Veja os prováveis impactos em SE e no Brasil da ‘guerra do petróleo’

O economista explica que o início dessa disputa entre os dois países tem origem na produção e também no valor dado ao barril de petróleo (Foto: Agência Brasil)

O relógio marcava 10h30 desta segunda-feira, 9, quando as negociações da Bolsa de Valores brasileira (B3) foram interrompidas durante 30 minutos. A manobra é conhecida no mercado financeiro como circuit breaker. Na prática, o objetivo foi acalmar os ânimos dos investidores e impedir uma grande desvalorização de todas as empresas operadas na bolsa. Segundo o economista e colunista do Portal Infonet Rafael Saldanha, o motivo dessa reação do mercado está ligado à redução no preço do petróleo internacional, devido à queda de braço entre Arábia Saudita e Rússia.

Para entender o efeito nisso no Brasil o economista Rafael Saldanha explica que o ponto chave é a Petrobras (Foto: Portal Infonet)

O economista explica que o início dessa disputa entre os dois países tem origem na produção e também no valor dado ao barril de petróleo. Por se tratar de um commodity, ou seja, uma matéria-prima em estado bruto que pode originar outros produtos, como gasolina, por exemplo, o petróleo fica sujeito a famosa lei da oferta e da procura. “É diferente de um carro, por exemplo, que pode custar mais caro a depender do modelo. No caso do petróleo o que vai determinar seu valor é justamente a procura. Se você tem mais oferta de petróleo, o preço cai. Se tem menos oferta, o preço sobe”, resume.

O que assombrou o mercado

E foi justamente em relação à política de preços do petróleo que a ‘guerra’ entre a Arábia Saudita e a Rússia começou. Rafael Saldanha lembra que nos anos 60 foi criada a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) formada por 13 países, entre eles a Arábia. O intuito da Opep era ‘regular’ o mercado internacional de petróleo definindo o valor do barril a ser comercializado. “Eles definiam o preço. Se estava caindo muito, eles baixavam a produção, para reduzir a oferta e fazer o preço subir. Mas se o preço tivesse muito alto, eles aumentavam a produção para jogar o preço do barril de petróleo para baixo”, destaca.

No entanto, devido a disseminação do novo coronavírus, a Opep decidiu frear um pouco a produção, fato que desagradou a Rússia, que embora não fosse um país-membro participava de reuniões e seguia algumas diretrizes da Organização. “Desde o surgimento do coronavírus pra cá a demanda do mundo caiu porque as pessoas pararam de transitar e, consequentemente, de consumir. Com isso, a Opep decidiu reduzir a produção para manter o preço do barril de petróleo em níveis comercias. Entre US$ 50 e US$ 60. Só que a Rússia disse “não””, detalha Saldanha.

Com essa negativa, a Opep resolveu comercializar o barril de petróleo ao menor preço possível para desestabilizar a Rússia. “Foi quando o barril chegou a apenas US$ 30. E isso resultou em efeito dominó nas bolsas de valores de todo o mundo, inclusive no nosso país”, pontua.

Brasil

Para entender o efeito dessa guerra russo-saudita no Brasil o economista Rafael Saldanha explica que o ponto chave é a Petrobras. “A estatal terá um faturamento muito menor, já que seu principal produto está desvalorizado. Além do mais, seu valor de marcado também sofrerá queda e isso irá empurrar a bolsa de valores para baixo, como aconteceu nesta última segunda-feira, 9, quando a Petrobras perdeu mais de 90 bilhões de reais em valor de mercado e a Bolsa de Valores fechou em queda superior a 11%”, afirma.

Além disso, o preço da gasolina pode vir a sofrer uma redução, já que a política de reajuste de preço da Petrobras segue o padrão internacional. “No primeiro momento será um impacto bom para o consumidor porque o preço da gasolina deverá cair, haja vista que o preço do petróleo caiu mais do que o dólar subiu”, salienta.

Sergipe e o impacto final

Já a nível local, Saldanha destaca que há duas áreas possíveis de impacto: o gás e as termoelétricas. O economista ressalta que o petróleo é uma das principais fontes de energia a nível global. Com o preço muito a baixo do praticado comercialmente o estado de Sergipe pode sofrer um acentuado revés nos investimentos que estão sendo realizados na operacionalização de um outra fonte de energia: as termoelétricas.

“Petróleo é energia. Se o preço cai muito, as outras fontes de energia, como as termelétricas, passam a ser inviáveis economicamente. Quem vai preferir as termelétricas se elas cobrarem duas vezes mais do que o preço das fontes de energia que o petróleo entrega?”, indaga. Os empresários do setor, ainda segundo o economista, podem não conseguir competir com o petróleo valendo quase que a metade do que era comercializado há bem pouco tempo.

por João Paulo Schneider 

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