Maria Luiza Pérola Dantas Barros
Doutoranda em História Comparada (UFRJ/IH/PPGHC)
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)
E-mail: malupedanbar@gmail.com
Nascido em Budapeste, em 22 de outubro de 1913, e falecido no Vietnã, em 25 de maio de 1954, Andre Friedmann, ou simplesmente Robert Capa, entraria para a história como um nome de peso para o fotojornalismo de guerra por suas coberturas fotográficas impactantes, como a feita no desembarque das tropas aliadas na Normandia, o Dia D, em 06 de junho de 1944, no contexto da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Conforme escreve Alex Kershaw, um de seus biógrafos, na obra Sangue e Champanhe: a vida de Robert Capa (2013), naquele momento, o fotógrafo era o profissional titular da Revista Life, visto, por vezes, como uma “estrela que concentrava as atenções”. Ele tinha a opção de integrar-se ao comando de um regimento ou juntar-se às primeiras levas das tropas de assalto, compostas por 175 mil homens. Seria nessa última que ele apostaria suas fichas.
O Dia D, para muitos que foram para a guerra, ficaria marcado como “o dia mais longo”. Aquela era uma operação importante, pois abriria mais uma frente de guerra contra os nazistas. Capa e os colegas eram considerados de suma importância para os aliados vencerem a guerra, em virtude de suas coberturas agirem no imaginário social dos leitores do front interno que teriam acesso ao conflito via meios de comunicação como o rádio, os jornais e revistas ilustradas como a Life.
Sob uma artilharia pesada, com um clima não favorável, os soldados precisaram desembarcar um pouco mais distante do planejado. Soava nos alto-falantes das embarcações advertências como “lutem para chegar com suas tropas em terra (…) e, se ainda lhes restarem forças, lutem para se salvar”.
O autor escreve que, para vencer o terror, a única maneira que Robert Capa encontrou foi tirar fotos e cumprir a sua função o mais rápido possível para sair daquela situação. Seriam longos 90 minutos de registros, até que seus rolos de filmes acabassem. Ao todo, o registro feito pelo fotógrafo contava com quatro rolos de 35 milímetros (que concentraria toda a ação) e alguns de 120 milímetros.
Enviados para a Life, por um deslize de revelação, grande parte da cobertura fora perdida. Apenas 9 fotos (de 79!) restariam com condições para serem impressas. Excluindo as repetições, 6 fotos foram selecionadas e, na edição de 19 de junho de 1944, seriam publicadas na Revista Life, anunciadas como o único registro fotográfico completo das piores horas da invasão.
Para saber mais:
KERSHAW, Alex. Sangue e Champanhe: a vida de Robert Capa. Tradução de Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Record, 2013.