Estratégias pedagógicas garantem recomposição do aprendizado na rede municipal de Aracaju
Durante os meses mais críticos da pandemia da covid-19, as aulas da rede municipal de ensino de Aracaju tiveram continuidade de forma remota. Mesmo com todas as estratégias adotadas pela administração municipal, como a capacitação dos professores, investimento em aparelhos digitais e convênios com emissoras de TV e rádio para transmitir conteúdos educacionais, foi identificado um déficit de aprendizagem dos alunos, em especial aqueles em fase de alfabetização.
O secretário da Educação de Aracaju, Ricardo Abreu, relembra que a partir da identificação dessa demanda, houve a movimentação, por parte da própria Secretaria Municipal da Educação (Semed) e dos pais dos alunos, para que fosse realizada a recomposição da aprendizagem.
“Ao receber esse eco da sociedade e do nosso corpo docente, nos deparamos com um desafio: como fazer a recomposição da aprendizagem dos nossos estudantes? Durante os meses que antecederam o retorno das aulas presenciais, a Semed realizou estudos, análises e reuniões, para verificar quais seriam as melhores estratégias para superar as lacunas do aprendizado”, relembra Ricardo.
O secretário destaca que os impactos da pandemia não se restringiram à questão do aprendizado, mas afetou os estudantes e professores de forma direta. “Quando falamos em recomposição da aprendizagem, não estamos limitando à questão do currículo. Nossos alunos voltaram às aulas com dificuldades de convivência. Então tivemos que atuar para recompor nossa educação em todos os âmbitos”, salienta.
Estratégias coordenadas
A partir desse diagnóstico, as equipes técnicas e pedagógicas da Semed desenvolveram estratégias articuladas que foram colocadas em prática no início do primeiro semestre letivo, e já apresentam resultados bastante satisfatórios em todos os níveis da educação municipal.
Para mensurar o impacto da pandemia no aprendizado dos alunos e poder traçar estratégias para superar o déficit, a Educação municipal desenvolveu a metodologia de provas diagnósticas, que aplica avaliações de entrada, de percurso e de saída. “Com isso, pudemos saber qual o estágio inicial, observar o avanço, que nos possibilita fazer mudanças no percurso e, no futuro, poderemos fazer a avaliação final para analisar todo o processo”, detalha o secretário.
A partir do resultado das provas, foi identificado que o principal déficit dos estudantes estava relacionado à fluência de leitura e letramento matemático. Por isso, em parceria com a Associação Bem Comum e o Instituto Lemann, a Prefeitura desenvolveu o programa EducAju, que oferece material pedagógico complementar para todo o Ensino Fundamental, com cadernos de Língua Portuguesa, Matemática e Fluência Leitora, além de um caderno extra, direcionado aos estudantes que apresentam dificuldades específicas.
A cada 45 dias, os estudantes municipais fazem provas de fluência leitora, oferecendo um diagnóstico da evolução dos estudantes a partir de uma escala, que possibilita guiar as ações dos meses seguintes.
No bairro Mosqueiro, todos os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) José Carlos Teixeira usam diariamente os cadernos de Língua Portuguesa e Matemática. De acordo com a coordenadora pedagógica da unidade, Patrícia Teles, o rendimento dos estudantes tem melhorado desde a chegada do Educaju.
“Os professores usam o material diariamente e nossas crianças estão avançando, estamos vendo os resultados. Estou sempre acompanhando os professores, verificando como os alunos estão progredindo e as notícias sempre são ótimas. Inclusive, na fluência em leitura, que até os que ainda não sabiam ler, já estão dando os primeiros passos. Acredito que até o final do ano, conseguiremos resultados excelentes”, aponta Patrícia.
Victoria Alves Araújo, a mãe da aluna Layla Sofia Alves de Jesus Santos, do 2º ano da Escola Municipal Anísio Teixeira (Emef), localizada no bairro Atalaia, conta que uma das principais dificuldades da filha estava relacionada à leitura. No entanto, com o EducAju, Victoria já nota que a fluência da criança melhorou de maneira significativa.
“Ela está lendo agora coisas que eu nem sabia que ela sabia ler. É um material de excelente qualidade, tem uma leitura de fácil entendimento para eles que são crianças e estão no início, e eu achei um livro muito completo. Um dos livros é só para leitura e tem sido maravilhoso para a minha filha, e acredito que para as outras crianças também, porque são palavras fáceis, que ela consegue juntar com facilidade, sem ninguém ajudar”, revela a mãe.
Ainda como estratégia pedagógica, a Prefeitura tem garantido a formação continuada dos professores, para atender às demandas identificadas nas avaliações e para utilizar os novos materiais pedagógicos. Além disso, a Semed aproveitou o período de férias escolares para colocar em prática o programa de reforço para aqueles alunos que apresentaram dificuldades específicas.
“Identificamos um conjunto de 2.124 estudantes que ainda não conseguia ler. Esses estudantes foram selecionados para participar do reforço que aconteceu entre os dias 1° e 12 de agosto. Esse reforço visa o desenvolvimento de habilidades leitoras, para que, no segundo semestre, retornem para a sala de aula com uma menor lacuna de aprendizagem da alfabetização”, explica Ricardo.
Avanços reais
As ações articuladas que estão sendo desenvolvidas pela Semed, baseada em um tripé estratégico que leva em conta o diagnóstico, a formação e a oferta de materiais estruturados, já estão apresentando resultados. Estudantes que não conseguiam ler já estão alfabetizados e aqueles que demonstravam dificuldade de leitura e letramento matemático apresentam avanços significativos.
Todo esse processo é acompanhado através de estudos quantitativos e qualitativos, que permitem avaliar a evolução da aprendizagem dos estudantes. Os avanços das estratégias continuarão ao longo do segundo semestre, em um trabalho contínuo para alcançar a meta da Semed de recompor o déficit de aprendizado até o final deste ano letivo.
“O caminho está sendo trilhado com muito cuidado, com muito carinho, com muita responsabilidade. Temos a mais absoluta convicção de que no mês de dezembro apresentaremos os dados da evolução da aprendizagem dos nossos estudantes durante 2022, isso mostrará como, após um ano de muito planejamento e trabalho, conseguimos reduzir o déficit provocado pela pandemia”, antecipa o secretário.