Na legalidade, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) teve forte participação nas eleições de 1945 tendo, inclusive, apresentado Yeddo Fiúza como candidato a presidente da República, por sinal, o candidato mais votado em Aracaju. Neste mesmo pleito, o escritor Jorge Amado (PCB) se elegeu deputado federal por São Paulo. Para reforçar a campanha em Sergipe, o Pecebão mandou do Rio de Janeiro o combativo democrata Péricles Vieira de Azevedo, dono de um vibrante discurso ideológico, recheado de um verbo afiadíssimo.
No livro ‘História Política de Sergipe’, o professor Ariosvaldo Figueiredo faz registros sobre a campanha eleitoral do PCB no estado, como um comício realizado em São Cristóvão. O historiador escreve que, ao chegarem na antiga capital, os comunistas se depararam com uma grande reação da Igreja Católica, muito forte no município. Em todas as missas daquele domingo, os padres apelaram aos fiéis para não irem à manifestação vespertina.
Achando pouco, os padres tentaram abafar o alto-falante do comício. Justo na hora do discurso de Péricles de Azevedo, a principal estrela da companhia, os sinos de todas as igrejas começaram a dobrar. Tarimbado, o carioca não perdeu a calma e, para surpresas dos reverendos, fulminou: “Vejam meus senhores, o Partido Comunista está tão forte em São Cristóvão que até os frades fazem questão de nos prestigiar com com esse fabuloso badalar”. E prosseguiu: “Foi a forma encontrada por eles para participar dessa grande festa democrática”. Acabrunhados com o contra-ataque, os padres deram uma contraordem e, aos poucos, os sinos foram silenciando, para o comício vermelho prosseguir apoteótico.