Prof.ª Dr.ª Andreza Maynard
Universidade Federal de Sergipe
Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)
Nós vivemos no presente e nos planejamos para o futuro. Num mundo cada vez mais imediatista e com questões urgentes a serem resolvidas, existe lugar para o passado? A história, que se dedica a estudar o que já aconteceu, entende que essas temporalidades estão conectadas e interferem na nossa realidade. Essa noção nos é apresentada por meio do ensino.
Nas últimas décadas, o ensino de história se tornou tema de fecundos debates no meio historiográfico. Além do crescimento do número de pesquisas e fóruns de discussão, observa-se um aumento considerável da quantidade de obras em circulação. Exemplo disso é a recente publicação de Textos sobre Ensino de História
Ao longo dos nove capítulos que compõem a obra, dez autores discutem assuntos variados, desde aspectos teóricos (capítulo 1), passando pela proposição de práticas inovadoras (capítulos 2, 3 e 4), análises de livros didáticos (capítulos 5, 6 e 9), até considerações sobre os riscos que o negacionismo e o fascismo pode causar ao ensino de história (capítulos 7 e 8). Esse é um livro atento ao dinamismo do conhecimento histórico, ao mesmo tempo que observa as transformações na prática dos professores de história.
Há pelo menos um século, surgiram previsões de que a tecnologia transformaria o aprendizado. Em 1922, Thomas Edison afirmou que os filmes estavam destinados a revolucionar as escolas, uma vez que o poder imersivo do cinema poderia turbinar o processo de aprendizagem.
Outros fizeram previsões semelhantes com o rádio, a televisão, o computador e a internet. Nenhuma dessas inovações tecnológicas chegou a substituir completamente o professor. Bem ao contrário, foi o professor que incorporou esses recursos à sua prática. No 4º capítulo, por exemplo, o autor propõe uma metodologia de ensino e o uso da plataforma “Google Sala de Aula”.
A internet oferece um mundo de possibilidades e pode ser empregada de forma a estimular o interesse dos alunos, como é abordado no capítulo 3, ao descrever uma experiência com o emprego de aparelhos celulares, internet e a rede social digital Instagram nas aulas de história. No entanto, esse também é um ambiente em que podem-se encontrar distorções propositais da história, conforme observa-se no capítulo 9.
A sociedade da informação tornou mais complexo o processo educacional. Mais do que nunca, o papel do professor de história não se resume a transferir informações. O esforço vai no sentido de ajudar os alunos a compreenderem o mundo e a despertarem para práticas relevantes como a empatia, conforme é proposto no capítulo 2.
A história nos ajuda a compreender sociedades e pessoas. Historiadores e professores de história podem auxiliar a entender as mudanças do mundo e a forma como a sociedade em que vivemos surgiu.
Em consonância com isso, e pensando na relevância da própria história, pode-se afirmar que o passado causa o presente e, por conseguinte, o futuro. Ou, como disse Millôr Fernandes, “Passado: É o futuro, usado”. Dado o exposto, espera-se que no século XXI ainda haja lugar para o passado. Enquanto houver humanidade, haverá história e muitos outros textos sobre ensino de história.
A obra encontra-se disponível para download gratuito no site do Grupo de Estudos do Tempo Presente.