No correr desta semana, o escriba teve oportunidade de ouvir duas palestras sobre o estado da Educação em Sergipe, uma do Secretário da Educação, dr. Jorge Carvalho, a outra d Presidente do Sindicato dos Professores, a Sra. Ivonete Cruz, a primeira proferida nas dependências do Rotary Club de Aracaju-Norte, a segunda ocupando o grande expediente da Assembleia Legislativa. Levando-se em conta que os dois órgãos vivem brigando igual a gato e rato, foi curioso se deparar com dois argumentos distintos para explicar o que se pode muito bem chamar de crise da Educação em Sergipe. O dr. Jorge Carvalho em nenhum momento tocou no nome do Sintese, embora reconhecesse que os números da Educação em Sergipe são realmente passíveis de crítica, porque muito baixos mas se deteve no processo de reforma pela qual acredita que já no próximo ano haverá uma qualidade de ensino melhor que a de hoje. Demorou-se em explicar cada programa em execução na Secretaria e foi bastante otimista com os objetivos a serem alcançados com o crescimento da rede integral de ensino, que elevara o número de escolas com aulas estendidas pela manha e pela tarde, inclusive com o fornecimento de almoço e lanches para os estudantes.
Alimentação escolar – No Ensino Médio Integral a cobertura para o ano de 2018 será de mais 20 escolas, que ele considera um projeto bem avançado. Revelou que cada alimentação servida ao estudante tem um custo de R$ 1,82, sendo que o governo federal dá apenas 36 centavos por estudante. Sobre o Ensino Profissionalizante o Estado contava com apenas 3 unidades, este ano subiu para 14 e fechará o ano com 18. Citou como exemplo de Ensino Profissionalizante que está dando certo o Conservatório de Música e o Atheneu Sergipense. Destacou que o projeto de Matrícula On-line acabou com as deprimentes filas nas escolas, que começava na madrugada e estendia-se pela noite afora. Revelou que o programa de transporte escolar oferece diariamente nada menos que uma frota de 500 veículos. Respondendo a perguntas dos presentes, o dr. Jorge Carvalho disse que o Estado está oferecendo uma cobertura a 98,7% do alunato.
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O SINTESE apresenta sua versão – Já a presidente do Sintese acusou o governo do Estado a, desde 2007, estar patrocinando o desmonte da Educação, daí porque os números obtidos cada final de ano são devastadores. Ela criticou o programa de ampliação da carga horária para dois turnos, porque tudo foi feito atabalhoadamente, sem estudos preliminares. Segundo ele, o número de estudantes fora da sala de aula vai ser bem maior. E explicou: “Ora, se um escola com dois turnos, passa a ter apenas um, o que vai acontecer com os alunos do segundo turno?” Segundo ela é preciso mudar toda a política educacional do Estado para que se possa colher melhores resultados. Ela disse que o Estado não tem prioridade com a Educação pois há pelo menos três anos não reajusta o salário base do professor. “Vai chegar o dia, que não está longe, de que todos os professores estarão ganhando o mesmo valor. Não haverá diferenças salariais para o professor do ensino básico ao ensino de terceiro grau”. Revelou que ano a ano a Rede de Educação do Estado está perdendo alunos.
A grana que falta – Deteve-se, especificamente, na questão financeira do Estado, informando que a crise que se abate sobre a Educação é tão somente falta de gestão no Estado, pois nenhum índice apresentado pelo Governo do Estado nos últimos dez anos sofreu redução em seus recolhimentos ao Estado. Segundo ela, o jovem fora da escola o que gera a violência que se observa hoje em dia. Conforme informou, a perda de alunos significa também perda de receita para os cofres públicos. E neste caso, o governo já perdeu 127 milhões de reais, perda causada pela redução do número de matriculas. “O desmonte da Educação começa, segundo ela, em 2007. Entre 2015 e 2016 o Estado perdeu mais de 10 mil alunos. Um dos causadores desta perda foi a chamada matricula-on-line. O homem do campo não sabe o que é isso e como proceder. O jovem é então orientado manter seu emprego no campo, afastando-se da escola”. Ela acredita que essa política de tempo integral vai afastar mais ainda os estudantes da escola já a partir do próximo ano. Acusou o governo do Estado de usar o dinheiro da Educação na Previdência Social e não tê-lo devolvido. Após a palestra a presidente do Sintese submeteu-se a uma bateria de perguntas, enquanto a deputada Maria Mendonça reivindicou a criação de uma comissão parlamentar suprapartidária para debater os números da Educação disponibilizados pelo Sintese.
Festas sem músicas juninas
A maioria das escolas, pelo menos as da Capital, está encerrando o primeiro semestre do ano letivo de 2017, realizando festinhas juninas para seus alunos e para o pessoal externo. É uma forma de se despedir de seus alunos e esperar o retorno deles, nos últimos dias de julho, primeiros dias de agosto. É uma tradição já de muito tempo que agora vai recebendo novas pinceladas. Como se trata de festa junina é de se supor que os conjuntos musicais contratados entoem músicas do ciclo junino para melhor agradar o alunato. Este ano, porém, já se nota uma pequena alteração na programação musical. Não mais músicas juninas para animar o ambiente. Agora apela-se a uma trilha sonora que pode contar com o apoio popular mas não tem nada a ver com nossa cultura. Explora-se o arrocha, músicas sertanejas, etc. numa desvirtuação do que seja a música nordestina típica. Os donos de escolas não deviam permitir tal desvirtuação. Ela faz parte da cultura nordestina. Deixem o arrocha e a música sertaneja lá para o público do Sul do País. O que a gente quer mesmo é brincar ao som de música nordestina típica.
Uma CPI para o BNDES
É bom acompanhar o que diz o canal independente “O Antagonista” que tem denunciado a farra do dinheiro público, patrocinado pelos governos Lula e Dilma nos últimos anos, através do BNDES. Gastou-se algo em torno de 720 bilhões de reais, sendo que boa parte desta grana foi para investimento no Exterior. A Oposição no Congresso bem que gostaria de instalar uma CPI para apurar esta história toda.