24 de outubro: Sergipanidade duradoura e insistente

Passeio pelo rio Sergipe em construção

 

Vinte e quatro de outubro de 1836, data em que chega da Bahia na então Província de Sergipe Del Rey a Carta de Emancipação assinada por D. João VI em 8 de julho do mesmo ano.  Afinal, 8 de julho ou 24 de outubro, deve-se comemorar a emancipação? Por conta da dubiedade de datas, em 2000 a Assembleia Legislativa de Sergipe alterou o artigo 47 da Constituição Estadual em que era estabelecido que a Emancipação Política do Estado fosse comemorada duas vezes ao ano: 8 de julho e 24 de outubro. Através da Emenda Constitucional, o 8 de julho ficou como data oficial de celebração, por ter sido o dia em que D. João VI assinou o decreto de emancipação, e o dia 24 passou a ser o dia desse orgulho, para lembrar a história, os costumes, o dia a dia e refletir o quanto ser sergipano é único.

Dos seus 75 municípios desenhados pelo sertão, agreste e litoral, do Sul Sergipano ao Baixo São Francisco, das regionalidades das feiras livres de Canindé e de Nossa Senhora da Glória ao celeiro agrícola de Itabaiana, dos pescados de Propriá ao aratu de Estância, Sergipe é diverso em ritmos, sabores, crenças, tradições, manifestações que só quem aqui finca os pés saberá defini-los.

São Cristóvão – SE

Vinte e dois mil quilômetros quadrados de território, 2.068.017 habitantes (Censo IBGE 2010), 163km de praias entrecortadas por cinco grandes bacias fluviais: São Francisco, Japaratuba, Sergipe, Vaza-Barris e Piauí-Real, a sergipanidade vai muito mais além do desenho geográfico de um determinado grupo de habitantes. Oscila entre o imaginário, o popular, o histórico, documental e o sentimento de pertencimento.

Praça São Francisco - São Cristóvão - Patrimônio da Humanidade
Praça São Francisco – São Cristóvão – Patrimônio da Humanidade

Sergipanidade consiste quando o genuíno se encontra com o cosmopolita e daí ressurge uma uníssona combinação recheada de novidades, em que o tempo não deixa que a originalidade se perca na história. É o patrimônio material e imaterial do menor estado brasileiro em território, ladeado geograficamente por costumes, ritos e crenças, originado a partir de um rito tipicamente deste espaço. É quando das mãos do sertanejo reergue-se a economia local, transformada em sustento familiar. Quando da fala sobressai um chiado gostoso de se ouvir no sergipanês desse povo.

Festa de Bom Jesus – Propriá

Quando a arte do fazer se perpetua em gerações nas queijadas de São Cristóvão, na renda irlandesa de Divina Pastora e Laranjeiras, no pescar do aratu em cânticos entoados pelas marisqueiras do litoral sul do estado, ou simplesmente se atravessa das ruas de Ará para a Atalaia Nova de tototó.

Sergipanidade está no gosto da feijoada com legumes, no catado de caranguejo com farofa d’água ou no sorvete de mangaba com tapioca. Sergipanidade é não ter nascido sergipano e ter orgulho de aqui morar, do que se constrói aqui, da possibilitando renovar-se a cada dia, sem esquecer que a história está para documentar e perpetuar o que é originalmente construído por essas mãos.

Caranguejo na praia de Atalaia

É experimentar em sensações das belezas do cânion à foz do São Francisco, do turismo ecológico na Ilha Mem de Sá; do patrimônio histórico da quarta capital de outrora mais antiga do Brasil, São Cristóvão; da bela e aconchegante capital, Aracaju ou simplesmente passar o dia no mais icônico centro das sergipanidades: os mercados Thales Ferraz, Augusto Franco e Albano Franco, que compõem um conjunto onde resignificam fazeres em cores, gostos e cheiros dos doces de Propriá, do rolo de fumo de Lagarto, do queijo de Nossa Senhora da Glória, do artigos de barro de Santana do São Francisco, das frutas de Itabaiana e dos hortifrútis de Nossa Senhora da Glória.

Mercados setoriais do Centro de AracajuÉ perceber o legado e o belo que se tem das mãos que dominam a arte de transformar em genuinamente sergipano: feito, produzido, transformado ou originado daqui para o mundo, como a arte de Santana do São Francisco e as centenas de bordadeiras e artesão do estado.

É orgulhar-se do Parque dos Falcões, único autorizado pelo Ibama no Brasil para recuperação e criação em cativeiro de aves de rapina como falcões, corujas e gaviões. De ter o quinto maior cânion navegável do mundo, o Cânion de Xingó; ter as festividades do interior e o forro de Mestrinho acompanhado dos ritos de Patrícia Polayne e The Baggios e o autêntico Forró da Rural.

Amendoim cozido

É manter viva as tradições e belezas do Cangaço, que aqui Lampião deixou sua família e morreu na Grota do Angico, em Poço Redondo. É terra de Jenner Augusto, de Véio, Álvaro Santos, Florival Santos, Tobias Barreto, Silvio Romero, Felisbelo Freire, entre outros que deixaram seu legado. Terra das catadoras de mangaba e do samba de pareia da Dona Nadir da Mussuca, do pisa-pólvora, bacamarte, lambe-sujo, caboclinho, parafuso, ao ritmo do tototó que insiste em navegar sobre as águas do rio Sergipe.

Complexo Turístico de Xingó – Canindé do São Francisco – Divisa AL

Do solo esbanja em gostosura a mangaba e o amendoim, dos mangues o caranguejo. Sim. Sergipe é verdejante no bichinho do mangue que faz turistas trocarem o garfo, a faca e o prato pelo martelo e tábua. E aqui se faz presente em ritmos nos festejos juninos com o tradicionalíssimo sergipano barco de fogo de Estância.

Praia da Atalaia – Cinelândia

Da praia de Atalaia a feira da Coruja de Tobias Barreto, do jegue de Itabi às riquezas de outrora da região do Vale do Cotinguiba, ou até mesmo das seculares igrejas de São Cristóvão com o orgulhoso e único Patrimônio Mundial da Humanidade, Sergipe é exclusivo. Muito mais em sergipanidades, quando o tempo insiste em continuar documentando a história. É o sentimento nosso de cada dia simplesmente de orgulhar-se de pertencer. Que a sergipanidade seja duradoura e insistente.

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