No dia 05 próximo passado foi, palidamente, comemorado o “Dia da Cultura e da Ciência”. Disse “palidamente” comemorado, porque não se verificou nenhuma publicidade nos meios de comunicação, nos canais de televisão, sobretudo e, como sabemos o que não está na telinha não está no mundo. Aliás, essa palidez infelizmente não surpreendeu. Miseravelmente tudo o que é relacionado à Cultura no nosso Brasil segue o mesmo tom de menosprezo, de pouco valor, de pouco caso. As empresas de comunicação, de mídia não têm nenhum interesse na Cultura, a não ser que, de tão relevante, dê para retirar dela algum dinheiro. Cultura útil, Cultura genuína, Cultura do povo, isso lá interessa a ninguém! Mas, por incrível que pareça, existe sim, um dia da Cultura e da Ciência. Foi criado através da Lei nº. 5.579 de 15 de maio de 1970, inspirada na vida do ilustre brasiliano, Rui Barbosa, nascido a 05 de novembro de 1849. Mas o que vem a ser Cultura de um povo? Cultura de um povo designa o conjunto de conhecimentos que uma sociedade valoriza e transmite. São todos os saberes, vivências, estórias, crenças, obras, linguagens, técnicas, valores, fés, gostos, sabores e cheiros construídos e praticados coletivamente. Refere-se também ao comportamento, à maneira de vestir, de morar, de comer, de trabalhar, de rezar, de se comunicar e interagir. A Cultura tem vida própria e emerge do coabitar, do viver em grupo num determinado território. É latente, viva, plural e flexível. Tem a virtude unificadora e identifica um povo no seu espaço e num determinado tempo, associando até mesmo elementos aparentemente divergentes, irregulares entre si, mas, unidos exatamente pelos conceitos culturais. A Cultura é o amálgama que liga e unifica as gerações. É a base sobre a qual os que vêm constroem a sua história, criam novos conceitos e projetam para o futuro. Portanto, num mundo globalizado, onde a competitividade imperante é a da dominação, é da subjugação desumanizada, a Cultura, por ser este “cimento” que sustenta as estruturas sociais, é o primeiro item a ser atingido e conquistado. Quer dizer, conquistado não, aniquilado, substituído, anulado. “Primeiro anulemos os traços culturais, por serem eles os traços de maior identificação daquele povo e depois conquistaremos o restante: território, economia, idéias, políticas e governos”. E, para fazer isso, basta que se desestimule o seu culto, a sua prática, o seu exercício. Cultura, cá entre nós, virou assunto de segunda classe. É teimosia de “velhos” intelectuais amarrotados pelo tempo que querem resgatar o passado. “Pra que conhecer o que fez Rui Barbosa, o cara já até morreu…”, para que saber quem foi Tobias Barreto, Clóvis Beviláqua, Pe. Mororó? Para que saber cantar o Hino Nacional, conhecer o folclore, a literatura, a poesia e os cantares? Para que manter símbolos, tombar prédios? “Para que música de boa qualidade que endeusa a mulher, o amor e as virtudes?” O bom mesmo, o que vige na atualidade “é o tchan”, “beber cair levantar”, “não interessa mais namorar o que vale é ficar…” letras e melodias que coisificam a mulher, embrutecem o homem e vulgariza o ser humano. Entristecido, lembro que, há algum tempo, o Portal da Infonet efetuou uma pesquisa entre seus leitores, fazendo a seguinte indagação: “Que assunto você gostaria que os colunistas do Portal Infonet abordassem?” As respostas em percentual foram as que seguem. – Política 29,41% – Economia 17.65% – Cultura 2.94% – Moda 5.88% – Comportamento 35.29% – Saúde 8.82% É, por mais triste que possa parecer, Cultura ficou com apenas 2.94% dos votos. Assustador o nível a que chegamos. Não é à toa que somos facilmente dominados por qualquer um que se aventura a ditar normas. Já conseguiram dominar a Cultura! O maior patrimônio que os nossos antepassados nos legaram, marco maior de qualquer soberania. CUIDADO! A CULTURA É A RAIZ QUE SUSTENTA A ÁRVORE DE UMA NAÇÃO. COM RAÍZES FORTES FICA MAIS DIFÍCIL A TEMPESTADDE DA DOMINAÇÃO ARRANCAR. PENSEMOS NISSO.
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários