José Machado Tojal (Foto: Arquivo da família) |
A conquista, ocupação e povoação das terras de Sergipe, a começar pelas margens dos rios, desde o São Francisco até o Real, responde pela formação de famílias cujos varões projetaram ações de sobrevivência e prosperidade, marcando pelo trabalho e pela riqueza as regiões do Estado de Sergipe. Cada município guarda, como relíquia da história, nomes e sobrenomes de homens e mulheres que marcaram a vida do interior, criaram e deram visibilidade às suas famílias e contribuíram para a saga sergipana. Os Menezes, os Garcez, os Dias, os Macedo, os Vieira, os Souza, os Figueredo, os Mendonça, os Prado, os Rollemberg, os Leite, os Machado, os Ribeiro, os Cardoso, os Brito, os Franco, os Oliveira, os Dantas, os Melo, os Cruz, e muitos outros nomes de famílias realizaram suas ações vitoriosas no plano da economia da então Província e, depois da Proclamação da República, do Estado, juntando-se a população crescente, espalhada por todo o território sergipano.
A família Tojal é das mais tradicionais do Estado, formada nas barrancas do velho Chico, espalhada por outras partes de Sergipe e Alagoas, gerando descendentes cujas biografias enriquecem, ainda mais, a formação do povo sergipano. Os Tojal estão em Neópolis, Ilha das Flores, Brejo Grande, no lado sergipano do rio, em Penedo e em Piaçabuçu, nas Alagoas, mantendo suas tradições de tirar da terra os produtos que fazem, ou fizeram, a riqueza sanfranciscana. No tempo dos currais de gado, o couro era uma indústria que espalhava, de seus curtumes, a oportunidade de trabalho. O algodão, com seus chumaços brancos, também deu nome e dinheiro aos produtores das margens do São Francisco. O arroz e o coco, um na rasteira das terras alagadas, outro nas alturas, como a guardar o segredo da água e da carne singulares.
JOSÉ MACHADO TOJAL pode ser destacado, não apenas pelo seu Centenário de Nascimento, mas pela sua atuação na região, pela gestão como Prefeito, duas vezes, de Brejo Grande, depois de ter sido Interventor, durante os Governos dos tenentes, após a Revolução de 1930. Nascido no Engenho Cajuípe, Brejo Grande, em 19 de março de 1912, filho de Sizino (nome recorrente na família) da Silva Tojal e de Francisca Machado Tojal, formou um sobrenome de respeito, unindo os Machado, que são majoritários, e os Tojal, espalhados por vários lugares da região. Casado com Maria Machado Tojal, JOSÉ MACHADO TOJAL é pai de 10 filhos, tendo 2 deles falecido ainda nos primeiros anos de vida. Os demais tomaram caminhos diversos, sempre conservando as aptidões da família, preservando Brejo Grande como um marco mais que familiar, uma referência que afirma a luta territorial, capítulo da história da Ilha de Paraúna, que é, também, parte da história de Sergipe.
Pela divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias, a Bahia tinha terras até a foz do rio São Francisco, mas as ilhas ao longo do rio pertenciam a Pernambuco. Ocorre, segundo documentos da época – século XVIII – que os habitantes da Ilha de Paraúna faziam suas feiras e atendiam suas necessidades econômicas na antiga Vila Nova, hoje Neópolis, porque era mais perto e mais seguro. Cresceu, então, um movimento para anexar, por aterro, a Ilha de Paraúna ao território de Sergipe. Isto aconteceu e resultou no ganho de Brejo Grande, que aumentou seus limites. Este episódio contou com a participação de José Alves Tojal, na obstrução do canal que garantia a circulação das pessoas entre a ilha e a terra firma de Vila Nova, o que realça a participação da família na região onde vivia, como exaltação justa de reconhecimento pela coragem e bravura na solução de uma pendência. Brejo Grande também foi cenário de outras lutas, envolvendo brancos, negros, mestiços, como ensina o professor e antropólogo Luiz Mott em suas obras.
As famílias Machado e Tojal têm, nos anais sanfranciscanos, glórias e méritos que merecem e merecerão, sempre, o aplauso dos sergipanos de todas as partes. E se foram importantes os fatos do passado, acrescente-se a permanente contribuição que deram não apenas a brejo Grande, mas a toda a área entre Neópolis e a foz do rio São Francisco. Os descendentes de JOSÉ MACHADO TOJAL tem o crédito da ação desenvolvida por ele e por seus ancestrais, em favor principalmente de Brejo Grande. Telmo Sizino Machado Tojal, técnico dos mais conceituados em Sergipe, com experiência no Poder Público e na iniciativa privada, resumiu a biografia do seu venerável pai, quando da inauguração da estrada que o homenageia, ligando Pacatuba a Brejo Grande, obra do Governo Albano Franco, no segundo mandato. Mais do que a emoção do filho, o que viu e ouviu foi um gesto cívico de reconhecimento, lamentavelmente pouco comum em Sergipe, que já foi do Rei.