Meu pai, uma das figuras humanas mais íntegras que conheci na vida, costumava dizer que no Brasil só vai pra cadeia preto, pobre e ladrão de galinha.
Sabia do que estava falando. Era do ramo: advogado e tabelião.
Meu pai morreu em fevereiro desse ano aos 86, mas o Brasil continua o mesmo e nesse quesito, em particular, cada dia pior.
Nos últimos dias três casos confirmaram sua tese, casos que em países com códigos de honra mais rígidos, acabam até em haraquiri!
Cesare Battisti foi solto, mesmo descumprindo acordos internacionais. Pimenta Neves, o todo poderoso Diretor de Redação do Estadão, permaneceu solto dez anos depois de condenado por dar dois tiros pelas costas da ex-namorada, Sandra Gomide, enquanto Strauss Kahn do FMI foi sumariamente encarcerado nos EUA por tentativa de estupro a uma camareira, negra, de hotel!
E o mais grave e emblemático de todos: as exorbitantes e inexplicáveis consultorias Paloccianas foram consideradas lícitas pelo Procurador Geral da República, um ministro, digamos, reincidente…infelismente o mais “confiável” de todos do governo.
Onde já “Civil” a legislação brasileira permitir que um deputado federal em pleno exercício do mandato, super bem remunerado pelo povo brasileiro, seja o representante legal de uma empresa de consultoria ainda mais, quando já era público e notório que seria o principal coordenador de campanha da candidata governista.
Surreal…Para não dizer outra coisa! Mas algo muito estranho sucede na Casa onde é que já “Civil” ou seria pura coincidência os casos de Zé Dirceu, Erenice Guerra e Palocci ?
Porém o mais vergonhoso de tudo, no caso, é o Procurador Geral da República vir a público com um relatório de 27 páginas dizer que não há indícios de irregularidades e arquivar o pedido de investigação.
Poupe-nos excelentíssimo senhor Procurador!
Nossa tolerância tem limites! Nós já engolimos à seco e muito contrariados o mensalão mas o contexto era outro, enamorados que estávamos, no meio tempo do governo Lula, com os avanços sociais…Agora é diferente, a inflação tá aí a nos rondar…
Esses dias senti muitas saudades do Boris Casoy e do seu inigualável: – Isto é uma veeeeergooooooooonha! E dos caras pintadas também…
Meu pai, como disse, morreu com 86 anos e trabalhou desde os 14 anos aos sábados, domingos e feriados e sequer chegou perto de 20 milhões de reais. Há uma lógica (?) muito perversa nisso tudo.
Mas quando li, nas Páginas Amarelas da Revista Veja Nº 2.221, dessa semana, a entrevista do Ministro Joaquim Barbosa do STF:
– “O sistema penal brasileiro pune- e muito… principalmente os negros, os pobres, as minorias em geral…Lembrei do meu pai e dormi satisfeita!
Mas o ministro relator do mensalão deixou uma inquietação no ar!
Rio Sergipe-Foto Ana Libório |