O HIV está cada vez mais perto das pessoas. Antigamente, era muito difícil encontrar alguém com alguma história relacionada a Aids.
Hoje está se tornando comum encontrar uma pessoa na rua, no supermercado, no ambiente de trabalho ou mesmo na escola e na roda de amigos, alguém que tenha uma história para contar relativo ao tema “AIDS”.
Seja a história de um parente ou um amigo que vive com o HIV, um colega de trabalho que foi a óbito em consequência do HIV, ou que encontrou uma pessoa que vive em situação de rua e declarou que tem o HIV, ou um pedinte que se declara com o HIV e pede ajuda.
Pode ser uma história de um médico, um odontólogo, um enfermeiro, um advogado, um assistente social, um professor, um padre, um pastor, um político, um artista famoso ou não, que é soropositivo. E a frase é sempre a mesma: “nunca pensei que pudesse acontecer comigo”.
Pode ser uma história de uma pessoa que vivem com o HIV em um povoado daquela cidadezinha do interior e que ninguém imaginava que “a aids pudesse chegar lá”.
Pode ser a história de uma mulher casada que sempre foi fiel ao marido, de um idoso ou idosa sexualmente ativo, de um adolescente gay ou não, de uma pessoa transexual, de uma lésbica, de um heterossexual , de um bissexual, de uma profissional do sexo, que é soropositivo ou se relacionou sem camisinha e está preocupado (a) com o HIV.
O HIV não faz escolhas de pessoas, pelo que elas são, mas faz somente uma escolha: de quem não usa camisinha de forma consistente ou de quem só quer usar gel lubrificante íntimo e rejeita o preservativo. Essa é a principal escolha do HIV.
Divulgar que agora temos outras escolhas para a prevenção ao HIV, além do preservativo, é de grande importância. É importante informar que existe a PEP – Profilaxia Pós Exposição ao HIV, onde, aquelas pessoas que se expuseram a alguma situação de risco de se infectarem pelo HIV, nas ultimas 72 horas, poderão procurar um serviço para fazer o teste e usar os medicamentos por 28 dias e repetir o teste trinta dias após.
É importante informar que já está chegando (alguns lugares já possuem) a PrEP – Profilaxia Pré-exposição Sexual, onde, aquelas pessoas que, frequentemente se expõem em risco de infecção ao HIV, poderão fazer exames e acompanhamentos e tomar, diariamente, um medicamento para reduzir os riscos de se infectarem.
É importante informar também que as pessoas soropositivas que estão em uso regular dos antirretrovirais (medicamentos contra o HIV) poderão ter sua carga viral (quantidade de HIV no sangue) indetectável e, consequentemente, reduzir sensivelmente a possibilidade de infectar a outra pessoa, numa relação sexual sem o preservativo.
Mas é importante também informar à população que usar ou não o preservativo é uma questão de escolha, usar ou não medicamentos para a prevenção ao HIV também é uma questão de escolha, porém, precisamos destacar que se alguém escolhe ter relação sexual sem camisinha, com o gel lubrificante ou não, pode ter sido uma escolha perigosa.
Muitas pessoas fazem escolhas consideradas perigosas. Muitas vezes o diabético escolhe comer doces não diet ou o hipertenso resolve comer carne salgada, a pessoa que já teve um episódio de infarto do miocárdio e continua fumando, mesmo conhecendo os riscos ou até achando que nada ruim vai lhe acontecer. O motociclista escolhe andar sem capacete ou dirigir com o capacete no cotovelo, mesmo sabendo que já perdeu vários colegas em consequência de acidentes no trânsito ou que os hospitais estão lotados de pessoas com fraturas e traumas cranianos. O motorista escolhe dirigir sem o cinto de segurança ou dirigir embriagado, achando que nada de ruim vai lhe acontecer ou não percebendo o risco que corre ou que coloca as outras pessoas em risco.
Por que não dizer às pessoas que, escolher não usar camisinha numa relação sexual pode ser uma escolha perigosa e que elas podem se infectar não só pelo HIV como também pela sífilis, ou pelas hepatites virais ou outras infecções sexualmente transmissíveis?
No Dia Mundial da Saúde, precisamos falar mais das escolhas perigosas que as pessoas fazem no dia a dia.
Almir Santana, médico sanitarista, da Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe.