Lito Nascimento: um nome novo para muitos, uma figura folclórica para tantos outros; assim começo a coluna dessa semana, onde vou ter a grande alegria de poder mostrar um pouco da história de vida de um músico maravilhoso e um grande amigo.
Conheci Lito entre o fim da década de 80 e início da década de 90, pai de primeira viagem e apaixonado há muito tempo pelo som da Guitarra Baiana e também do Bandolim, encontrei em Lito uma grande referência, virei assíduo dos points mais bacanas de Aracaju àqueles tempos com o intuito de prestigiar, encantado, o som que ele fazia com esses instrumentos nas mãos. Quem tem 40 ou mais, não tem como não recordar, com certo saudosismo até, do Bar do China, Parque dos Cajueiros, Circo Voador (sim, tivemos nosso circo voador também), Paredão, Stop Tods, Gosto Gostoso. Pois bem, entre uma apresentação e outra, acabamos, inevitavelmente, ficando amigos, pois estava fantasiado com todo aquele universo musical e de imediato adquiri minha Guitarrinha e Alguns pedais de efeito, as primeiras lições devo à Lito. Músico que esteve à frente do lendário Trio Elétrico Tapajós, além do Novos Bárbaros e posteriormente nos sergipanos, Trio Elétrico Atalaia e Trio Elétrico Tribunão. Nesse período acaba erradicando-se aqui e fixando moradia, sons e uma bela família.
Lito está num ponto muito bacana de sua carreira, onde, além de fazer o som trieletrizado, está com projetos paralelos rumando para o choro. Agora fico por aqui, pois quem conta essa história é o seu personagem principal, numa breve entrevista, conduzida via e-mail.
É sentar e conferir:
Elifas Santana: Lito, pra começarmos, sei que você hoje é sergipano de coração, mas nos conte: Qual é a sua terra natal?
Lito Nascimento: “A cidade que nasci foi Alagoinhas-BA”.
ES: Quando, como e com qual instrumento se deu o início de sua carreira?
LN: “Comecei a tocar, em meados de 1968-1969, dando canjas com a orquestra Os Turunas. Em seguida comecei a tocar profissionalmente com a banda de baile Os milionários. Os instrumentos que eu comecei minha carreira foram a Guitarra Baiana e o Guitarrão”.
ES: Qual foi a sua grande inspiração?
LN: “A minha maior inspiração era ver e ouvir os Trios Elétricos tocando frevos e marchas de carnaval pelas ruas da minha cidade durante as micaretas”.
ES: Como se deu a sua entrada no trio elétrico e de quais trios você fez parte Lito?
LN: “A minha entrada para o Trio Elétrico aconteceu por conta do músico Almério Machado. Ele tocava Guitarra Baiana no Trio Elétrico Marajós, também era colega do Velho Miro, meu querido pai, que tocava Cavaquinho e juntava-se com outros músicos e amigos para tocar em rodas de choro em Alagoinhas. Fui para Salvador e lá eu ficava num subúrbio chamado Plataforma, onde Almério morava, para que ele me desse umas dicas de Guitarra Baiana. Aprendi com Almério a tocar alguns frevos do saudoso Roberto Tapajós, grande solista.
Durante esse período fui apresentado ao pessoal do Trio Marajós, conseqüentemente, dando as minhas canjas, conheci Orlando Campos de Souza o Seu Orlando do Trio Elétrico Tapajós e toda sua moçada.
Os Trios Elétricos dos quais fiz parte foram o Trio Elétrico Tupinambás, de São Sebastião do Passé – BA; Trio Elétrico Tapajós, Trio Elétrico Novos Bárbaros e por último, já aqui em Aracaju-SE, Trio Elétrico Tribunão e o Trio Elétrico Atalaia”.
ES: Como foi sua participação em gravações de discos e quais foram?
LN: “Gravei alguns LP´s com o Trio Tapajós, como em 1980, quando gravamos um LP bastante vendido e conhecido naquela época, de título Avecaetano, contava com a participação de Luiz Caldas, Jota Morbeck, Anton Schutz e sempre com uma seleção de bons músicos, como: Levi Pereira (Ex “Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar e hoje, ex “Banda Asa de Águia), Melo, Nilson, Nanuta, Eduardo Escurinho, Maurilhinho, Tião e tantos outros. Em 1988 gravei um LP com o Trio Elétrico Novos Bárbaros que levou o nome de Novos Bárbaros, já em 2001 gravei, ainda junto dos Novos Bárbaros, o disco Tribarbarizando a Praça, com participações de Buck Johny, Djalma Oliveira, Profeta, Paulinho Camafeu, Jorginho, Lu e muitos outros bons músicos”.
ES: Como foi sua chegada ao estado de Sergipe?
LN: “Por um convite do meu amigo Andrade, para tocar no Trio Elétrico Tribunão, em uma campanha política no ano de 1982. Foi assim que cheguei nessa linda cidade que hoje é meu lar, Aracaju”.
ES: Qual a sua relação com os artistas baianos da época do Trio Elétrico?
LN: “Eu tive uma relação muito boa com os artistas baianos, sempre os incentivando e convidando a trabalhar comigo, exemplos disso são: Sarajane, Buck Johnny, Levi Pereira, Luiz Caldas, Cezinha Batera, Mônica Percussão, Miltinho, Jota Morbeck e vários outros…foram muitos!“.
ES: O que te levou a permanecer em Sergipe, sabendo que existiam grandes oportunidades na cidade de Salvador e até mesmo na Bahia como um todo, pra quem era Guitarrista de Guitarra Baiana?
LN: “O que me levou a ficar em Aracaju foi ter conhecido minha musa inspiradora, minha mulher, mãe dos meus filhos e por ser uma cidade encantadora, fazendo sempre o que amo, a minha música e tocando nos nossos carnavais, forrós e nos locais que são mais que inspiradores, como a nossa orla”.
ES: Estou sabendo do seu novo projeto que conta com o seu grupo reformulado e um novo disco, ambos voltados para o Choro e ritmos regionais. Porque você resolveu dar uma guinada e migrar para esse campo do Chorinho e do Regional?
LN: “Além das influências do meu velho pai, com suas rodas de Choro, sempre tocando os clássicos de Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo e etc., eu ouvi bastante Armandinho Macêdo, Pepeu Gomes, Novos Baianos e Moraes Moreira. Um fator importante foi também o Movimento do Choro Sergipano do nosso amigo Sérgio Thadeu, pois foi mais uma motivação para que eu investisse no Chorinho, com meu Bandolim, Guitarra Baiana e Violão”.
ES: Quais os projetos futuros? Fique à vontade pra deixar aqui o seu recado pro pessoal que freqüenta esse espaço.
LN: “Sempre trabalhando com meu grupo, o Socoisanossa, apresentando e gravando a nossa boa música brasileira, nós passeamos pelo Chorinho, Samba, Frevo e muito mais.
Estou agora em processo de gravação de um novo projeto, com músicas autorais, onde visito todos esses ritmos e estilos musicais, o nome prévio é Lito Nascimento – Solos & Canções*.
Deixo aqui o meu abraço para os leitores do seu Blog, que eu estou acompanhando e achando um barato. Como recado, não poderia deixar de ser diferente; gostaria de convidar a você e todo o pessoal que acompanha esse espaço pra vir curtir o som do Socoisanossa. Estamos todos os Sábados e Domingos, por volta das 14:00h, no espaço "Badagrill", na Passarela do Caranguejo e também nos Sábados à noite, nos apresentamos na Feira do Turista em frente a Praça de Eventos, por volta das 19:30h, se alguém tiver interesse em contratar nosso show, inclusive pra festas particulares, podem telefonar para esse número: 079-98607020. Gostaria também de falar que aguardem o meu novo projeto, que tem tudo pra ser um disco muito bacana. Além disso tudo, Elifas, jamais poderia encerrar nossa conversa, sem comentar também que temos o privilégio de ter em Aracaju a fábrica Guitarra Brasil, que é o grande ponto de encontro dos músicos e da música aqui no estado, promovido por você, e o fato de que nós músicos, somos gratos por sua genialidade em construir Guitarras Baianas, Bandolins, Violões, Contra-Baixos e tantos outros, sempre com excelência e qualidade. Temos que agradecer a Deus por seu dom de construir e ter a oportunidade de ter em nossa terra um talento como o seu, que é reconhecido por Armandinho Macedo e muitos outros músicos talentosíssimos, agradecer a Deus também, por nosso dom de poder tocar esses instrumentos”.
*O novo disco de Lito Nascimento, “Sambas e Canções”, contará com produção e direção musical de Luiz Caldas e será gravado no estúdio do cantor e compositor. O convite aconteceu há um mês e pude presenciar a alegria e satisfação de Luiz Caldas em participar desse projeto.