O presidente Jair Messias Bolsonaro pensava que era um forte, mas ele não passa de um fraco. Outro dia arrotava valentia, dizia que ia prender e arrebentar, prometia fuzilar. Não aguentou cinco meses de tranco e ameaça radicalizar ou cair fora. Já vai tarde?
Incapaz de governar, vive procurando culpados para justificar o próprio fracasso. Já culpou a imprensa, as universidades, tudo aos seus olhos impregnado de comunismo. Agora divulgou um texto apocalíptico que demoniza a Justiça e o Congresso. O que ele quer, colocar-se de novo como salvador, denunciar a podridão do sistema e dar um golpe? Já deu, seu Bolsonaro!
O capitão que caiu de paraquedas na presidência da República está é mais próximo de despencar do Palácio do Planalto sem o apetrecho que ameniza a queda. O processo de impeachment estaria a caminho.
Dizem que motivos não faltam, a começar pela sua incapacidade de governar. Somem-se à sua inaptidão para o cargo as relações promíscuas com o miliciano Escritório do Crime, responsável, dentre outros, pelo assassinato da vereadora Marielle Franco, e ao agora escancarado enriquecimento ilícito da família Bolsonaro, recruta Zero Um à frente.
O presidente não governa, deixa-se governar à distância por um guru que se intitula filósofo sem o ser e por três filhos mal-educados e deslumbrados, que se metem impunemente em assuntos de gente grande e sobre os quais conhecem tanto quanto o pai sabe de respeito à democracia.
Aliás, cúmulo da contradição, eles desrespeitam o próprio Exército com opiniões até escatológicas sobre os comandantes militares. Só se tudo isso fizer parte de uma grande encenação, o que torna a coisa ainda mais surreal.
O empurrão vem das ruas, depois que professores e estudantes foram acordados da letargia e levantaram multidões em defesa da educação e da universidade pública. Mexeu com quem estava quieto.
Com a economia andando para trás, já olhado de soslaio pelo mercado, daqui a pouco Bolsonaro só conseguirá aplausos de gente despreparada e subserviente como Damares, Weintraub e Ernesto Araújo.
A questão é: vale a pena trocar o capitão pelo general?
Na possibilidade de impeachment do paraquedista e o vice Hamilton Mourão assumir, até que ponto a volta de um general à presidência significaria o retorno definitivo das Forças Armadas ao governo do país?
Uma rápida olhada na nossa história republicana mostra que os militares estiveram sempre se abeirando do poder e quando o alcançaram não foram necessariamente obedientes às regras da democracia, sendo a primeira delas a que diz que todo poder emana do povo. E a história universal é rica em exemplos de que é melhor manter política e militarismo como água e óleo, sem se misturar.
Então, sabendo-se que há elementos suficientes para anular a chapa presidencial eleita em 2018, dentre outros motivos por ter abusado de propagandas falsas disseminadas via redes sociais por robôs comprados a peso de ouro, não seria melhor convocar-se novas eleições? Isso sim seria dar uma verdadeira chance ao Brasil.
Com a palavra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.