E a saúde; ó!

O UOL Notícias perguntou: qual é a sua sugestão para o governo conseguir mais recursos para a saúde? Selecionou dez sugestões dos internautas, e o resultado, ouvidos 2600 interessados em resolver o problema, foi aproximadamente este:

1º.  35,83% – Anticorrupção. Confiscar o dinheiro de atitudes corruptas.

2º.  17,07% – Salário dos políticos. Taxá-los em 5%.

3º.  11,85% – Aumentar impostos sobre bebidas alcoólicas e cigarros.

4º.  11,68% – Fechar o congresso. Realizar consultas via internet.

5º.   7,09% – Imposto do político. IP – Pago por políticos e ocupantes de cargos comissionados.

6º.   6,42% – Criar uma CPMF diferente. Contribuição Permanente sobre Movimentação Fraudulenta – Alíquota: 1000% sob o valor fraudado.

7º.    5,66%  – Viagem dos políticos. Ressarcimento completo aos cofres públicos.

8º.   2,27% – Usar o dinheiro do Pré-sal.

9º.  1,11% – Supertaxar os carros importados cujos donos atropelam e matam pessoas.

10º. 1,02% – Vender camisetas: “Brasil, terra da Copa do Mundo de 2014”.

Sem ninguém contestar a necessidade de mais recursos para resolver o problema da saúde, dez respostas pueris foram dadas escamoteando o problema, mostrando que uma enquete via internet nunca resolverá nada, haja vista que: se a unanimidade não é totalmente burra; é tola, ignorante e manipulável.

O problema da saúde, ninguém contestou; só será resolvido com mais dinheiro. E de onde virá tal recurso?

Segundo os internautas da UOL, por maioria de 35,83%, bastar-se-ia confiscar o mal ganho em atitudes corruptas, por suficiência no pagamento da conta, e por facilidade de detecção, quantificação e resgate. Estaria o internauta imaginando o Estado assaltando a mão armada, “alimpando” o incauto sonegador numa esquina sombria?

Já dos sombrios políticos, sujos como paus de galinheiro, sobra aquilo que lhes é só seu, por exclusivo merecimento: 17,07% querem taxa-los em 5%, uma economia assaz insuficiente para resolver um problema de conta hospitalar, 11,68% pregam o golpismo de fechar o congresso e instituir a praça global via internet, 7,09% querem taxar-lhes um imposto político e 5,66% investem contra suas viagens, o que não deixa de ser mais um protesto que solução.

E quanto à solução? Querem criar uma nova CPMF, taxando permanentemente as movimentações fraudulentas. Quais? Que? Quem? Alguém se ousa desafiar no espelho como sonegador de algo, se nem os confessionários são visitados para o perdão dos pecados, em permuta de simples Ave Marias, Eu Pecador e Pai Nossos?

Ah, Pai Nosso, quanta dificuldade em discutir seriamente os problemas, seja numa mesa de bar, nos cafés das conversas inúteis de antanho, ou na desocupação fútil da nova ignorância, via teclado e mouse pela internet.

E a saúde, o´! Top! Top! Top! Vai continuar na mesma, ou de pior a pior, como diria a cantiga da perua, na música esquecida, em prenúncio de degola.

Degola que faz da oposição vitoriosa, com direito a aplauso, por maioria, porque venceu o governo, vetando um novo imposto para a saúde, na certeza que o mal persistirá, com a Presidenta sendo empurrada para o fracasso. Coisas de um desgoverno sem maioria sólida, mas excedente no esquartejamento do Estado para o repasto de hienas.

Porque os partidos rejeitados nas urnas sabem sair vitoriosos, bem torpedeando as políticas do governo ainda recentemente ungido nas eleições por expressiva maioria.

E a imprensa, por maioria também, por seus comentaristas econômicos em unanimidade, todos veem no desbaste do Estado a solução do problema, pregando o abaixamento salarial dos servidores públicos, a redução das aposentadorias, remédio receitado para a Grécia, que num verdadeiro incêndio está a viver em agitação de greve geral, muito protesto e desmando.

Ora, tal remédio, eminentemente conservador, é preceito dos governos que rejeitam o “Wefare State”, o estado de bem estar social, tudo aquilo que se fez vitorioso nas democracias ocidentais, que aceitando o predomínio do mercado, ousou tentar a conciliação do Capital com o Trabalho, em livre manifestação sindical, e em respeito a uma legislação que bem acolhe os mais fracos.

Mas, do outro lado estão os que desejam acabar com tudo isso; desde as garantias empregatícias, como férias, gratificações anuais, indenizações por demissões, seguros desemprego, tudo que vem do estado autoritário de Getúlio Vargas e dizem “encarecer o custo Brasil”, às aposentadorias necessárias, todos querendo retirar do Estado o poder de interferir no mercado que deve ser pleno, sem cobranças de impostos.

Pensar desta maneira deveria ser missão de uma agremiação política própria; uma necessidade dialética para o debate responsável do problema.

Infelizmente não há partido político com programa assim, escamoteando-se tudo num estuário estagnante ideologicamente falando, pois na prática tanto faz ser DEM, PSDB, PMDB, PC de Tudo e até PT, que já foi radical e viria tudo resolver. Todos desejam se auto afirmar como posicionados à esquerda de seu vizinho.

E a coisa se faz tão acintosa e vergonhosa, que partidos ditos Socialista ou Comunista se prestam ao abrigo do grande capital e sua baronia. 
Mas eu volto à pesquisa da UOL e vejo que o Pré-sal é panaceia para tudo, justamente quando ainda é somente uma promessa carente de viabilidade na exploração e retirada.

E mais; se não houver neste meio termo a descoberta de uma nova tecnologia, domando a fusão nuclear, por exemplo, ou um melhor uso da energia eólica, e melhoria do rendimento e ampliação da autonomia dos carros elétricos, pode acontecer que não só o Pré-sal perca sua hora e vez, como até a produção do etanol se inviabilize. Etanol que é o resultado da maior e melhor utilização da energia solar, sem concorrência.

Falando ainda de álcool, há os que desejam sobretaxar as bebidas alcoólicas e os cigarros. É a eterna mania dos abstêmios, estes seres super-perfeitos ou mais-que-perfeitos, terríveis indivíduos condutores de pogroms, nazifascistas enrustidos, verdadeiros Torquemadas, a serviço de seu doutrinamento fanático.

Para estes, o mundo seria melhor sem tais vícios. E eu, bem taxado ou sobretaxado, prefiro os que bebem a tal excedência de sobriedade.

Mas, sobriedade à parte, na pesquisa da UOL, há quem queira resolver o problema da saúde vendendo camisetas com o dístico: “Brasil, terra da Copa do Mundo de 2014”.

Que tolice! Alguém fabricará ou negociará uma camiseta sem guardar um troco? De antemão, digo que não venderei nem comprarei umazinha sequer, nem deixarei de tomar os meus tragos. E, logo eu que bem gostaria de contribuir melhor para o custeio da saúde.

Se não pretendo falar dos carros importados, por irrisória contribuição, entendo que, discordando dos que dizem o contrário, o problema da saúde pública reside no escasso dinheiro para custeio, com ou sem roubos, com ou sem sucesso político dos Secretários de Saúde, por décadas de má gestão.

Acho que o governo federal deveria ressuscitar, a “famigerada CPMF”, por democrática, universal e não preconceituosa. Sem ela não haverá solução em curto prazo, sobretudo com o engodo da regulamentação da emenda 29 que tantos enaltecem.

Outra sugestão que eu daria, seria o retorno das alíquotas de imposto de renda dos anos setenta, quando os bem remunerados pagavam mais que os ricos de hoje. Os índices dos anos setenta seriam hoje muito bem vindos, por mais justos e solidários, mas isso jamais acontecerá, afinal os ricos tem seus lobbies; poderosíssimos.

No mais, sobrou no dia de ontem os partidos oposicionistas aprovando suas teses em maioria, para encalacrar o governo. Se a Presidenta Dilma tem tantos aliados assim, quem precisa de inimigos?

Quanto à saúde; ó!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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