Banese (Foto: Lúcio Telles) |
Duas datas redondas, ambas do final do ano, marcam a vida econômica e social de Aracaju e do Estado de Sergipe: a criação do Banco do Estado de Sergipe S.A. em 13 de novembro de 1961 e a fundação do Clube de Diretores Lojistas de Aracaju, em 21 de dezembro do mesmo ano de 1961. Dois eventos da mais alta significação, que afirmam, de um lado, a visão aberta e desenvolvimentista dos administradores do Estado, enquanto, de outro lado, promove a união de comerciantes do varejo da capital sergipana, em torno de um movimento lojista que cresceu em todo o Brasil. As duas datas permitirão celebrações festivas, de júbilo e principalmente de consciência do que as duas efemérides significam no contexto da vida sergipana.
A ideia de um Banco para Sergipe é bem mais velha do que o 13 de novembro de 1961. No século XIX, em Mensagem à Assembleia Provincial para o ano de 1858, o Presidente da Província, João Dabney de Avelar Brotero anunciou que “brevemente será instalado um estabelecimento de crédito em Laranjeiras, com o título de Banco Agrícola Comercial e Hipotecário”, que depois seria removido para Aracaju, que à época estava em construção para assumir as funções e responsabilidades de capital de Sergipe. No início da República, sob a Presidência do industrial Tomás Cruz, Diretor da fábrica de tecidos Sergipe Industrial, ajudou a fundar e presidiu, em 1906, o Banco de Sergipe, que seria o primeiro banco oficial de Sergipe. No Governo de Graccho Cardoso (1922-1926) foi celebrado, em 24 de março de 1923, contrato entre o Estado de Sergipe e o Credit Foncier du Bresil e l’Amerique do Sud, para fundação do Banco Estadual de Sergipe. O contrato era de 70 anos e o Capital inicial de cinco mil contos de réis.
Foi a Lei 1068, de 13 de novembro de 1961, por iniciativa do então Governador Luiz Garcia (1959-1962), que criou o Banco do Fomento Econômico, que foi instalado somente em 2 de janeiro de 1964, já no Governo Seixas Dória (1963-1964), tendo o empresário e jornalista Orlando Dantas como o seu primeiro Presidente. O Banco do Fomento passou a ser o Banco do Estado de Sergipe BANESE. A sigla importa pouco, diante da grandeza do gesto governamental, como aporte de recursos e instrumento creditício para ajudar na vida econômica do Estado. Em 1969, o Governador Lourival Baptista (1967-1970) construiu a sede majestosa do BANESE, na base do Edifício Estado de Sergipe. Os 50 anos do BANESE, portanto, representa um esforço da economia sergipana, coroando tentativas anteriores de Usineiros, Salineiros, que sonhavam com mais negócios, acabando com a intermediação dos Agentes de bancos nacionais e estrangeiros, que eram representados no Estado.
Sede CDL Aracaju (Foto: Arquivo Portal Infonet) |
O Clube dos Diretores Lojistas de Aracaju, que hoje tem a denominação de Câmara de Dirigentes Lojistas de Aracaju, nasceu no berço generoso da Associação Comercial, por iniciativa do Serviço de Proteção ao Crédito – SPC. Com Oviêdo Teixeira, seu fundador e primeiro Presidente, ganhou espaço, instalou-se e deu início ao seu trabalho permanente em favor do movimento lojista. A unidade do Grupo fundador inspirou a que os mais jovens, que carregaram a história do Clube com seus fatos, suas lutas, bradando por uma realidade mais justa, um comércio mais rico, uma prestação de serviços mais qualificada para atender aos interesses da comunidade.
O CDL e a comunidade formaram um par certo, pois o que atingia, para o bem ou para o mal, a um, terminava por resvalar no outro. Os Presidentes, todos eles, deram o melhor de si, em proveito da entidade que, no curso de 50 anos, fez imagem de dinamismo, capacidade de reflexão e de adaptação, sem perda da identidade. Nem mesmo quando pensou em fazer política, logo que foi fundado, sendo abortada a ideia pelo movimento militar de 1964, ou quando fez política, com alguns dos seus sócios participando dela, desde o próprio Oviêdo Teixeira, que avalizou o Movimento Democrático Brasileiro – MDB, foi candidato a Senador e eleito Deputado Estadual e que pode simbolizar a luta.
A política correu nas veias do CDL e vários dos seus dirigentes ocuparam cargos públicos, exerceram mandatos, participaram de campanhas, sem contudo fugir dos princípios que desde a década de 1960 compõe o acervo existencial da entidade. O Banco do Estado também não teve como evitar que alguns dos seus Diretores fossem figuras carimbadas da vida pública e tivessem mandatos políticos. É compreensível que os lojistas tenham dialogado com homens públicos, criando relações úteis, necessárias, e até fundamentais para manter a ideia do movimento lojista de pé, forte e firme como nasceu.
As duas instituições são, na verdade, dois patrimônios de Aracaju e de Sergipe, pelos serviços que prestam, pelas práticas que souberam fazer, pelo sucesso que alcançaram. O CDL faz festa, nos próximos dias, para celebrar a data cinquentenária. O BANESE também, inaugurando o que seria o Centro Cultural BANESE, e que destacaria o seu nome no prédio do velho Ateneuzinho,para imortalizar, de inteira justiça, o seu papel no âmbito amplo da cultura. Os seus Presidentes, Salmineo Nascimento e Samuel Schuster, que estão a altura das instituições que dirigem, respondem pelo brilho que dão às duas efemérides, garantindo para o futuro, o registro sincero dos seus trabalhos, por todos os méritos, a ser lembrados.