MADE IN CHINA

“Deixem a China dormir porque, quando ela acordar, o mundo vai estremecer”.
Napoleão Bonaparte

Hoje trago um importante artigo do grande palestrante, escritor e radialista, LUCIANO PIRES, que adverte e, com muita propriedade, mostra o rumo que está tomando “chinalização” do mundo.

Pelo fato de estar circulando há muito tempo na rede mundial de computadores, creio que a maioria dos internautas já o conhece. Não obstante, considerando, sobretudo, a denúncia feita em tal matéria, resolvi dar-lhe mais publicidade.
Esse texto foi capturado diretamente do site do autor: www2.lucianopires.com.br, de visita recomendável, e publicado sem nenhuma alteração.

Antes, porém, gostaria que lessem a Fábula que o antecede, a qual justificará, com muita propriedade, a minha intenção.

UMA FÁBULA
O Rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo no tipo de comida que deveria haver ali. Ao descobrir que era uma ratoeira ficou aterrorizado. Desesperado, correu ao pátio da fazenda advertindo a todos os outros animais.

– Há uma ratoeira na casa, há uma ratoeira na casa, cuidado! Há ratoeira na casa. Alguém pode se dar mal!! Foi de encontro à Galinha que, com desdém, disse:

– Desculpe-me, senhor Rato, eu até entendo que este é um grande problema, mas para o senhor. Na verdade, para mim mesmo, não quer dizer nada. Afinal é uma ratoeira e ratoeiras matam ratos não galinhas. Por isso estou pouco ligando para o seu desespero. Se vire! O problema é exclusivamente seu! E pare de me incomodar…

E o Rato preocupado pela ameaça que representava aquele artefato maldito procurou o sr. Porco para conseguir alguma palavra de consolo ou solução.:

– Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira! Mas, qual que! Ele também foi tão sarcástico quanto a Galinha. Levantou lentamente do seu charco e do alto de sua arrogância disse:

– Desculpe-me sr. Rato, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser orar.pela sua alma. Fique tranquilo que a partir de agora o senhor será sempre lembrado nas minhas orações.

Como último refúgio ele, o Rato, ainda com esperança, dirigiu-se ao curral, onde estava a sra. Vaca e, atabalhoado, gritou:

– Senhora vaca, senhora vaca, pelo amor de Deus, tenha cuidado, pois o perigo ronda a fazenda: há uma ratoeira na casa. Uma ratoeeeeira!!!!!, Senhora Vaca. Uma ratoeeeira! Cuidado! A Vaca na sua majestosa tranquilidade mugiu:

– O que, senhor Rato? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Eu acho que não mesmo! Senhor Rato, eu sou uma vaca, será que você não percebe? Deixe-me em paz, pois nada vindo de uma ratoeira tem condições de me prejudicar.
Então, o Rato voltou para casa, abatido, cabisbaixo e muito preocupado pela falta de solidariedade dos companheiros. Para ele era um encargo muito difícil e perigoso encarar uma ratoeira na sua já bastante atribulada convivência naquela casa onde há muito, lutava sempre para se esquivar do Mimi, um gato preto e feroz que tanto o perseguia, na suas escapadelas noturnas em busca de alimento. E agora mais essa. Uma treda ratoeira que poderia estar em qualquer lugar…Uma ratoeira, uma ratoeira… Aquilo não saía de sua cabeça. Torturou-o tanto que ele não conseguiu pregar olhos naquela noite. Nem dormiu, nem comeu, tamanho era o medo. Como não conseguiu adormecer, certa hora da madrugada, ele, para aumentar o seu desespero, escutou um barulho horroroso: Leeeepo. Parecia o som de uma ratoeira esmagando o pescoço de um irmão rato.

A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pegado. No escuro, ela não viu que a ratoeira havia pegado a cauda de uma cobra venenosa. E a cobra picou a mulher. O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela foi medicada, mas voltou ainda doente e com febril. E, como sabemos para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma boa canja de galinha. O que fez o fazendeiro? Pegou o seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal. Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la. E, para alimentá-los, o fazendeiro teve que arranjar carne e, matou o porco.

Entretanto, passado algum tempo, a mulher veio a falecer. Muita gente veio para o funeral. O fazendeiro então necessitava alimentar aquelas visitas todas. Não teve outro jeito: sacrificou a Vaca. Desta forma, todos aqueles que, de certa forma, não seriam atingidos pela presença da ratoeira, foram sacrificados por sua presença na casa.

Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se que quando há uma ratoeira na casa, toda a fazenda corre risco. O problema de um pode ser o problema de todos.

OS PREÇONHENTOS
Por Luciano Pires*

Alguns conhecidos voltaram da China impressionados. Um determinado produto que o Brasil fabrica um milhão de unidades, uma só fábrica chinesa produz quarenta milhões… A qualidade já é equivalente. E a velocidade de reação é impressionante. Os chineses colocam qualquer produto no mercado em questão de semanas… Com preços que são uma fração dos praticados aqui.

Uma das fábricas está de mudança para o interior, pois os salários da região onde está instalada estão altos demais: 100 dólares. Um operário brasileiro equivalente ganha 300 dólares no mínimo. Que acrescidos de impostos e benefícios, representam quase 600 dólares. Comparados com os 100 dólares dos chineses, que recebem praticamente zero benefícios…

Hora extra? Na China? Esqueça. O pessoal por lá é tão agradecido por ter um emprego, que trabalha horas extras sabendo que nada vai receber…

Essa é a armadilha chinesa. Que não é uma estratégia comercial, mas de poder. Os chineses estão tirando proveito da atitude dos marqueteiros ocidentais, que preferem terceirizar a produção e ficar com o que “agrega valor”: a marca. Dificilmente você adquire nas grandes redes dos Estados Unidos um produto feito nos Estados Unidos. É tudo “made in China”, com rótulo estadunidense. Empresas ganham rios de dinheiro comprando dos chineses por centavos e vendendo por centenas… Mesmo ao custo do fechamento de suas fábricas.
É o que chamo de “estratégia preçonhenta”.

Enquanto os ocidentais terceirizam as táticas e ganham no curto prazo, a China assimila as táticas para dominar no longo prazo. As grandes potências mercadológicas que fiquem com as marcas, o design… Os chineses ficarão com a produção, desmantelando aos poucos os parques industriais ocidentais. Em breve, por exemplo, não haverá mais fábricas de tênis pelo mundo. Só na China. Que então aumentará seus preços, produzindo um “choque da manufatura”, como foi o do petróleo. E o mundo perceberá que reerguer suas fábricas terá custo proibitivo. Perceberá que se tornou refém do dragão que ele mesmo alimentou. Dragão que aumentará ainda mais os preços, pois quem manda é ele, que tem fábricas, inventários e empregos… Uma inversão de jogo que terá o impacto de uma bomba atômica. Chinesa.

Nesse dia, os executivos “preçonhentos” tristemente olharão para os esqueletos de suas antigas fábricas, para os técnicos aposentados jogando bocha na esquina, para as sucatas de seus parques fabris desmontados. E lembrarão com saudades do tempo em que ganharam dinheiro comprando baratinho dos chineses e vendendo caro a seus conterrâneos…
E então, entristecidos, abrirão suas marmitas e almoçarão suas marcas.

*Luciano Pires é escritor, radialista e palestrante

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais