“DEAD WRONG”

Ainda não publicado no Brasil, adquiri em New York o livro de Richard Belzer e David Wayne, “DEAD WRONG”, cuja tradução empaca entre morte, morto, mortal engano, erro mortal, morto errado, morto por erro, podendo até enveredar pelo rapper dureza, ‘hardcore’, de mesmo título; “Dead Wrong”, de Notorious B. I. G., artista que deixou muitos fãs e seguidores.

No livro “DEAD WRONG”, Belzer e Wayne tratam de mortes acontecidas nos Estados Unidos, cuja apuração ensejou desfechos impossíveis, mas que permanecem duvidosos em sua elucidação.

Casos que bem se inseririam na história de nosso país, sobretudo diante de tantas versões inverossímeis por contraditórias e conflitantes a restarem mais difusas por inconclusas, como agora, no desfecho recente do júri alagoano que apreciou as mortes de Paulo Cesar Cavalcante Farias, o notório PC, e sua namorada Suzana Marcolino.

Como dito, o título do livro converge também para a composição ‘hardcore, horrorcore’: “Dead Wrong”, de Notorious B. I. G.; quando ali se martela em batida ritmada sobre a “morte na hora e locais errados, com o fraco sob o forte no comando da situação”.

É, porém, sobre o livro, e não sobre os versos de Notorious B. I. G, que pretendo falar.

Marilyn Monroe em três momentos: Sorrindo para a vida e descansando para sempre. Ela que fora tão querida e desejada, por flertar com o perigo, muitos cidadãos destacados a quiseram "suicidada", em circunstâncias até hoje duvidosas

O livro “DEAD WRONG” levanta questionamentos notáveis sobre laudos de perícias em mortes acontecidas, como o “suicídio” de Marilyn Monroe, uma atriz belíssima que se tornou perigosa; os assassinatos conspiratórios do Presidente John Kennedy, de seu irmão Robert Kennedy, do Pastor Luther King, e de outros menos conhecidos como: Frank Olson, o Chefe de Operações Especiais (Top-Secret Operations Research) da CIA; Henry Masrshal, Inspetor do Departamento de Agricultura; George Krutilek, um contador renomado; Fred Hampton, então membro do malignado “Black Panther Party”; Vincent Foster, Conselheiro da Casa Branca; e David Kelly, o cientista inglês, responsável pelo controverso laudo sobre as armas de destruição em massa no Iraque, e tantos outros neste mundão de Deus.

Mortes cujos laudos estão a merecer um melhor estudo.

Do agente da CIA, Frank Olson, por exemplo, sabe-se que foi submetido a uma dose letal de LSD, ele que nunca fora um usuário de drogas, mas um especialista na sua utilidade enquanto “busca da verdade” na obtenção de confissões à força, mas que em crise existencial, “se jogou”, em novembro de 1953, da janela do 15º andar de um hotel em New York, quebrando a vidraça sem se ferir, e sem despertar a curiosidade de seu colega de quarto, que ali estava para a sua segurança e incolumidade física, num “suicídio”, cujas aspas encerram valia.

Laudos inconsistentes como o do caso de Henry Masrshal, Inspetor do Departamento de Agricultura, que conseguiu “se suicidar”, em junho de 1961, com cinco tiros de rifle, armando, se apontando e atirando cinco vezes sucessivas, e cujo corpo foi incinerado sem autópsia nem foto, inspetor que iria testemunhar contra Lyndon Johnson, então Senador do Texas, depois Vice-Presidente, e 36º Presidente dos Estados unidos, sucedendo Kennedy, acusando-o no escândalo de financiamento Billie Sol Estes, tenebrosa denúncia em que Johnson restara incólume e beneficiário.

Perícias malfeitas também em George Krutilek, o contador “suicidado” em 1962, quando iria testemunhar também no processo anterior, mas se “envenenou”, por inalação de monóxido de carbono, sem ninguém explicar a grande paulada recebida na têmpora, suficiente para deixá-lo inconsciente.

Que dizer também do assassinato de Fred Hampton, por violenta troca de tiros em resistência à prisão numa acusação de assalto, deste então membro do malignado “Black Panther Party” (Movimento Pantera Negra), morto com dezenas de tiros no próprio leito, mas exibindo uma dose letal de Seconal no sangue, a evidenciar que foi primeiro dopado e imobilizado, e depois fuzilado sem resistência?

Morte errada por suicídio, agora em 1993, do Conselheiro da Casa Branca Vincent Foster, que se atirou com um revolver calibre 38, na própria boca, sem exibir orifício de saída da bala.

Casos a suscitar polêmicas como o de David Kelly, o cientista inglês, responsável pelo controverso laudo sobre as armas de destruição em massa no Iraque.

Perícias sempre silenciando figuras que sabiam demais, como Marilyn Monroe, estrela que mexera com muitos fogos e ciscara muitas brasas, e cuja morte ensejara a forja de um suicídio mal contado, por ingestão de overdose de soníferos, mas cujo estômago e intestino próximo nada exibiram rastro algum, nem de comida, mas que apresentava na corrente sanguínea e no reto, uma dose brutal de Nembutal e Hidróxido Cloral, suficiente até para matar um elefante.

E outros extermínios mundo afora, a ensejar o noticiário capcioso, ou o delito quase perfeito, por nebuloso, inclusive a suspeição do envenenamento do Presidente João Goulart, que agora está retirado do túmulo, para refazer a sua história.

Tema também descrito por Jacob Gorender, historiador e militante comunista recentemente falecido, que conta em seu livro “COMBATE NAS TREVAS, A Esquerda Brasileira: Das Ilusões Perdidas à Luta Armada”, por exemplo, do “suicídio” do militante Olavo Hansen nas dependências do DEOPS, quando este prisioneiro depois de torturado, entrou em coma e as “autoridades atribuíram a sua causa mortis ao suicídio por meio de injeção intravenosa do inseticida Paration…” Sem explicar “como um preso do DEOPS teria oportunidade de adquirir o inseticida, seringa e agulha de injeção”.

Assim, há laudos e laudos. No caso infausto de PC Farias e Suzana Marcolino, as conclusões brigaram, sobretudo quanto a real altura da infeliz Suzana em diferença de dez centímetros, ou quase isso, só para dizer que há réguas e trenas, para todas as convenientes medidas.

Enfim, há sempre um laudo e um conselho sinistro para justificar até o injustificável.

Para concluir, o noticiário fala da fuga do ex-técnico da CIA Edward Snowden, acusado de espionagem, cujo paradeiro é uma incógnita, tema de grande preocupação da nação americana que o caça mundo afora, para silenciá-lo por saber demais.

E ademais, que não será surpresa se Snowden reaparecer “suicidado”, como espião arrependido em mais um caso a ser inserido nos escaninhos de “DEAD WRONG”.

Ou seja: Um laudo sempre pode justificar o crime considerado providencial, e neste particular se a lei não o aprova, tem sido possível contorná-la, com justificativas muito amplas em conivências maiores, sobretudo nos atuais tempos de convenientes ameaças de terrorismo.

Terrorismos à parte, vale a leitura de “DEAD WRONG”, com as mortes mal apuradas e suas perícias inconsistentes, momento em que atualiza o desencanto atribuído a Napoleão Bonaparte, um homem que fez muita história, mas que temia sobremodo a pena dos historiadores; e que os autores Belzer e Wayne, acharam por bem por em destaque de epígrafe: “História é a versão dos eventos passados sobre os quais as pessoas decidiram concordar”.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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