Culinária quilombola é destaque em mostra gastronômica na Orla

Moqueca de Jongome é uma das atrações do evento (Fotos: Portal Infonet)

Pratos recheados de memórias e representatividade cultural. Esse foi o enredo encontrado por quem passeou pelos stands da II Mostra Sabores e Saberes, iniciada nesta quinta-feira, 28, no Oceanário, localizado na turística Orla da Atalaia de Aracaju. A primeira noite de imersão nesse cenário gastronômico foi regado por apresentações de artistas sergipanos e grupos culturais.

Izabel serve moqueca de Jongome: sempre ansiosa pelas reações

Quem chega, logo se depara com a dona Izabel Messia, do quilombo urbano Maloca, situado aqui em Aracaju. De entrada, ela apresenta o ‘Tabuleiro da Maloca’, um prato que tem uma camada de beiju de puba, pasta de amendoim com couve e charque. A ornamentação chama a atenção de qualquer um. Ainda mais irreverente é o prato principal. A Moqueca de Jongome com farofa de inhame, arroz e vinagrete de banana da terra. “Confesso que a cada cliente ficamos ansiosas. As pessoas não conhecem muito o jongome, mas até agora a experiência tem sido muito boa”, frisa a quilombola.

Ao lado da Izabel, o aroma que vem do stand do quilombo Alagamar, de Pirambu, é quase como um gancho. Mas, no primeiro olhar, já se compreende. Por ali a essência do prato são os saburicas. São dois pratos principais: Moqueca de Saburica com mamão verde e farofa de coco; e uma apetitosa Torta de Macaxeira recheada com saburica e creme de amendoim. E de stande em stand, cada novo passo é um deleite.

Chefe Fernando: nós que aprendemos com as comunidades

Mas até que esse cardápio ficasse encantador, o trabalho envolveu uma imersão de chefes de cozinha sergipanos dentro de onze comunidades por todo o estado. A proposta é que eles conhecessem as tradições culinárias da comunidade e, com os mesmos ingredientes, repaginassem os pratos para que essas experiências gastronômicas ganhem o mundo. Na prática, para o chefe Fernando Fraga, o aprendizado foi mútuo. “Nós fomos até essas comunidades, na verdade, aprender. A cultura sergipana é muito rica. Apesar de ser um estado pequeno, a gente encontra diversas comunidades diferentes, com preparos do alimento de formas distintas. Então a gente que volta engrandecido de lá”, explica.

Mostra acontece até o próximo sábado, no Oceanário

Na Mostra Sabores e Saberes deste ano, os pratos têm custado R$ 10,00 cada. Para a coordenadora do projeto Criative-SE e consultora em economia criativa do Sebrae, Mariana Galvão, a Mostra acontece com dois grandes propósitos. “Nós trazemos aqui essa comida ancestral, afetiva, que reúne memórias e tradição, justamente para trabalhar nossa identidade, com esse elemento de inovação e criatividade. Estamos mostrando aqui elementos de todo o estado e dentro de um projeto que vem com olhar no potencial econômico que a culinária e artesanato dessas comunidades têm”, pontua.

Oportunidade importante de representatividade

A para dizer que nem tudo é comida, o ambiente ganhou uma decoração especial de uma artista sergipana imersa com comunidades quilombolas e movimento negro. “Enxergo essa oportunidade como muito importante. Estamos em um ponto elitizado de Aracaju, na Orla da Atalaia, e essa conjunção aqui é sinônimo de representatividade do povo negro, que é maioria em Sergipe. Um momento para as comunidades se reconhecerem”, enaltece.

A Mostra segue até o próximo dia 30, no Oceanário, com entrada gratuita, e sempre das 16h às 22h. Qualquer prato custa R$ 10,00 e todos os dias há programação cultural no local.

Por Ícaro Novaes

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