Acidentes de trânsito causam cinco mortes no Brasil a cada 1 hora, informa um relatório divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) este ano. Entre 2008 e 2016, o total de 368.821 pessoas morreram vítimas de transporte nas estradas e ruas do país.
O que mais assusta é que boa parte desses acidentes poderiam ser evitados e tem como propulsor o consumo exagerado ou até pequeno de álcool. Um dado recente e inédito, revelado no início de dezembro pelo laboratório de toxicologia da Secretaria de Segurança Pública (SSP), é alarmante: de 202 condutores de veículos que morreram em 2019 no trânsito de Sergipe, 113 estavam sob efeito de álcool, ou seja, 56% das amostras analisadas pelos peritos do Instituto de Análises e Pesquisas Forenses (IAPF) tinham ingerido alguma dose de álcool suficiente para provocar um acidente.
A maioria esmagadora dos casos aconteceu entre homens: 108 eventos, 93,5% das ocorrências. Apenas 6,5% eram mulheres. Das 202 ocorrências, 178 aconteceram em cidades do interior de Sergipe, o que revela outra situação bem nítida: a grande quantidade de mortes envolvendo motociclistas.
Ricardo Leal, doutor em toxicologia e um dos peritos da SSP, diz que os laboratórios são estratégicos para esse tipo de análise sobre a situação em que motoristas vítimas fatais do trânsito estão antes da consumação do acidente. “As análises de alcoolemia são realizadas nas vítimas fatais, mais precisamente nos condutores. Dessas vítimas, os corpos são direcionados para o IML e a gente recebe o material biológico aqui no laboratório de toxicologia”, explica.
No laboratório de toxicologia de Sergipe, cerca de 60% dos casos recebidos estão relacionados com os acidentes de trânsito com vítimas fatais. O laboratório de toxicologia tem a responsabilidade de analisar o material biológico, geralmente amostra de sangue, urina e ocasionalmente de humor vítreo [líquido gelatinoso que as pessoas têm no globo ocular. “Ele pode ser utilizado para a gente encontrar álcool, drogas e medicamentos. Geralmente, as concentrações de álcool no sangue e no humor vítreo são bastante próximas. Existem diversos estudos que garantem que esse material biológico também pode ser utilizado para fazer o exame de alcoolemia”, explica o perito Ricardo.
Esses casos nos quais os peritos recebem também humor vítreo, são as ocorrências em que a vítima teve o corpo muito dilacerado e o sangue foi quase completamente perdido. Geralmente acidentes graves que não tem outro fundo biológico que há dificuldade para analisar. Os médicos, então, coletam o humor vítreo que fica preservado no globo ocular. “Assim, a gente analisa material para encontrar álcool e dizer a concentração de álcool que a pessoa tinha no corpo”, complementa.
Atualmente esses laudos têm os resultados apenas do uso de álcool, mas o IAPF está implantando metodologias para identificar o uso de drogas. “Isso é importante, porque aquelas informações que passei, cerca de 60% dos acidentes de trânsito estão relacionados com o uso de álcool, mas com certeza existe um percentual de casos que estão relacionados ao uso de drogas e outros medicamentos. E isso é um estudo que a gente ainda vai fazer”, explicou.
Fonte: SSP/SE
Portal Infonet no WhatsApp
Receba no celular notícias de Sergipe
Acesse o link abaixo, ou escanei o QRCODE, para ter acesso a variados conteúdos.
https://whatsapp.com/channel/
0029Va6S7EtDJ6H43
FcFzQ0B