Estrear um filme na Mostra de Cinema de Tiradentes é um desejo de muitos realizadores audiovisuais do Brasil, graças ao respaldo do evento em revelar filmes nacionais e à tradição de abrir o calendário anual do cinema brasileiro. Na 25ª edição do evento, Carolen Meneses e Sidjonathas Araújo representarão Sergipe ao lançar o filme ‘Ímã de Geladeira’ na próxima segunda-feira.
O filme integra a Mostra Praça e ficará disponível durante 24 horas a partir das 19h do dia 24 de janeiro no site oficial do evento, por onde também ocorrerá o bate-papo ao vivo com os diretores nesse mesmo dia, às 21h.
Ficção afro-surrealista
Ímã de Geladeira é um curta-metragem de ficção que transita entre os gêneros cinematográficos terror e fantasia para narrar a vida de um jovem casal preto que vive numa periferia sergipana. Com uma narrativa afro-surrealista, o filme discorre sobre a violentação aos corpos negros e periféricos e sua espetacularização pelos meios de comunicação de massa.
Selecionado entre mais de 900 produções, o curta foi definido pela curadoria da Mostra como “intrigante”, no qual “o estranho comportamento de um eletrodoméstico é o pano de fundo para uma narrativa que experimenta de maneira criativa os códigos do cinema de gênero”.
Co-diretora e roteirista da obra, Carolen Meneses destaca sua relevância para o gênero terror negro nacional, ainda em ascenção. “Os filmes de terror convencional tendem a provocar um consenso sobre o que é aterrorizante como aquilo que ameaça as noções de uma vida racional, mundana e segura. Já os cinemas negros resgatam essa linguagem para debater como os corpos negros são os mais vulnerabilizados pelas sociedades afro-diaspóricas e para reposicioná-los como protagonistas das narrativas”, explica.
Bem representado
Esta não é a primeira vez que o bairro são-cristovense Rosa Elze ambienta um filme, mas em Ímã de Geladeira o território é parte decisiva da construção estética e
narrativa interessada no modus operandi das periferias nordestinas, onde a vida pulsa nas esquinas e vielas através do sol que brilha sobre as peles racializadas, das cores vibrantes das roupas das pessoas e das paredes das casas e da sobreposição de sons entre falas, rádio, músicas e ruído.
“O próprio modo de trabalho e relacionamento dos moradores do Rosa inspirou a construção das personagens do filme. A herança africana presente nas relações comunitárias do bairro, por exemplo, tem tudo a ver com perspectiva afro-surrealista de unir a ancestralidade preta à fabulação crítica sobre o racismo”, detalha o co-diretor Sidjonathas.
Ímã de Geladeira ainda entrega ao cinema nacional uma produção que espelha diversas faces da arte preta sergipana contemporânea, com profissionais negros da equipe técnica à atuação, como os jovens atores e atrizes Margot Oliveira, Ícaro Olavo, Solange Bocão e o mirim Joaquim Gael, que dividem a tela com o ancião e multiartista Severo D’Acelino, um dos pioneiros do cinema negro em Sergipe.
Num estado onde a escassez de recursos para o setor audiovisual é vergonhosa e assustadora, o filme foi possibilitado por incentivos de editais que socorreram o setor cultural do país durante a pandemia de Covid-19.
O projeto foi apoiado pelo Edital de Premiação para Produção e Exibição Cultural proposto pelo Governo do Estado de Sergipe através da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe – FUNCAP/SE, com recursos da Lei Federal 14.017/2020 – Lei Aldir Blanc.
PROGRAME-SE
Filme ‘Ímã de Geladeira’
Direção: Carolen Meneses e Sidjonathas Araújo
Filme Ficção, 19’45”, 2022, São Cristóvão-SE
Classificação indicativa: livre
Na Mostra de Cinema de Tiradentes – Mostra Praça
Exibição entre 24 (a partir de 19h) e 25 de janeiro (até 19h)
Bate-papo com diretores no dia 25 de janeiro às 21h
No site mostratiradentes.com.br
Fonte: Assessoria de Comunicação
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