Luiz Antonio Barreto
Prédio do Atheneuzinho (Foto: Arquivo Portal Infonet) |
Está sendo preparada para inauguração festiva a reforma do prédio do Ateneuzinho, como ficou conhecido a sede do Colégio Ateneu, construído pelo Presidente Graccho Cardoso,ao ensejo da equiparação da mais velha escola secundária do Estado ao Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, padrão de excelência do ensino para o País.
A equiparação ao Pedro II era um prêmio festejado, por todas as escolas de ensino médio existentes nos Estados. O prédio, que está em fase final de arrumação, tem seu uso redefinido, depois de abrigar várias repartições públicas, a última delas a Secretaria de Estado da Educação. Vai servir à cultura, como uma casa de memória permanente, que cobre o Estado e preserva costumes, modos, saberes e fazeres sergipanos.
O Ateneu não foi o primeiro centro escolar secundário, mas foi o único que sobreviveu até os dias atuais. O primeiro foi o Liceu Sergipense, fundado em São Cristóvão, então Capital da Província, em 1847, funcionando até 1855, quando a capital mudou para Aracaju. O Ateneu é de 1870 – 15 anos depois da extinção do Liceu -, instalado em fevereiro de 1871 e desde lá vem cumprindo, sem interrupções, um papel extraordinário na educação sergipana, com um padrão de qualidade insuperável, razão pela qual conserva a imagem do reconhecimento público. Depois de funcionar na Praça Camerino, na Praça Olímpio Campos, em sedes que não tinham as condições ideais para o seu funcionamento, o Ateneu ganhou uma sede ampla para aquele tempo – 1925/1926 – com dois pisos, nos quais as funções didáticas e administrativas eram distribuídas, confortavelmente.
Foi no primeiro Governo de José Rollemberg Leite (1947-1951)que o Ateneu ganhou sua nova e última sede, no Largo Graccho Cardoso, esquina com a rua Monsenhor Silveira. Alguns anos depois o Governador Arnaldo Garcez (1951-1955) construiu o Auditório do Ateneu, mais tarde transformado em Teatro Ateneu, encimando na sua fachada o nome do Governador que mandou fazer a obra. O velho prédio do Ateneu Pedro II, afamado como Ateneuzinho, foi desativado como escola, mas cumpriu outras funções, até ser reformado para abrigar o Centro Cultural BANESE, mostruário da vida sergipana. Local onde se pode sentir o valor da cidadania e da sergipanidade. O BANESE, que neste ano completa 50 anos de sua fundação – criado pelo Governador Luiz Garcia e instalado pelo Governador Seixas Dória – passa a ser o patrono do Centro e da cultura que o Centro representa.
O Governador Marcelo Deda, que promoveu a reforma do Palácio Olímpio Campos, transformando-o em Museu, repete a dose do acerto com a instalação do Centro Cultural BANESE. Há quem defenda que o Centro se transforme num Museu, mas, conceitualmente, a primeira denominação é a que melhor se adéqua aos propósitos de organização e exposição da memória sergipana, apresentada de forma verdadeiramente documental, destinada a atrair visitantes de todas as idades, destinatários e usuários de um acervo lúdico, com a cara e a alma de Sergipe e dos sergipanos. O prédio ganhou outra vida e certamente ele será povoado por jovens de todas as idades, que queiram beber da cultura sergipana, como referência permanente e rica, capaz de adornar os valores sergipanos.
O Centro Cultural BANESE é uma obra plural, tanto pelo aproveitamento das instalações físicas envelhecidas pelo tempo e pelo descaso, como pela vida que passa a circular dentro dele, tanto nos arranjos técnicos, como na interação que a curiosidade, certamente, ensejará. E é uma obra que engrandece o atual Governo, e que servirá, no curso do tempo, como uma fonte inesgotável de cultura sergipana. A responsabilidade do BANESE na administração do bem não é coisa fácil, pois a concepção do projeto cultural exige zelo permanente, visão exigente, capaz de renovar os acervos e seus arranjos interativos. Os aplausos cobrem a idéia, a instalação, os primeiros movimentos que começam a dar vida ao Centro. Depois virá o cotidiano,o cuidado, a revisão cultural, o funcionamento, enfim, de acordo com a concepção, que é das mais modernas em exposições de acervos.
Sergipe, enfim, ganha um espelho, no qual poderá identificar-se, mercê de sua cultura Riva e variada. Abonada por pensadores e escritores que têm, há décadas, construídos fundamentos da cultura brasileira. As gerações de hoje, que são sujeitos da história, têm a responsibilidade de levar adiante e entregar aos pósteros essa obra, sobre todos os aspectos, sergipana.