Luiz Antônio Barreto
Praça da cidade de Itabaiana (Foto: Arquivo Portal Infonet) |
Nos tempos internetizados da vida moderna começam a migrar, das cidades maiores, das capitais, para as cidades do interior, serviços agilizados de comunicação, rede de relacionamentos e aporte cultural, que tendem, em futuro próximo, a gerar novas alternativas para o perfil social da população sergipana. Há um público, ainda disperso, que ganha visibilidade nos shows artísticos, nas festas, nos esportes, e que tem potencial cultural, dependente ainda de estímulo.
Itabaiana parece ter quebrado o isolamento, dado um passo adiante, ao criar um grupo, munido dos meios instantâneos de contatos, para assumir a defesa da cultura local, o que significa dar continuidade e reunir os autores, pesquisadores, críticos e demais intelectuais, que parecem dispostos ao bom combate.
O trabalho do Grupo comporta um olhar retrospectivo sobre a formação da cidade e do município, puxando o fio da meada da história até o contexto dos dias atuais, com todas as energias e potencialidades do povo. Parte do trabalho tem sido feito, por pesquisadores como Wladimir Souza Carvalho, que é uma espécie de Patrono dos estudos históricos locais, seguido por Vanderlei, Almeida, Robério, Baldok, Antonio Francisco de Jesus, Riva, e outros, mas ainda há o que fazer, principalmente para colocar ao dispor das novas gerações, o acervo histórico produzido até agora, que é parte de uma referência maior, quando as análises mais apropriadas revelarem crenças e valores que adornam a cultura serrana, fazendo aflorar figuras como Sebrão, sobrinho, Maria Thetis Nunes, Alberto Carvalho, Antonio Oliveira e outros.
É urgente que o Grupo inspire outras pesquisas, além das que estão em andamento, para registro e documentação do fazer local, tão útil à sobrevivência, tão múltiplo em suas aplicações. É preciso documentar o cenário das olarias, das castanhas, das carrocerias de caminhão, das casas de farinha, antes que tais bens entrem na via do passado, sem deixar memória, a não ser de um ou de outro que, de alguma forma, conhece o ciclo econômico do município. Cabe levantar a pujança comercial, bem exposta no Guia do Comércio (Editora Art&Cia), e examinar as relações de Itabaiana com a região de sua vizinhança. Quem sabe, avocar no passado as relações intermunicipais, quando a liderança fluía, antes da dicotomia dos partidos, com seus quadros radicalizados.
Um NÚCLEO DE SABER LOCAL é um instrumento com a bitola certa para a valorização das pessoas, medidas não mais pela fortuna pessoal, ou pela formação escolar, mas pelo perfil cultural que o cotidiano enseja, mesmo quando a cidade não perde sua posição de vantagem nos ranquingues acadêmicos, mercê da competência pessoal que formou médicos, advogados, engenheiros, dentistas, professores, e outros profissionais vitoriosos, com atividades locais ou em outros lugares. Há um mundo de referências a ser esquadrinhado para que forneça respostas sobre o sucesso histórico da terra itabaianense, que é alicerce do conhecimento amplo, composto no dia a dia da vida. Há, reconhecível, um interesse em fixar, para os de hoje e para os pósteros, tudo aquilo que tem sido produzido, intelectualmente, artisticamente, gastronomicamente, em Itabaiana. Nisto a cidade serrana saiu na frente e leva dianteira, se comparada com as demais cidades sergipanas.
Cresce, pelo apoio da Revista PERFIL, de publicações como o GUIA DO COMÉRCIO, e o Jornal-Revista OMNIA, um sentimento de pertencimento à terra e a tudo que nela surge e ganha corpo, como forma de destacar a capacidade de fazer, com todas as suas exigências. É um caminho que não divide o povo em cordões, mas dá identidade ao coletivo, pela via da cultura e seu peso na realidade social. As adesões, em quantidade, e as discussões ampliam o efeito que o facebook, por exemplo, tem registrado, desde que entrou em cena o GRUPO ITABAIANA GRANDE. Há uma expectativa para breve: a realização da II Bienal do Livro, em Itabaiana, um evento que conta com o agenciamento e o patrocínio de Honorino Júnior, da Info Graphics, um empreendedor que tem apostado no interior, buscando revelar a cara do povo sergipano, como tem feito com o povo serrano.