A Longevidade dos governantes

                                                                                  Luiz Antonio Barreto

 

A morte do ex governador Arnaldo Rollemberg Garcez, aos 99 anos e mais de 8 meses (nasceu em 19 de janeiro de 1911) mais do que promover uma revisita à sua biografia do político de Itaporanga da Ajuda, registra a constatação de que os governantes sergipanos, sobreviventes, têm vivido

Arnaldo Rollemberg Garcez
muito: Em 3 de outubro de 1915 nasceu Lourival Baptista, que vive em Brasília, aos 95 anos, quase completos, depois de participar, ativamente, da vida pública sergipana;  nascido em 1917 mora em Aracaju João de Seixas Dória, nascido em Própria em 23 de fevereiro de 1917; nasceu em 1925 Paulo Barreto de Menezes, que vive em Aracaju com seus 85 anos.

Lourival Baptista, médico baiano, veio para São Cristóvão, a convite de Augusto Franco, para trabalhar na fábrica de tecidos São Gonçalo, atendendo aos operários e suas famílias. Entrou na política, foi Prefeito, Deputado Estadual, Deputado Federal, Governador do Estado e Senador da República, deixando seu nome na galeria dos governadores fortes e parlamentares atuantes. Deixou a vida pública quando perdeu a eleição para o Senado, no pleito de 1994. Reside, atualmente, em Brasília.

Seixas Dória, orador e político dos mais brilhantes de Sergipe, em todos os tempos, foi Deputado Estadual, Deputado Federal, ambos em duas legislaturas, e Governador do Estado, deposto, preso, enviado para Fernando de Noronha, teve, ainda, os direitos políticos cassados. Voltou à cena pública, como suplente de Deputado Federal, que assumiu o mandato. Jornalista dos mais ilustres, orador vibrante, atento aos problemas do País, Seixas Dória é um símbolo da luta em favor das reformas de base, e da resistência ao arbítrio. Mora em Aracaju, com a mulher Mary, companheira de todas as horas, unidos na solidariedade.

Paulo Barreto de Menezes, técnico respeitado no Estado, responsável por muitas obras construídas sob sua responsabilidade, chegou ao Governo, indiretamente, em 1971, cumprindo um mandato profícuo. Dirigiu a antiga Escola Técnica Federal (CEFET) e mantém, aos 85 anos a serem completados no próximo dia 9 de outubro (nasceu em 1925, em Riachuelo), cercado do carinho familiar, do respeito e da consideração dos amigos.

Os demais ex governadores, Albano Franco, João Alves Filho e Antonio Carlos Valadares, cumprem um longo ciclo político, estão envelhecendo nos cargos, mas são os mais novos, batidos apenas por Marcelo Deda, atual chefe do Executivo sergipano, que é quase um menino, que nasceu em 11 de março de 1960.

Albano Franco nasceu em 22 de novembro de 1940, está, assim, caminhando para os 70 anos, sendo candidato, avulso, ao Senado da República, depois de ter sido Deputado Estadual, Senador, por dois mandatos, Governador do Estado, também em dois mandatos. É, também, empresário em atividade, seguindo o trajeto do pai, o também ex governador Augusto Franco, que morreu com mais de 90 anos.

João Alves Filho, nascido em 3 de julho de 1941, completou 69 anos e é candidato a Governador, depois de governar o Estado por três mandatos, vinculando seu nome a um conjunto de obras que é, sem favor, o mais completo resultado de administrações criativas, inovadoras e bem sucedidas. O nome de João Alves Filho está ligado a maior porção de obras públicas já realizadas em Sergipe.

Antonio Carlos Valadares, de Simão Dias, foi tudo em política: Prefeito de sua terra, Deputado Estadual, Deputado Federal, Vice-Governador do Estado, Governador e Senador da República. Seu filho, Antonio Carlos Valadares Filho, segue as pegadas do pai e já cumpre mandato de Deputado Federal, concorrendo, neste ano, para a reeleição.

O caçula dos governantes, Marcelo Deda, de formação jurídica, orador dos maiores de Sergipe, tenta novo mandato, dando mostras de que pretende transformar a longevidade dos seus iguais, num estímulo a que continue renovando, em certa medida, os quadros da política sergipana.

A morte de Arnaldo Garcez priva Sergipe de um homem bom, de formação moral irretocável, modesto na formação, mas vitorioso da prática, foi Deputado Estadual Constituinte, Deputado Federal, Governador do Estado e Prefeito de Itaporanga da Ajuda. Em todos os postos soube honrar a vida pública sergipana, deixando um exemplo de dignidade. Há alguns anos recolhido a sua fazenda Camaçari, Arnaldo Garcez foi uma referência a ser ouvido, seguido, como um íntegro membro da classe política sergipana.

Arnaldo Rollemberg (o Rollemberg é em homenagem a José de Faro Rollemberg) Garcez protagonizou, ao lado de Edelzio Vieira de Melo, um episódio triste de usurpação do Poder, com eleição contestada, mas reagiu e tornou-se vitorioso para cumprir o mandato de Governador, de 1951 a 1955, seguindo o gesto corajoso do seu vice Edelzio Vieira de Melo, que antecipou o comando do Estado, como Governador, enquanto eram julgados recursos, comuns à época. Homens públicos como Arnaldo Garcez fazem falta a Sergipe..

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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