Toda ideia é inútil quando
colocada a serviço do nada.
Numa conversa que tivemos, eu e a presidente da Academia Arapiraquense de Letras Professora Carla Emanuela, sobre o ato de pensar e registrar, assuntos sobre os quais eu e ela muito nos identificamos e, também nos preocupamos. Então durante aquela Live ela verbalizou uma frase que tenho usado com certa constância nas minhas manifestações. Ela disse:
Penso, Logo Registro.
Realmente, se tem uma coisa que o ser humano pouco valoriza é o registro de suas ações. Já pensou? Já pensou se existissem assentamentos das realizações humanas desde tempos imemoriais até hoje? Seria muito mais fácil tornar conhecida a nossa verdadeira história e, com isso evitar repeti-la.
Com certeza estaríamos muito mais evoluídos. Destruir a história por falta de informação, erros e, narrativas leva-nos a todos pagarmos muito caro pois quando involuímos repetimos mais erros do que acertos do passado. Há quem afirme que, somente a destruição dos livros, registros e informações que foram consumidos nos incêndios ocorridos numa única biblioteca, a de Alexandria, representa, hoje para nós, mais de mil anos de atraso no desenvolvimento do mundo.
Noutra oportunidade, lendo o livro: Cartas a um Jovem Escritor, do peruano Mário Vargas Llosa, prêmio Nobel de literatura de 2010, encontrei, na capa, uma expressão que aliada ao Penso, logo registro, representam uma realidade que deve ser refletida, está escrito:
Toda Vida Merece um Livro.
Diria eu, então, buscando ampliar as ideias dos mestres, arapiraquense, no Brasil e Arequipeño no Peru, que tudo deveria ter um registro, pois a cada minuto estamos fazendo história, que, queiramos ou não, vai influenciar a quem virá nos suceder.
Bem e, aí, o que tem a ver uma coisa com outra? A completude ideal das duas ricas colocações é a de que registrar é preciso, mas, guardar também é necessário. E não há nada seguro para sistematizar, guardar e socializar estes registros do que o livro. O livro além de tudo isso opera o milagre da interligação entre o espaço, o tempo e a história, contando as trajetórias e as ações dos homens na terra desde quando escrevíamos nos fundos das cavernas, tabletes de argila, papiro, pergaminho e o atual papel, que ora já divide com as telinhas a sua primazia e, quem sabe, muito em breve será substituído por ela. Não há como parar o desenvolvimento! No momento, ainda convivem bem o livro brochura e o livro digital, por quanto tempo esta coexistência? Não sabemos. Contudo, considerando que as crianças já se educam, desde muito cedo, com a telinha, a migração total acontecerá já na próxima geração, imagina-se.
Creio que a busca do educador moderno deve ser a de levar o aluno/estudante primeiro a pensar, mas também a ler mais, estudar mais e registrar. Acreditamos que nada vai adiantar se não tivermos esta consciência. Está nas nossas mãos construir um mundo melhor, precisamos também, de mais tempo. Pensar que quatro horas por dia, cinco dias por semana é suficiente para preparar uma pessoa é querer enganar a si mesmo e se conformar com resultados não satisfatórios. Outros povos já descobriram isso. Lá o tempo de estudo chega ao dobro, no mínimo e, ainda mais, 13 ou 14 horas/dia e, todos os dias da semana. Devemos encarar a ação de estudar como uma profissão que para haver resultado há que haver também, muito empenho, esforço, disciplina, dedicação e boa-vontade… As crianças/jovens ainda não estão cientes disso. Ou seja, eles sabem, eles só não sabem que sabem. Somos nós, pais e educadores, responsáveis por seus futuros que devemos, como disse Graciliano Ramos, outro grande pensador quebrangulense, também das Alagoas: “Precisamos projetar na treva que há na alma do analfabeto o clarão radioso que vem do livro!”