Todas as decisões dos seres humanos são no sentido de evitarem as dores e se aproximarem do prazer. Desconheço o autor
QUANDO EU ME DESPOJO DO QUE SOU TORNO-ME NO QUE PODERIA SER. (Confúcio)
O mundo está a necessitar de afeto, as pessoas estão carentes de carinho de calma, de um abraço, de uma aprovação, de um toque, de paz e, sobretudo, de amor.
Nesta correria dos tempos modernos, temos esquecido que somos gente, que necessitamos de afabilidade, de cuidado, de calor do outro. Vivemos como numa competição, quando devíamos conviver numa comunhão.
Esquecemos de que somos carentes e que, neste mundo temos que dar e receber aquilo que somente o outro, nosso igual, pode receber e também, dar. Não nos basta estar vivos e respirando, temos que além de viver, conviver, nenhum de nós se basta na solidão.
O abraço tornou-se moeda de troca, tapinha nas costas à procura de uma vantagem. O elogio é quase sempre carregado de segundas intenções, isso quando não se configura como uma velada bajulação.
E aí percebemos, com muita facilidade, o efeito desta banalização quando somos surpreendidos com respostas inesperadas de verdadeiro terror, como aquela em que um rapaz, atormentado e carente de amor, de afeto, de carinho, num momento de desespero, invade uma escola e atira, matando um número imprevisível de pessoas indefesas, devolvendo para a sociedade exatamente tudo aquilo que ele nunca teve.
Ou uma mãe que joga seu filho, recém-nascido, numa caçamba de lixo. Não dá nem para imaginar o porquê de tanta falta de amor que se apoderou daquela infeliz mulher, coitada perdida num mundo que a ela tudo negou e, especialmente, não lhe deu, no tempo próprio, o essencial, aquilo, que poderíamos chamar de amor inclusivo, para citar um termo da moda.
O pior é que estes lamentáveis ocorridos servem de material para políticos oportunistas, já pensando exatamente em sua promoção pessoal, querer nos expor a outra violência transfigurada de plebiscito do desarmamento.
Não, senhores políticos, não são estas armas os únicos motivos da violência, elas são, na verdade, apenas os instrumentos usados para a execução destes planos absurdos, gestados graças a outro tipo de arma, a ignorância, a falta de educação que provêm, é claro, do pouco caso que dela fazemos.
Essas brutalidades, com arma ou sem arma, com plebiscito ou sem plebiscito, com lei ou sem lei, continuarão acontecendo. A arma em si é até desnecessária quando alguém quer praticar um crime. Por exemplo, não percebi a presença de nenhuma arma no ato que levou aquela mãe a jogar no lixo um filho recém-nascido.
Não vi porque a arma que ela usou é quase invisível e a sua aquisição acontece durante o tempo e do convívio com os seus e com a sociedade.
Não há plebiscito que a proíba adquirir tal armamento. Aliás, infelizmente não há nem lei proibindo. O que, convenhamos, este não é um assunto para se resolver por decreto.
Como de fato, temos que admitir serem absolutamente inócuos os efeitos das leis que decretam mudança de comportamento. Conduta não se muda por decreto, se muda por esclarecimento, por exemplos, por convencimento que é, em suma, educação.
Brincar de decretar determinadas soluções deve ser muito bom para quem prepara tais leis, as suas implantações são caríssimas e os seus efeitos inexistentes, para aquele que de fato necessita.
Chega de criar leis. Já as temos em demasia. Sobretudo, chega de criar lei para cumprir outra lei já existente. Sabemos, há normas proibitivas, com a prescrição de penas severas para quem usar, portar ou traficar armas. O que falta é a sua efetividade. Chega de criar leis, fazer plebiscitos, fazer eleições e prometer solução que nunca virá se não resolvermos o nosso problema primário que é a educação. Falo educação de qualidade e para todos para que tenhamos exatamente mais amor, seja disseminado mais afeto, exista mais carinho e, por excelência, respeito e compreensão entre as pessoas. Isso somente a boa educação poderá dar. Não há outra saída.
Nada mais de leis, nada mais de plebiscito. Educação já.