Devo iniciar este artigo falando da preparação do casal que pretende se unir e constituir uma família, pois, sem a família, não há que se falar em educação doméstica.
Ao que parece, este assunto é totalmente “careta”. Mas sabemos que não é. A nossa sociedade, como um todo, seria muito melhor se houvesse também uma melhor preparação para esta tão nobre e decisiva união de duas pessoas: o casamento.
Juntar duas vidas num só objetivo, ter filhos, constituir uma família, o que é, ou deveria ser para toda a vida, conforme diz o sacramento, uma grande ou, talvez, a maior responsabilidade que um ser humano pode assumir não é nada fácil. Ninguém, portanto, está preparado. As instruções que têm são as que receberam de seus pais — que também não sabiam como agir e, muitas vezes, continuam sem saber. As outras lições são colhidas no dia a dia por meio de erros e acertos — mais erros do que acertos, naturalmente — desta sociedade adoecida.
Nunca escutei falar que houvesse um curso técnico, de graduação, especialização, mestrado ou doutorado para aqueles que querem — a maior parte de nós — se aventurar nessa tão importante e delicada empreitada: casar-se e formar uma família.
Poucos erram menos e, deste modo, suas ações dão mais ou menos certo. A maioria, no entanto, erra muito e vai ter de conviver com este resultado até o fim da vida, pois, às vezes, descobre tarde demais ou não descobre nunca, isto o faz conviver para sempre com aquele peso, sem saber por quê.
Para tudo existe um curso, uma preparação, uma especialização. Quer ser advogado? Curse Ciências Jurídicas e, depois de terminar o curso, prepare-se, pois, aí é que vem o mais difícil: o Exame de Ordem. Somente aprovado nele, você poderá dizer que é advogado. Queres ser médico? Passe num concorrido vestibular, enfrente seis anos de faculdade, mais um bom tempo fazendo uma residência médica, para, então, poder clinicar. Sim. É essencial que isto aconteça. Já pensou um médico sem uma formação em Medicina ou um advogado sem formação em Direito? Seria um absurdo! Concordo, plenamente. Tanto estes como todos os outros cursos que existem são imprescindíveis. A minha colocação é a de que se faz necessário, também, uma melhor preparação para aqueles que se aventuram em constituir o maior bem do ser humano: a família.
Não me refiro, naturalmente, a gerar filhos. Esta é uma lição facílima de aprender e, para isso, não se faz necessário muita instrução; o instinto, a atração e a irresponsabilidade, por vezes, se responsabilizam com muita maestria desta função.
O que prego, aqui, é uma família mais bem-alicerçada nas virtudes e nos procedimentos, cada um sabendo, exercendo e usufruindo de seus direitos, cumprindo, enfim, o seu papel dentro da sociedade conjugal e da familiar. Uma família saudável, onde prevaleça a ternura em vez da violência, a doação em vez do interesse, a harmonia em vez da agressão. Uma família onde aja mais compreensão, tolerância e amor.
Esses sentimentos deveriam ser muito bem pensados, estudados e aprendidos na busca da paz familiar. O que, certamente, representaria mais paz social. Todos se beneficiariam se houvesse uma melhor atenção à família.
Os atos de casar-se, unir-se, morar junto, constituir família deveriam e merecem ser alvos de estudos aprofundados. O ideal, repito, era que houvesse uma preparação para o exercício de ser esposo, esposa e de criar filhos. A forma costumeira chega a transparecer irresponsável, considerando a magnitude que essa obra (a família), representa na vida de todos nós.