1º Unit Cultural

O Reitor da Universidade Tiradentes assumiu, pessoalmente, o compromisso de organizar, no Campus de Propriá, um Memorial. O anúncio foi feito perante estudantes, professores, algumas autoridades e convidados, durante a abertura do 1º UNIT CULTURAL, coordenado pelo Curso de Serviço Social, com o apoio da Paróquia Santo Antonio. Há dois fatos, então, a serem considerados: o primeiro, o retorno dos Encontros Culturais de Propriá, o segundo a organização da memória social daquela cidade, o que significa a valorização do conhecimento sobre toda a região sanfranciscana, como instrumento solidário com a luta dos propriaenses para recuperarem a imagem perdida nas últimas décadas.

Os Memoriais são equipamentos fantásticos e ao mesmo tempo simples e práticos. Memorial não é biblioteca, mas deve ter a bibliografia fundamental dos temas relevantes. Memorial não é arquivo, mas deve guardar a documentação textual que interessa à compreensão da história. Memorial não é museu, embora seja um repositório de variedades de objetos, cuja preservação interessa no cômputo da história. Enfim, o Memorial é o espaço adequado para o amplo registro da vida,em toda a sua amplitude, fixando a contribuição dos grupos sociais, as lutas, as lúdicas, tudo que tenha a cara e o caráter do povo, com suas referências.

A UNIT dispõe dos meios, pois além de uma grande universidade em Aracaju, ela está presente no interior, levando às cidades a oportunidade da formação dos jovens (mas não apenas dos jovens). A UNIT já mantém um programa de organização de acervos, parte exposta no Memorial de Sergipe (Avenida Beira Mar), parte em classificação, para facilitar o acesso ao rico material a ser exposto. Ou seja, a UNIT tem todas as condições para liderar um processo de coleta e exposição ao público, de tudo aquilo, em todas as linguagens, que possa atestar a identidade dos sergipanos.

O 1º UNIT CULTURAL, em realização, desde o dia 26, em Propriá recupera um esforço teórico marcante, que atendia com o título de Encontro Cultural de Propriá, surgido no tempo do Encontro Cultural de Laranjeiras, do Encontro Cultural de Estancia, do Cíclo do Gado e do Couro, em Lagarto, das Jornadas de Estudos Medievais, realizadas em Aracaju, todos interrompidos. Propriá sai na frente, com a idéia de interessar os diversos cursos da UNIT no retorno à base teórica que valoriza o percurso do conhecimento, contextualizado pelas faces diversas da realidade.

Os Encontros Culturais realizados, todos eles, serviram para afagar a consciência na presença e contribuição de Sergipe à cultura brasileira. A interrupção de suas realizações é um grave prejuízo, que repercutirá pelo tempo afora, mesmo porque o sucedâneo das festas, que animam as multidões locais e de visitantes, não tem qualquer substância que possa ser reverenciada pelos sergipanos. Um dia, oxalá que não seja tão longe, será feita uma análise esclarecedora sobre os fatos da última década da vida cultural em Sergipe. Enquanto isto não ocorre é de toda justiça evidenciar as pesquisas, os estudos, a reunião dos acervos e a divulgação. O 1º UNIT CULTURAL e o MEMORIAL DE PROPRIÁ são extremamente relevantes, como lição que extrapola qualquer obrigação, para se constituir numa contribuição exemplar.

A  UNIT passa a assumir uma liderança que contempla, inicialmente, os Campus de Propriá, de Itabaiana e de Estância, e que pode ser irradiado pelos pólos da EAD – Educação à Distância, de forma adaptada, eletrônica, compatível com a linguagem do ensino, que já alcança grande número de alunos, em vários pontos do Estado. O Reitor Jouberto Uchoa de Mendonça, que é cidadão exemplar pela capacidade de trabalho e que há 50 anos vem oferecendo ao Estado uma instituição bem avaliada, construída para formar a juventude sergipana, sabe da importância de organizar a memória e sua palavra é uma garantia que os futuros Memoriais cumprirão um grande papel, como centros de referências históricas e culturais, onde a população poderá recorrer para tirar sua identidade coletiva.

A realização do 1º UNIT CULTURAL completa-se, no domingo, com a tradicional Procissão fluvial de Bom Jesus dos Navegantes, ícone que representa um padroeiro coletivo, para além dos padroeiros distribuídos pelas cidades que fazem margem do rio São Francisco, no lado sergipano, de Brejo Grande a Canindé. A festa, que funde parcerias, é praticamente incorporada pela organização da UNIT e da Diocese de Propriá. Uma cena, na quarta-feira a noite, chamou a atenção: um trio elétrico fazia um arrastão pelas principais ruas da cidade, enquanto no Auditório do Campus da UNIT se tratava da memória. Apesar do barulho, ninguém arredou pé do que fazia, ouvindo palestras, anunciando a criação do MEMORIAL DE PROPRIÁ. Isto é um bom sinal.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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