Nova Petrópolis (RS): onde o Rio Grande é mais alemão

Parque Aldeia do Imigrante é uma boa opção de passeio para se conhecer  as tradições alemãs

Considerada uma das cidades brasileiras que mais preserva a cultura alemã, Nova Petrópolis, localizada na Região das Hortênsias e Rota Romântica do Rio Grande do Sul, mantem dois parques a serem visitados para lembrar os primeiros imigrantes germânicos no Estado e, aos sábados, as praças se enchem de moradores que mantém a tradição de falar no dialeto da região de origem.

Localizada a pouco mais de 90km de Porto Alegre, a 35km de Gramado, o Jardim da Serra Gaúcha, como é conhecida, também reserva prédios com arquitetura enxaimel ou fachwerk e é berço do corporativismo da América do Sul.

Considerada a Cidade Jardim, Nova  Petrópolis faz parte da Rota Romântica gaucha

Ao chegar na cidade, percebe-se que ali é um pedacinho germânico no Sul do Brasil. Tranquilidade nas ruas, casas com muros baixos e uma população descendentes de imigrantes alemães que chegaram na região no século XIX. A maior parte dos habitantes veio das regiões do antigo Reino da Prússia, Reino da Baviera e Boemia. Na época trouxeram seu idioma, como o Pomerano, Boemio e Hunsrück. O que prevaleceu foi o Hunsrück, idioma originário da Região da Renânia (hoje estado da Alemanha), e que em Nova Petrópolis cerca de 70% da população fala esse idioma. Não é por acaso. Nova Petrópolis mantém a tradição de ensinar o alemão nas escolas.

Cerveja artesanal e tradições mantidas durante os finais de semana

Apesar de pequena (possui em torno de 20 mil habitantes) e de ares onde paira a simplicidade, Nova Petrópolis recebe cerca de 200 mil turistas ao ano. Primeiramente o turista deve conhece a Praça das Flores, centrinho da cidade e perto de onde se concentram as principais atrações, contando com lojinhas de artesanato e o famoso labirinto feito com arbustos que diverte e desafia os visitantes. É na praça, também em que está o Monumento do Cooperativismo. A cidade se orgulha de ter fundado a primeira cooperativa de crédito da América do Sul.

Nos finais de semana as tradições são mantidas em ritmos e sotaques

Pertinho dali fica o agradável e visitado Parque Aldeia do Imigrante. Construído em 1974, todo em arquitetura enxaimel, o parque é composto pela Aldeia Bávara, onde se pode encontrar lojas de artesanato e produtos coloniais, um salão de baile e lojas de malhas além de cervejarias artesanais que servem cerveja e chopp , além de pratos típicos alemães.

Praça das Flores no centro da cidade

A Aldeia Bávara reproduz uma pequena aldeia de imigrantes datada de 1870, contando com escola, lanchonete, igreja, cemitério e até o Museu Histórico Municipal. Também no parque há dois lagos com pedalinhos, bastante movimentados nos finais de semana.

Labirinto Verde faz parte do passeio turístico pela cidade

O interessante é que esses prédios vieram de localidades do interior de Nova Petrópolis, onde foram desmontados para serem reerguidos no parque até a inauguração em 1985. No interior dessas construções, existem objetos que recriam uma parte da história do Rio Grande do Sul relacionada à imigração alemã.

Bucolismo e história no Parque das Esculturas

Silêncio dos imigrantes – Na região rural próxima da Pedra do Silêncio fica o Parque Esculturas Pedras do Silêncio inaugurado em 2014. O parque conta a história da imigração alemã, mantendo viva a cultura e tradição por intermédio das 80 esculturas dividas em: a saga, as profissões, grandes personalidades, a cultura e tradição.  É interessante notar que vários sobrenomes germânicos estão ligados com as profissões, a exemplo de Schimidt (ferreiro), Muller (moleiro), Weber (tecelão), Becker (padeiro), Bauer (agricultor), Schroder (alfaiate, costureiro), Zirmmeman (carpinteiro), entre outras.

Bom passeio na região do entorno de Nova Petrópolis

O nome Esculturas Parque Pedras do Silêncio surgiu por se entender que as esculturas (as pedras) estão em silêncio contando a história da imigração germânica. Vale lembrar que todas as construções do parque foram montadas com a técnica enxaimel, a mesma técnica que os primeiros imigrantes utilizavam para construir suas residências no início da colonização. Esta técnica consiste em montar uma estrutura de madeira, onde as peças são encaixadas umas nas outras, sendo presas com tarugos de madeira (não utilizavam pregos na montagem da estrutura). Depois fechavam as paredes com tijolos, pedras ou ainda somente galhos e argila.

Após conhecer toda essa saga, bom mesmo é aproveitar a região para saborear um bom prato típico alemão.

Nomes alemães remetem às profissões – curiosidade

Dicas de viagem

A cidade está situada a 35km de distância de Gramado pela RS-235 (e a 100 km de Porto Alegre. A cidade também faz parte da Rota Romântica, que percorre aproximadamente 184km de São Leopoldo até São Francisco de Paula.

Parque Aldeia do Imigrante fica na entrada da cidade, pertinho do centrinho da cidade, na avenida 15 de Novembro, nº 1966, Centro, e funciona das 8h às 17h30. O ingresso custa R$ 10.

Esculturas em grandes formatos contam a saga das famílias imigrantes na região

Vale a pena visitar o parque aos sábados, quando bandinhas típicas tocam as tradicionais machas germânicas enquanto populares danças juntamente com turistas.

O Parque Esculturas Parque Pedras do Silêncio fica na rua Emilio Dinnebier Filho, nº 500 – Linha Brasil e funciona de quinta a domingo, das 9h30 às 18h. a visita guiada custa R$ 30.

Áreas verdes compõem a cidade denominada de Cidade Jardim

Há bate e volta partindo de Gramado para a cidade, que passa pelos parques e praças da cidade e almoço em um dos tradicionais restaurantes da cidade. Também para em algumas lojas de roupas e artigos coloniais. O valor disponibilizado por algumas agências é de R$ 75, sem almoço e ingressos dos parques.

Lagos no Parque Aldeia do Imigrante

Gastroterapia

Embutidos e joelhos de porco fazem parte do buffet

O marreco recheado ao lado do Eisbein (joelho de porco) e da Kassler (bisteca de porco levemente defumada, acompanhada de salsichão vermelho), formam a trinca de ferro da culinária alemã servida no Brasil. A receita do marreco segue à base da culinária germânica com um sabor apurado. A ave é assada e o recheio é preparada com os próprios miúdos, como moela, fígado, coração e estômago – um pouco de carne bovina é misturada para amenizar o sabor. Os acompanhamentos também são clássicos: repolho-roxo refogado e levemente adocicado com cravo e canela, chucrute e purê de maçã ou de batata. Uma boa dica para se comer bem é o buffet livre do Restaurante Plátano Grill, que fica no Centro Comercial Galeria do Imigrante, no comércio da cidade. O buffet livre custa R$ 50.

Cuca de framboesa e amora – doces tradicionais

A cuca, doce típico alemão, é vendida tradicionalmente na lanchonete do Parque Aldeia do Imigrante, produzida em fogão de lenha nos mesmos moldes que os primeiros colonos. Típico bolo de farinha de trigo com canela, ovos e leite, e que apresenta um recheio de maça, banana ou uva. Há outros tradicionais doces alemães.

 

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