Caroline de Alencar Barbosa
Mestre em Educação (PPGED/UFS)
Graduada em História (DHI/UFS)
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS)
Diante do cenário de pandemia de covid-19, em 17 de março de 2020, o governo de Sergipe assinou um decreto estabelecendo medidas de segurança sanitária a fim de conter o avanço da contaminação. Dentre elas, o distanciamento social, o uso de máscaras e a higienização frequente das mãos com álcool em gel. Diante disso todos os cenários sofreram mudanças protocolares de segurança, higiene e proteção, dentre eles, a escola.
Um novo modelo de ensino foi implantado. Diferente do EAD (Ensino a Distância) amplamente utilizado no Brasil, o Ensino Remoto Emergencial (ERE) mostrou-se a forma mais segura, porém não menos desafiadora de garantir a manutenção do ensino-aprendizagem dos estudantes. Professores necessitaram se reinventar tecnologicamente. Algumas instituições escolares apresentaram sucesso em suas iniciativas, outras ficaram à mercê de uma estrutura deficiente.
Muito se discutiu acerca dos métodos de ensino e uma modalidade apareceu com ênfase nos debates, artigos, palestras e lives nas redes socais: o ensino híbrido. A partir do decreto estadual de 03 de dezembro de 2020 ficou autorizado o retorno das aulas presenciais para 18 de janeiro de 2021, na rede particular, e 22 de março do mesmo ano para a rede estadual, desde que seguindo todas as medidas de segurança. Assim, esse modelo passa a ser divulgado amplamente, pois se percebeu que sua aplicação seria urgente e necessária para o bom andamento da educação e a continuidade do ensino. Mas em que consiste o ensino híbrido?
Ele tem como ponto de partida para a sua compreensão a palavra em inglês blended, ou seja, misturado, mesclado. Isso parte de sua construção, que é feita a partir da junção do presencial e os momentos remotos. Traz para si a inserção do aluno e do professor tanto no ambiente presencial de sala de aula, quanto no virtual, onde o estudante fará, de maneira ativa, as atividades que são propostas.
O ensino híbrido tem o aluno como o centro do processo de aprendizagem. Compreende-se, aqui, que esse estudante também construirá bases para a formação de seu conhecimento em um momento fora de sala de aula através de pesquisas, projetos, dentre outros processos. O ensino híbrido não é algo novo, pois o termo vem sendo utilizado desde a década de 1960 nos Estados Unidos; porém, somente com o avanço da tecnologia pode-se falar de fato na utilização de computadores e softwares educacionais.
Professores, gestores e estudantes se preparam para o retorno nesse novo formato. Muitos são os questionamentos e os desafios que se colocam diante desse cenário. Deve-se, assim, ter em mente que a prioridade é a educação, se compreendida enquanto elemento transformador da sociedade. Mesmo diante da dificuldade estrutural e de recursos pelos quais ela passa, é preciso compreender que o ensino híbrido é um modelo que vem ganhando força e espaço e, dessa forma, será amplamente utilizado por todos os segmentos de agora em diante. A pandemia nos mostrou que precisamos repensar o modelo de ensino, como ele é feito e o público que ele recebe.
Somente com essa perspectiva em mente, poderemos discutir um modelo educacional inclusivo, que seja pautado nos desafios propostos pelo século XXI e com a ampla utilização da tecnologia. Ela não poderá mais ser relegada ao simples uso do Google para pesquisas, por ser identificada a sua potencialidade para ensinar e aprender em grande escala. Conclui-se que é preciso formar para a tecnologia, para as metodologias ativas e para as mídias, pois esse parece ser o “novo normal”. Que desafios ainda estão por vir? Não podemos prever; mas podemos imergir nesse novo cenário e identificar o que de melhor ele tem a oferecer. Educar é renovar-se constantemente.