Você sabe a diferença entre um hipócrita e um petista? É apenas de sutileza. Enquanto o hipócrita, por trás de sua falsidade, opta por esconder o cinismo com toda discrição possível, o petista não se incomoda em escancarar o despudor que lhe é peculiar. Vejam vocês que depois de ter sido pego com as calças nas mãos pelo Tribunal de Contas da União, que descobriu um superfaturamento de 50% na obra de construção da Avenida São Paulo, ainda por cima realizada sem licitação e sem contrato – e aliás inexplicavelmente inaugurada três vezes – o governador Marcelo Déda, à época da construção prefeito de Aracaju, tentou justificar-se semana passada, mandando que explicassem que não acompanhou a contratação e as fases de construção da obra. A justificativa se sustentaria na suposição de que a procuradoria geral do município havia opinado favoravelmente pela emissão da ordem de serviço e o então prefeito, com base nesse documento, teria apenas autorizado a que a Empresa Municipal de Urbanização – Emsurb, procedesse à execução da obra, não tendo sido responsável pela aceitação dos preços praticados. Ou seja, em outros termos alegou que não tem culpa porque não era o ordenador de despesas. Caberia, portanto, aos tribunais de contas e ministérios públicos estadual e federal, saber do diretor presidente da Emsurb à época o que ele fez com a sobra de 50% dos recursos da obra superfaturada. Como bem definiu o colega David Leite em seu e-zine diário, da vertigem do sapato alto em que se apóia, Deda aprendeu muito bem com o compadre Lula a não saber de nada do que se passa no seu governo, principalmente quando se trata de atos heterodoxos dos escaninhos de sua gestão, que terminam se tornando públicos. Cá pra nós, vamos fazer uma comparação: no governo passado, quando um estafeta de um Secretário de Estado, inadvertidamente e sem sequer comunicar por antecipação, soltava uma flatulência no interior de um órgão público, as iluminadas inteligências petistas – desculpem a contradição do termo – tratavam imediatamente de culpar o então governador João Alves pelo ato. Criavam na hora um longo e inflamado discurso, para denunciar à população que o governador era culpado por não ter tido a precaução de mandar enfiar uma rolha no esfíncter anal do indigitado estafeta, a fim de impedir que ele continuasse a produzir gases nauseantes e extremamente mortais à nossa camada de ozônio. Gases estes que estariam contribuindo para o desastroso fenômeno do aquecimento global. Em suma, os tais petistas de mente privilegiada – mais uma vez humildes desculpas – logo passavam a construir um escabroso enredo, denunciando que por conta do incontrolável peido do estafeta, o governador João Alves era diretamente responsável pelo efeito estufa, pelo descongelamento dos pólos, pelas enchentes, tsunamis e o que surgisse em decorrência do imprevisível flatulento. Qualquer ato, do mais baixo servidor ao Secretário de Estado mais poderoso, quando se tratava do governo João Alves, para os petistas seguramente tinha o dedo direto do ex-governador, que era responsabilizado pelos jornalistas hoje puxa-sacos do governo petista, até pelo assassinato de uma mulher infiel praticado por um marido inconformado, tudo porque seu governo não colocou uma vigilância policial permanente na varanda da residência do casal em conflito. Já no caso desse brilhante dissimulador que hoje governa o estado e que os deslumbrados jornalistas-petistas sabem bajular como ninguém sem a mínima vergonha na cara – os jornatistas, com cargos em comissão na administração pública estadual e municipal – nada do que sua gestão possa fazer de errado lhe cabe nenhuma culpa. São Deda, o Santo milagroso das mudanças de araque, tem o dom de transformar tudo em ouro, que vai para os bolsos da gente que diariamente lhe puxa o saco nas colunas de jornais e revistas. Então jamais pode ser responsabilizado pelo desgoverno na Segurança ou pelo criminoso caos na Saúde Pública, gerida por gente absolutamente irresponsável e negligente para com a vida humana. Na verdade os petistas não conhecem limites para o descaramento. Denunciavam qualquer falta de licitação pública em contratos nos governos anteriores; a agora são os primeiros a realizarem contratos sem licitação, que já somam quase R$ 200 milhões só na Saúde Pública, dinheiro que tem ido pelo ralo da sem-vergonhice. Combatiam as contratações terceirizadas no governo passado, realizadas através de licitações de empresas encarregadas de selecionar as contratações de funcionários terceirizados; e agora são os próprios petistas quem, sem sequer se valerem dos contratos de terceirização, escolhem a dedo os servidores públicos (na maternidade Nossa Senhora de Lourdes), pelo critério de currículos e, claro, das estrelinhas vermelhas na testa, sem se preocuparem com o fato de não exigirem ao menos um concurso para nivelar as contratações pelo critério do merecimento. Tudo é feito escancaradamente com cartas marcadas em todos os níveis da administração pública, seja nas contratações de servidores, nas dispensas de licitações e até nas licitações – agora vencidas por firmas que sempre estiveram, uma concorrência após a outra, na prefeitura de Aracaju na gestão de Deda, como a Torre, uma firma de lavanderia e a empresa de fornecimento de mão-de-obra Casa Bom Pastor – enquanto os MPs atuam quase a uma velocidade bradipodídia para acuar essa gente, diversamente do que ocorria em passado recente, onde o governo não podia se mexer, que imediatamente surgiam alegações em sentido contrário. E diante de tudo isso, hoje quando se faz qualquer denúncia contra os descalabros do petismo no estado, essa invejável plêiade de espertalhões usa logo a imprensa vendida para sair com exclamações do gênero: “pior era no governo passado; se tem que investigar o nosso governo, também tem que investigar o outro”; a se justificarem com incrível desfaçatez, quase esboçando aberta e despudoradamente o argumento de que se existiam supostas roubalheiras nas gestões anteriores, eles agora têm todo o direito de também praticá-las, afinal eram eles quem faziam as denúncias anteriormente. Ah, quero me manifestar acerca de alguns leitores que insistem em me escrever baboseiras para tentar defender o indefensável, os seus empregos no setor público ou suas fracas convicções. Sei que não se pode exigir demais da inteligência dos que criticam meus pontos de vista sobre o Partido dos Trabalhadores. As emoções do partidarismo lulista são tão imbecilizantes, que nublam a capacidade analítica dessa gente, tornando suas mentes imunes aos mais óbvios argumentos, por mais lógicos que sejam, acerca de um partido que soube tão bem fazer um casamento entre a ideologia e a malandragem, que resultou em uma teratogenia tão desgraçadamente vitoriosa, graças a um povo a que falta alimentação, cultura e informação.
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