Olavo de Carvalho

Faleceu essa semana em Richmond, EUA, Olavo de Carvalho, o vibrante agitador de ideias que a tantas mentes influenciou.

Digo vibrante, por brilhante, embora seus críticos tudo fizessem para deslustrá-lo, enquanto formador de cérebros, autodidata professor e filósofo, corajoso açoitador de ignorâncias, que em resposta rasteira, todos fugiam, tentando pregar-lhe na sua viseira ampla e aberta, a pecha de uma reles asneira, essa besteira que mais vale desclassificar o autor, e escarnecê-lo ao pior vitupério ou vilipêndio, quando melhor seria refutar o seu rijo pensar, no livre descortino das ideias.

Matéria do Jornal francês, Le Monde, sobre a morte do Filósofo Olavo de Carvalho.

Nesse contexto, nunca em tempos recentes, o debate restou tão enriquecido com os textos, lives e artigos, e as muitas aulas ministradas no Youtube, nas amplas redes sociais conquistadas pelo “Professor”, Olavo de Carvalho, as aspas sendo destacadas, porque no processo de desconstrução ensejado pela grande imprensa contra o mestre, tudo lhe era traçado como falso.

Tudo precisava vir grafado entre aspas, ou destacado depreciativamente, enquanto “autoproclamado filósofo”, “autonomeado professor”, etc., sendo-lhe conferido como apodo, ser ele, verdadeiramente, só um astrólogo, na acepção toda ausente de credibilidade e ciência.

No mais era um “boquirroto mal-educado”, um “maluco desmancha-prazeres”, por ousar quebrar-tudo no contexto científico vigente, na imprensa e na Universidade, que vem criando pouca ciência, e nenhum reflexão.

De Olavo, o destaque maior, poder-se-á dizer, talvez tenha sido a sua ousadia de despertar os valores da direita conservadora e liberal, frente ao bom mocismo de uma esquerda progressista, desonesta e promíscua, por socialista e estroina, que assumiu o poder no mundo, isso após a queda do muro de Berlim, sobretudo no Brasil, no pós-regime militar.

Nesse sentido, talvez tenha sido de Olavo a única voz ouvida no deserto das ideias, afinal todos por aqui estávamos confortáveis com a Constituição Cidadã, com a sucessão de partidos e agremiações ditos de “esquerda”, todos uníssonos e sem exceção, a fustigar a crudelíssima “ditadura militar”, balidos como carneiros sob bandeiras ternas em suaves tons carmins, variando de PT, PSDB, PSOL, REDE, Partidos Comunistas de todos “modus et rebus”, e tantos quantos desabusados posaram, e  que se gostam quando expostos assim, sem falar dos que bem se beneficiaram do regime dos milicos, e neles tentou inserir a estaca sorrateira, que lhe parecia derradeira, enquanto morcego sanguessuga, mas que não foi.

E se não foi, o que nunca foi, não o será jamais. Como Olavo que se foi, combatendo a boa luta, deixando o seu pensar gigante, nessa terra que pensa pouco e denigre pior ainda.

O mesmo Olavo que doente febril, tentaram prender na cama de um hospital, só pelo crime notável de pensar, e pensar diferente!

Coisa semelhante a Galileu Galilei, perante o Santo Ofício. Só para dizer que o homem é igual, e a sua intolerância também.

Se de Olavo há destaque apenas para os seus comentários, fustigando uns por “estupradores de cabras na adolescência”, e a outros como “confessos pedófilos”, a lhe suscitarem condenações e multas milionárias, prefiro as devolutas consagradas nos seus textos que merecem ser bem lidos e revisitados como : “O Jardim das Aflições”,  “O Mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”, “O Imbecil Juvenil”, e “A longa marcha da vaca para o brejo”, só para falar destes livros que possuo,  li e recomendo.

De Olavo de Carvalho, direi por fim que era um campeador sem temor. Alguém que na arena não se utilizava de carapaças de elmo e viseiras, combatendo de peito aberto, a todos, a quem desafiava, sem freios nem receios.

Quanto aos seus adversários, morrendo de medo, sempre lhe denunciaram um charlatanismo vil, uma insolvência inviril, uma insensatez irresponsável, negando-lhe em verdade, o conflito das ideias, a boa disputa da luva por ele jogada na arena.

Arena da qual saiu de pé, vencendo até a grande imprensa, superando a difamação que tudo ousa anular, mas que nunca o conseguiu sacudir da vertical coerência do seu pensar e agir, e até do seu xingar, por necessário, até o fim

Porque Olavo era notável até na boca suja do que dizia, escrevia e bem lia, com português bem escarrado e esgrimido, para fustigar o imperativo de tantas sombras.

Olavo foi portanto assim: corajoso até o fim, sofrendo perseguições e violências de toda espécie, por sua coragem de permear a verdade.

É quando me vem a lembrança de uma reprimenda anterior, justo de alguém que  lê, pouco, muito pouco!, que me censurou:  – “Ah!, não me diga que você admira o Olavo de Carvalho!”

Pois eu, sem ser um “olavette”, como assim eram cerceados os seu leitores e seguidores, o admirava bastante.

O problema é essa gente do “não li e não gostei”, tão incipiente quanto analfabeta, mas que prolifera como vírus sem vacina, e que temos de resistir com imunidade de rebanho.

Gente que se acredita assaz fértil, exibindo a velha inanição do pensamento, a qual tanto açoitava em bom mangual o filósofo “boca suja” que partiu.

Mas se Olavo se foi, permanecendo íntegro até o fim no seu seguir, causa temor o surgimento desta tolice de “ser de direita”, por modismo, um novo engodo a suscitar espertezas.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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