Agora, as emendas

Sergipe está em Brasília. Viajaram para lá o governador, os prefeitos municipais, deputados e senadores. Todos preocupados com as emendas orçamentárias, que só podem ser apresentadas até sexta-feira. É o momento que Sergipe tem que se unir, para apresentar e tentar aprovar o máximo de emendas propostas, porque isso representa recursos da união para o Estado. E quando os interesses de Sergipe estão em jogo, não se pode pensar em divergências e retaliações. Isso prejudica muito as conquistas de um estado pobre, que precisa fazer alguma coisa em benefício de sua gente. As divergências que estão se acentuando entre o prefeito Marcelo Déda (PT) e o senador José Almeida Lima (PDT), não podem atrapalhar a unidade em favor das emendas orçamentárias para Sergipe. Que briguem da forma que bem entenderem. Que se insultem, se caluniem, entrem na política mais rasteira, que atinge principalmente o lado pessoal. Mas, na hora de decidir sobre Sergipe, onde se inclui Aracaju, que deixem do lado de fora todas as adversidades e passem a trabalhar para atrair mais recursos para o Estado. Depois de solucionada essa parte, que retornem aos microfones, se exibam às câmeras e troquem tapas e beijos, já na disputa pela Prefeitura da Capital. O senador José Almeida Lima (PDT) não parece disposto a parar nas denuncias. Vem fazendo um levantamento minucioso sobre a administração municipal. Revela que está encontrando outras irregularidades e vai detoná-las quando tudo estiver documentado em suas mãos. Almeida Lima sentiu que a sua primeira denuncia machucou o prefeito Marcelo Déda e vai continuar fustigando, com o objetivo natural de mostrar que segmentos do PT estão vislumbrados com os cargos e podem cometer desvios de comportamento, movidos pela tentação da caneta. O senador vai atacar uma área vulnerável do município e está começando a juntar provas contundentes, para fazer levantar a poeira de setores da administração municipal. Logo no início das denuncias, o prefeito Marcelo Déda tomou medidas imediatas para demonstrar que a sua administração é séria. Demonstrou austeridade quando determinou a abertura de uma auditoria na área denunciada por Almeida Lima. No final encontrou um equívoco, como Déda classificou, de 66 mil reais. Fruto do erro de contabilidade. Almeida voltou a fustigar e o resultado da auditoria não deu explicações convincentes à sociedade. Marcelo Déda agora está irritado e demonstrou bem isso na entrevista que concedeu à jornalista Rita Oliveira, para a Rede Ilha. Ataca o senador Almeida Lima pesado e até pede que as pessoas fechem os olhos por 30 segundos, comparem as imagens de Marcelo Déda com a de Almeida Lima e façam uma reflexão do comportamento político e moral dos dois. Diz que tem certeza que o leitor saberá distinguir, muito bem, o caráter de um e de outro. Marcelo Déda disse, ainda, que não rouba e nem deixa roubar, frase dita e repetida várias vezes pelo ex-governador Albano Franco, durante os oito anos de Governo. Aproveita e faz alguns desafios ao senador Almeida Lima a mostrar como adquiriu parte do patrimônio que tem hoje. Evidente que esta refrega vai durar até as eleições de outubro de 2004, onde Almeida começa a dar sinais de que pode ser candidato. Esse é o jogo político. Limpo ou sujo é assim que sempre se fez. Entretanto, neste momento, é bom que se deixe esse lado podre da política de lado e se cuide do Estado como um todo. As emendas do orçamento são mais importantes e precisa do entendimento dos dois, mesmo que não se falem. Afinal, Marcelo Déda e Almeida Lima, com todas as suas divergências, são infinitamente menores do que Sergipe. CONVERSA O governador João Alves Filho (PFL) conversou demoradamente, segunda-feira, com o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Pascoal Nabuco. Coincidentemente aconteceu logo após o encontro entre o governador e o seu secretário da Segurança, Luiz Mendonça. ESCOLHA Segundo um influente auxiliar do Governo, a escolha do secretário de Segurança sai de um entendimento entre a cúpula diretiva do Estado. O desembargador Pascoal Nabuco não deve se envolver nisso, mas sempre é ouvido nesse tipo de decisão e dá a sua opinião. JANEIRO O mesmo auxiliar informou que a posição do governador João Alves Filho seria, naturalmente, a de manter o secretário Luiz Mendonça, mesmo que pensasse em pedir-lhe o cargo. Além da pressão da imprensa, que o governador não acata, é quase certo que haverá mudanças no secretariado depois do Carnaval, quando a troca pode ser feita. PRIVATIZA O Governo Federal iniciou a privatização dos bancos oficiais que estavam sob intervenção federal. Ontem publicou editar para privatizar o Banco do Estado do Maranhão. O deputado federal João Fontes (PT) ficou irritado, porque mais uma vez seu partido pratica o que combatia quando era estilingue. PRECEDENTE João Fontes teme que a privatização do Banco do Estado do Maranhão se transforme em precedente para venda de outros bancos oficiais. Embora o Banese se mantenha em situação excelente e o governador João Alves Filho já tenha dito que ele não está à venda, tudo pode acontecer com uma pressão do Planalto. EMENDAS A bancada federal se reúne hoje, às 15 horas, para fechar as 18 emendas de Sergipe. Falta discutir uma única, apresentada pelo senador Valadares e deputado Jackson Barreto. Valadares e Jackson querem contemplar a Codevasf, mas a bancada vai discutir se não seria melhor deixá-la para as associações de prefeitos, que não tiveram nenhuma. FRUSTROU A revoada de prefeitos que posou, ontem, em Brasília para tentar emendas para as três associações de Prefeituras Municipais, não surtiu efeito. Ainda hoje vão discutir uma única emenda para todas as associações. No ano passado aconteceu à mesma coisa e até hoje os prefeitos não receberam nada. ORIENTAÇÃO O prefeito Marcelo Déda (PT) viaja hoje a Brasília, mas ontem orientou o seu pessoal por telefone. Pediu que colocasse emendas para saúde, saneamento e moradia. Déda já foi informado que o Governo Federal vai aplicar a sobra do superávit primário do próximo ano, em saneamento básico e na área social. ELEIÇÕES A razão da preferência do Planalto por saneamento é porque quer ampliá-la para privatizar as empresas que administram essa área. Quanto ao lado social, tem tudo a ver com as eleições do próximo ano. O Planalto quer eleger o máximo de vereadores e prefeitos, para formar a base das eleições estaduais em 2006. CHIQUINHO O subsecretário de Comunicação, Francisco Ferreira (Chiquinho), filiou-se ao PPS e pode disputar uma vaga na Câmara Municipal por pressão de amigos. É que várias lideranças políticas da capital têm conversado com ele, tentando convencê-lo a ser candidato a vereador. Chiquinho está quase cedendo. SOCORRO O prefeito de Nossa Senhora do Socorro, José Franco, disse que não discute política. Mas anuncia que será candidato à reeleição. Diz que alguns políticos estão querendo candidatar-se a prefeito em Socorro e reconhece que “têm pensamento exagerado”. SOMAÇÃO José Franco viaja hoje a Brasília para conversar com a bancada federal sobre emendas do orçamento: “vou procurar todo mundo, inclusive o pessoal da oposição, porque o momento é de somação”. O prefeito de Socorro acha que ninguém pode viver de radicalismo, sempre tentando dividir, mesmo estando em grande dificuldade: “sou de somar em favor da minha cidade”. PAGODINHO O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, não conseguiu uma vaga na agenda do sambista Zeca Pagodinho para inaugurar a orla do bairro Industrial, dia 7. Déda agora tenta contratar Jorge Aragão, que também está com agenda cheia. A inauguração deve ficar para o dia 15 ou 19 de dezembro. Notas CULPADO O coordenador de Delegacia da Capital, delegado Everton Santos, culpou a Secretaria de Justiça e Cidadania pela fuga de dois presos da Terceira Delegacia Metropolitana, ocorrida no domingo à noite. Entretanto, esqueceu de dizer que no momento da fuga só havia um único policial na unidade. A assessoria de comunicação da Justiça informou que os presos não foram aceitos, devido à superlotação das unidades e que a Terceira Delegacia Metropolitana é considerada cadeia. “Portanto, deveria cuidar dos seus internos”. EMENDAS Os prefeitos de municípios sergipanos, tendo à frente André Moura, de Pirambu, estão em Brasília para solicitar a apresentação de uma emenda para cada associação, diferente do ano anterior, quando aprovaram somente uma emenda que foi rateada entre as três associações, que até hoje não foi paga. André explicou que se a emenda for aprovada, 50% dela serão divididos entre os municípios, seguindo proporcionalmente o número de habitantes. Os outros 50% serão repartidos igualmente entre os municípios. PONTE Segundo informou, ontem, um parlamentar vinculado ao Governo, o governador João Alves Filho (PFL) pode recuar da emenda para construção da ponte que liga Aracaju a Barra dos Coqueiros, porque teme que não seja aprovada, exatamente em razão das prioridades do Governo Federal. De qualquer forma, a construção da ponte é uma realidade, porque o governador pretende usar recursos do BID para a sua construção. Também pode utilizar recursos próprios para complementar os valores da obra. É fogo Os prefeitos de Aracaju desembarcaram, ontem, em Brasília na hora do almoço. Seguiram direto para uma churrascaria. Só ontem à tarde é que os prefeitos tiveram encontro com o coordenador da bancada, José Carlos Machado, e com os demais parlamentares federais. O prefeito José Franco (PPS), disse ontem que precisaria de mais recursos para administrar uma cidade difícil como Nossa Senhora do Socorro. José Franco considera que a estrada da indústria e a ponte sobre o rio do Sal serão o marco de sua administração. O Governo do Estado pediu autorização à Assembléia para contrair empréstimo superior a U$ 147 milhões ao BID e outras instituições financeiras. Depois de muitos anos longe dos bancos escolares, o deputado José Milton Alves dos Santos voltou a estudar. No próximo dia 28, os diretórios municipais do PT do B estarão reunidos na Assembléia Legislativa, para convenção estadual. O deputado federal José Carlos Machado (PFL), como coordenador da bancada, terá muito trabalho para acomodar divergências. A apresentação das emendas individuais termina nesta próxima sexta-feira. Até lá tem que haver acomodação e entendimento. . O ex-prefeito de Lagarto, Jerônimo Reis (PTB), é candidato a vereador em sua cidade. Provavelmente será o presidente da Câmara. Na realidade, Jerônimo Reis vai apenas cumprir parte do mandato, porque deve disputar as eleições estaduais em 2004. O governador João Alves Filho deve fazer mudanças no secretariado depois do carnaval. Independente dos problemas na Segurança. Eduardo Ribeiro está com uma campanha bem estruturada, na disputa pela Presidência da Ordem dos Advogados do Brasil. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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