A pesquisa e a elaboração de um livro abarcando 50 anos de história do Clube de Diretores Lojistas de Aracaju (em 1994 trocado o nome para Câmara de Dirigentes lojistas de Aracaju) representa um amplo levantamento do comércio da capital sergipana, com suas tradicionais firmas e com negociantes, varejistas, cujos nomes foram conservados na lembrança da população aracajuana. E, também, significa um cotejo das atividades e das contribuições que atenderam, no curso do tempo, ao abastecimento da cidade em pleno crescimento.
A história do CDL permite uma radiografia da evolução do comércio, a melhoria das lojas, do seu funcionamento, sua variedade, o esforço, enfim, para dotar Aracaju dos melhores produtos para o consumo cotidiano da sua população. As ruas do chamado “Quadrado de Pirro” foram o cenário por onde os comerciantes chegaram com seus negócios, ocupando principalmente a Avenida Rio Branco, antiga Rua da Frente e Rua da Aurora, as ruas Laranjeiras e São Cristóvão, a Rua Itabaianinha, a Rua João pessoa, que antes ia da Praça Fausto Cardoso até a Estação ferroviária, no início da Avenida Coelho e Campos, e suas transversais Rua Santa Rosa, onde José da Silva Ribeiro construiu o prédio conhecido como Vaticano e onde começa ou finda o Beco dos Cocos. Poucas lojas escaparam desses limites, que chegavam até a Avenida Otoniel Dória, ao pé do Porto de Aracaju, e vizinho ao Mercado Antonio Franco e ao Mercado Thales Ferraz .
A história do CDL está ligada, intimamente, ao progresso e ao requinte do comércio, como atestam lojas como o Dernier Cri, símbolo de uma época marcante para a Rua João Pessoa, que nascia em frente ao oitão do Palácio do Governo e estirava sua elegância, passando por dezenas de lojas: Casa Yankee, Casa Teixeira, Palácio das Joias, A Moda, Livraria Regina, Casa Cristal, Livraria Monteiro, Lojas Brasileiras, também conhecidas do povo como 4 e 400, Irmãos Brito – Casa Renner – Hotel Marozzi, Casa das Sêdas, A Safira, Ponto Chic, Cinema Rio Branco, João Mascarenhas, Ótica Stúdio, Ótica Barreto, Ótica Santana, Farmácias Sergipe, Confiança, Lyra, Santa Cruz, casas de móveis de Isac Schuster, Chapermann, Ari, da Casa Colombo, Gráfica Nacional, Nascimento, Dantas & Campos, Casa da Louça, Casa Cristal, Larbelo, Banco Dantas Freire e outros bancos, Cine Pálace, e muitos outros lugares atraentes, bonitos, bem cuidados, oferecendo um padrão de compras compatível com o que de melhor o comércio podia oferecer.
Os navios, os saveiros, o trem, os caminhões, as marinetes davam ainda mais graça ao comércio, entre a Rua João Pessoa, a Avenida Rio Branco, e a região portuária e de mercados. Era comum, nas mercearias da rua José do Prado Franco, que as famílias deixassem suas listas de tudo o que precisavam, para que fossem atendidas e mandadas, em grandes cestos ou balaios, para as casas espalhadas pela zona sul da Cidade. José Menezes Prudente, Antonio Menezes Prudente, que ainda hoje conserva jovialidade no batente do seu trabalho, João Rodrigues, que quase tomavam um lado da rua, em frente a loja de Valteno Menezes, aos Cafés Aragipe e Império, e a outras lojas. Aracaju borbulhava, a noite, pelas suas boates, seus cabarés, onde a poesia cotidiana varava a madrugada. Primeiro foi a Associação Comercial, fundada em 1872, com prédio construído naquela região, que ordenou os interesses dos seus associados, depois surgiu o CDL, com uma visão mais dinâmica e renovada, abrindo um novo diálogo para começar uma nova história, que completa 50 anos.
Dezenas de lojistas administraram o/a CDL, modernizando as atividades comerciais, dialogando com as autoridades e com a população, num jeito novo de relacionamento. O comércio aracajuano hoje é outro: moderno, elegante, mais seguro, confortável, capaz de atender com quase tudo a necessidade do consumo. É claro que o movimento lojista, pela sua entidade maior no Estado, concorreu para a mudança do paradigma dos negócios, levando as suas atividades ao refinamento do bom atendimento aos consumidores.
Figuras de empresários como Oviedo Teixeira, Gilson de Oliveira Figueiredo, José Lima de Azevedo, Pedro Evangelista, José Alves Sobrinho, Josias Passos, Paulo Vasconcelos, Antonio Carlos de Aguiar Menezes, Fernando Oliveira, José Barreto de Andrade, aos quais se juntaram Joel Almeida Teles, José Alberto Fonseca, Humberto Teles Barreto, Carlos Lyra, José Raimundo dos Santos, e mais outros, como João de Oliveira Lima, Walter Barreto Góes, José Santos Lima, Manoel Caetano, Carlos Henriques Nascimento, João Augusto Gama, Tadeu Nascimento, Max Andrade, Gilson Silveira Figueiredo, liderando um grupo unido e forte, que responde, coletivamente, pelo sucesso do empreendimento que completa 50 anos e tem a imagem sólida de quem soube, ao longo da história, afirmar princípios e práticas que são, como exclusividade, do CDL e da CDL, marca forte da vida comercial de Aracaju e do Estado de Sergipe.
Coube a Samuel Rodrigues Schuster, na condição honrosa de Presidente da Diretoria, marcar os 50 anos da entidade, num encontro festivo que foi, antes de tudo, uma evocação do passado e uma reafirmação de compromisso com o futuro.