No momento onde todos comemoram o DIA DAS MÃES, uma reflexão sobre um problema grave de saúde pública, que atinge mães, pais e filhos: a sífilis. A sífilis é uma doença sexualmente transmissível muito antiga, mas que continua se disseminando em várias regiões do país e com um dado altamente preocupante: está atingindo um ser que nunca teve relação sexual – a criança ou o recém-nascido.
A sífilis que acomete as crianças é denominada Sífilis Congênita. Resulta da transmissão da bactéria denominada Treponema pallidum da mãe para o feto durante a gravidez, quando a gestante não faz o pré-natal correto, não há o uso da camisinha mesmo estando grávida e quando o parceiro não é submetido ao teste e ao tratamento contra a doença.
A Sífilis Congênita indica que ainda existem falhas na atenção básica, nas unidades básicas de saúde. As situações que estão contribuindo para o aumento dos casos de crianças nascendo com a doença são: início tardio do pré-natal, falta do envolvimento do parceiro da gestante com o pré-natal, não realização do tratamento correto com a penicilina por falta do medicamento ou por falta de atitude dos profissionais de saúde, incluindo médicos e enfermeiros, que ainda têm receio da administração do medicamento na própria unidade de saúde, alegando “risco de choque anafilático”.
Existem também motivos do aumento dos casos de sífilis congênita, não relacionados diretamente com os serviços de saúde: mães que não procuram a unidade de saúde por terem uma vida “itinerante”, mães que usam drogas como álcool, maconha e/ou crack e não fazem o pré-natal correto, parceiros das gestantes que não querem se tratar, mas que continuam mantendo relações sexuais com a gestante já submetida ao tratamento com a penicilina, mas sem usar a camisinha, gestantes que possuem mais de um parceiro sexual e quando o parceiro sexual “desaparece” logo após a confirmação da gravidez de sua companheira.
O sucesso no enfrentamento à sífilis congênita depende do empenho de todos. Das mães fazendo o pré-natal correto, da participação dos parceiros das gestantes no pré-natal, dos profissionais de saúde fazendo seu papel na unidade básica de saúde, dos gestores municipais e estaduais priorizando a tomada de decisões que favoreçam um pré-natal de qualidade. Assim, no futuro, talvez não precise lembrar, em pleno dia das mães, que ainda existe uma doença tão antiga como a sífilis.