Sobral de Faria e de Josefa Nascimento Melo, que em 1947 concorreram a uma vaga na Assembléia Legislativa, respectivamente pelas legendas do PR – Partido Republicano, e pelo PSD – Partido Social Democrático, abrindo caminho para a presença feminina no legislativo sergipano, que teve em Núbia Nabuco Macedo um nome representativo, pioneiro e freqüente nas lutas políticas do Estado de Sergipe.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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