Bócio: conceitos contemporâneos de um problema centenário

Não erramos quando damos muito de nós a alguém.Erramos quando esperamos o reconhecimento de alguém que não sabe valorizar a sinceridade que lhe damos ( desconhecido )

Observamos que em nosso país o bócio, se caracteriza por ser um problema restrito às áreas centrais,e que geralmente se caracterizam pela baixa presença de iodo no solo, salientando que ele  é um elemento fundamental para a produção de hormônios pela glândula tireoide.

 A tireóide é uma glândula situada na base do pescoço, tem o formato semelhante às asas de uma borboleta e é  de tamanho normalmente imperceptível, o bócio é um aumento da tireoide perceptível e em geral visível externamente.

  O hormônio tireoidiano atua no desenvolvimento e no trabalho normal do cérebro e do sistema nervoso, no aparelho cardiovascular e no crescimento, entre outras funções, quando ocorre a sua  produção insuficiente, as células da tireoide se multiplicam , tentando captar o máximo de iodo presente no organismo, conseqüentemente, essa proliferação celular faz aumentar a tireoide, causando o bócio, a anormalidade mais comum relacionada à deficiência de iodo, e que quando é acentuado, este crescimento cria uma deformação na altura do pescoço.

Na maioria das vezes o aumento do trabalho da tireoide atinge plenamente as necessidades do organismo, provocando apenas danos estéticos ao individuo, no entanto se os níveis de iodo são baixos demais, nem sempre essa produção adicional é suficiente, o que leva a um quadro de insuficiência na produção dos hormônios tireoidianos (hipotireoidismo).

Nos adultos pode causar um quadro de edema e/ou infiltração no corpo, redução da velocidade de funcionamento do organismo (diminuição dos batimentos cardíacos e do ritmo de funcionamento do intestino), aumento da sensibilidade ao frio, queda de pelos e/ou cabelos, anemias, unhas frágeis, sonolência, etc.

Quando, após dosagens hormonais no sangue, é feito o diagnóstico de hipotireoidismo, se recomenda o uso desses hormônios por via oral, evitando o quadro clinico referido anteriormente.

A deficiência de iodo pode causar danos mais graves e até mesmo irreversíveis, a depender do individuo afetado e do tempo de duração da doença sem um adequado diagnóstico, por exemplo nas grávidas, pode gerar fetos com o chamado cretinismo endêmico, em que há comprometimento do sistema nervoso, levando à deficiência mental, surdo – mudez, retardo do crescimento, problemas de locomoção e de postura, por isso é que para prevenir futuras conseqüências, é extremamente  importante que os recém-nascidos passem por exames para verificação das dosagens deste hormônio (teste do pezinho).

Em raros casos com o crescimento, a tireoide consegue normalizar seu funcionamento, permitindo que o individuo deixe de apresentar hipotireoidismo, ou seja a glândula se adapta e com o iodo presente no organismo consegue produzir todo o hormônio de que o indivíduo necessita, no entanto de forma peculiar os problemas causados pela carência de iodo durante a gestação não podem mais ser corrigidos, porque além da falta de fornecimento de iodo pela mãe, a criança pode apresentar bócio e hipotireoidismo por defeito congênito no processo de síntese dos hormônios tireoidiano.

Nesses casos essas crianças apresentam retardo de crescimento e dificuldades na aprendizagem.

Existem alguns bócios que não tem uma causa definida, são os bócios colóides, e que como não cursam com o hipotireoidismo, apresentam apenas o inconveniente de alteração estética da base do pescoço; eles ocorrem principalmente em mulheres , na puberdade e durante a gestação.

Comprometimento Mental

O bócio pode ser apenas a ponta do iceberg, o indicador de patologias ou anormalidades orgânicas e funcionais associadas à deficiência de iodo, pois embora menos dramáticos e conseqüentemente mais difíceis de serem revelados, os casos de comprometimento leve ou moderado da capacidade mental ocorrem com maior freqüência, reduzindo a capacidade de aprendizado, provocando repetência escolar e problemas semelhantes

O bócio é mais freqüente nas regiões aonde o solo é mais pobre em iodo, ou seja, no centro do país, mas pode também ocorrer em regiões próximas ao mar; alguns estudos chegam a citar uma variação de 18 a 42%.

Além do consumo de sal iodado, outras fontes são os alimentos cultivados em solos ricos em iodo e a carne de animais alimentados com plantas destas terras, além disso ele também pode ser ministrado à população através da adição de iodato de potássio na água, na massa do pão, de injeções de óleo iodado ou da ingestão de cápsulas de iodo, salientando que a adição do iodato de potássio, distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde á Indústria beneficiadora do sal, é uma medida prática, pouco onerosa e fácil.

Excesso de Iodo  

Convém salientar que o consumo excessivo de alimentos ricos em iodo também é prejudicial à saúde, no Japão, membros de certas comunidades chegavam a apresentar bócio pelo costume de consumir algas marinhas, e com elas o equivalente a algo entre 08 e 25 miligramas de iodeto diários, quando a tireóide só consome normalmente de 60 a 70 microgramas por dia.

O excesso de iodo também bloqueia a síntese do hormônio tireoidiano, causando problemas que podem levar mulheres a gerar fetos com bócio, deformações que, em casos extremos, podem levar à asfixia da criança ao nascer, além do que devemos citar que determinados alimentos contem substancias bociogênicas, capazes de interferir na síntese do hormônio tireoidiano, como a mandioca, a couve e o repolho, que são alimentos que não causam bócio porque as quantidades consumidas normalmente não são suficientes para desencadear uma ação bociogênica, mas no entanto se o indivíduo já tem uma carência significativa e os ingere em grande quantidade, aumenta o risco de problemas.

Observação

Apesar da legislação exigir a presença de 40 a 60 miligramas de iodo a cada quilo de sal , muitas amostras desse produto  estão fora do padrão determinado pelo Ministério da Saúde, portanto se você acha que seu pescoço está proporcionalmente mais “gordinho” do que você, procure um endocrinologista (“médico de glândulas”) e tire as suas dúvidas.

Um boa semana e muita alegria para todos.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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