Para os humanos, o Réveillon se traduz como um ato de confraternização universal, com festa, exagerado consumo e muito barulho decorrente de shows musicais e pirotécnicos através dos fogos de artifícios, que iluminam e cobrem o céu com surpreendentes efeitos. Uma magia. No entanto, os animais acabam pegando uma grande descarga negativa e são diretamente afetados pela poluição sonora e também pelo lixo descartado na natureza, especialmente à beira-mar.
Neste ano, após o Réveillon, a Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) recolheu mais de 29 toneladas de lixo das praias na capital sergipana e, para o Réveillon 2020, a Prefeitura de Aracaju já está com um grupo especial formado por 350 agentes de limpeza, que atuará com a máquina saneadora assim que o evento for encerrado: previsão disso acontecer por volta das 5h30 da manhã do dia 1º de janeiro, com a expectativa da limpeza ser concluída por volta das 8h.
A vida marinha não é tão afetada pelo barulho porque os animais ficam afastados da costa, conforme observações do biólogo Rauber Garcia, especialista do Projeto Tamar. Mas esse intenso barulho traz impactos severos para os animais terrestres, a exemplo de cães, gatos e aves. O barulho provoca estresse nesses animais, que acabam, inclusive, se machucando porque ficam tentando fugir do barulho.
Além do estresse, esses animais podem ter reações impactantes que podem inclusive levá-los à morte, conforme adverte o veterinário Cassiano Fernandez. Segundo o veterinário, o barulho pode provocar mudanças no metabolismo, com a possibilidade de causar problemas renais e prejuízos à audição.
Para os donos de animais domésticos, vale o alerta: tirá-los do ambiente barulhento nessas festas e encaminhá-los para locais tranquilos, onde não haja poluição sonora. “E, não sendo possível, fazer uso de calmante natural à base de maracujá”, destaca o veterinário. Mas o uso de calmante só é recomendado após consulta a profissional habilitado que avaliará a saúde do animal e fará os exames complementares necessários, conforme adverte Cassiano Fernandez.
Lixo
Apesar dos animais marinhos estarem longe da costa, essa população é afetada diretamente pelo lixo descartado aleatoriamente nas praias. “O lixo que é largado à beira mar poderá ser levado para o mar pelo fluxo das marés e os animais podem comer ou ficar presos em algum resíduo”, alerta o biólogo Rauber Garcia, do Projeto Tamar.
Na ótica da presidente da Fundação Mamíferos Aquáticos, Jociery Parente, a maior preocupação está com o descarte desordenado de resíduos sólidos, a exemplo dos plásticos, considerandos as principais causas da poluição marinha. “Os resíduos sólidos descartados no ambiente marinho, tais como plásticos, artefatos de pesca, vidros e borrachas, são denominados de lixo marinho o qual é responsável pela morte anual de milhares de tartarugas, aves e mamíferos, encontrados encalhados vítimas da interação com estes resíduos”, ressalta Jociery.
Problema que poderia ser minimizado. “Se tivéssemos maior consciência na redução do consumo, reaproveitamento e descarte adequado”, adverte Jociery. “É importante que as pessoas se conscientizem do seu papel na conservação ambiental, evitando o uso de descartáveis, dando o destino correto para os seus resíduos e orientando outras pessoas para minimizar esse grande impacto”, complementa.
Política ambiental
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema) não considera que as atividades de lazer realizadas na praia provoquem a degradação ambiental. De acordo com a assessoria de imprensa da Sema, o processo de seção de espaço público na orla de Atalaia, durante o Réveillon, é regido por um sistema de autorização, considerando todos os impactos que a atividade possa trazer ao local.
Segundo a assessoria, a licença de uso do espaço público é concedida mediante avaliação criteriosa de vários órgãos, inclusive os ambientais. E destaca a ação da Emsurb para fazer a limpeza após a festa de Réveillon. “A Prefeitura, através da Emsurb, atua no dia a dia, fazendo a limpeza e fará logo após o Réveillon para assegurar que a praia esteja em condições de receber adequadamente os banhistas que estarão na praia no dia seguinte”, destaca a assessoria de imprensa, em nota enviada ao Portal Infonet.
Quanto à poluição sonora gerada nos arredores da orla, a assessoria da Sema
informou que os estabelecimentos comerciais instalados em Aracaju são submetidos a frequentes avaliações de intensidade de uso de som. A Sema adverte que a população também pode contribuir denunciando os abusos e, com base nessa contribuição, haverá fiscalização para uma eventual punição caso fique constatada qualquer tipo de infração relativa aos limites de utilização sonora e outros tipos de atitude que possam ser caracterizados como crime ambiental.
E, como advertem os especialistas ouvidos pela equipe do Portal Infonet, está no próprio humano a responsabilidade para modificar esse cenário, criando a consciência para fazer o descarte de lixo em local adequado, evitar o uso de descartáveis e ainda criar o hábito saudável, sem provocar grandes barulhos, optando por sistemas nos quais permitam que a sonoridade seja suportável aos animais.
por Cassia Santana
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