Num verão embalado pelo adocicado padre Fábio de Melo e a sua massacrante mídia televisiva duas personagens femininas sacudiram o marasmo e me fizeram agradecer a Deus viver em tempos mais amenos. E olha que, nascida no último dos anos dourados, por muito, muito pouco, não fiquei por lá. Falo de Maysa cuja série Quando Fala o Coração roubou a cena e de Leila Diniz, que Cada uma a seu tempo desafiou tabus, apenas e somente, por desejar viver a seu modo e em pé de igualdade com os homens, falar sem rodeios e fazer o que pensavam: -Todos dizem que eu falo demais…Numa época em que às mulheres restavam apenas o papel de esposa subserviente e mãe extremosa. Podíamos ser, no máximo, professorinhas. Maysa, rebelde e intensa que só ela, inaugurou e foi a primeira vítima da era das celebridades escandalosas representando o ocaso de uma era e, só agora é resgatada do limbo pelo filho numa dolorosa e bela viagem ao passado. Já Leila deu mais sorte por viver na libertária Ipanema dos anos 60 e estrear a nova mulher, aquela que não precisa pedir licença nem sofrer para ser feliz. Por isso mesmo foi massacrada pelos que não suportam a livre expressão do ser. Em comum as duas precisaram morrer para serem compreendidas e, só então, celebradas. Contudo o que mais nos choca é assistir, ainda hoje, mulheres que vivem, pensam, criam seus filhos e, o que é pior, filhas como se estivéssemos ainda Depois de tanta história quanto retrocesso!
Redescobrido Sergipe-Foto Agnaldo Libório
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