Alcoolismo: uma doença previsivelmente controlável

A palavra poder é mal entendida.

Geralmente está associada ao contexto de exercer controle sobre o outro.

No entanto poder é a capacidade de manter-se livre de influência, de dependência e de escravidão.

Poder significa fazer a escolha certa – agir como um mestre de si mesmo. Brahma Kumaris.

O alcoolismo é geralmente definido como o consumo consistente e excessivo e/ou preocupação com bebidas alcoólicas ao ponto que este comportamento interfira com a vida pessoal, familiar, social ou profissional da pessoa, por isso ele pode potencialmente resultar em condições (doenças) psicológicas e fisiológicas, assim como, por fim, na morte, o que torna-o um dos problemas mundiais de uso de drogas que mais traz custos, com exceção do tabagismo, o que sabemos é que o alcoolismo é mais custoso para os países do que todos os problemas de consumo de droga combinados.

Normalmente os alcoólicos têm dificuldades em cumprir os seus deveres profissionais, além disso o álcool provoca acidentes de visão, diminuindo o campo de visão da pessoa.

Apesar do abuso do álcool ser um pré-requisito para o que é definido como alcoolismo, o seu mecanismo biológico ainda é incerto, ou seja para a maioria das pessoas, o consumo de álcool gera pouco ou nenhum risco de se tornar um vício, é bom considerar que outros fatores podem contribuir para que o uso de álcool se transforme em alcoolismo, como por exemplo o ambiente social em que a pessoa vive, a saúde emocional e psíquica, e a predisposição genética.

O tratamento do alcoolismo é complexo e depende do estado do paciente e de seu engajamento no processo de cura.

Generalidades

Muitos termos são aplicados para se referir a uma pessoa alcoólica e ao alcoolismo, porém existe muita controvérsia a esse respeito no entanto é consenso que:

O alcoolismo pode levar a morte, é uma doença, um transtorno psicológico sério, que precisa de tratamento multiprofissional, portanto o alcoólico pode apresentar prejuízos relacionados com o uso de álcool em todas as áreas da vida (Prejuízos físicos, mentais, morais, profissionais, sociais, entre outros).

O alcoólico perde a capacidade de controlar uma quantidade de bebida que ingere, uma vez que vence uma ingestão, ou seja o abuso, uso pesado, vício e dependência são todos rótulos comuns usados para descrever os hábitos de consumo, mas o real significado dessas palavras muito podem variar, dependendo do contexto em que são usadas, interessante é que mesmo dentro da área de saúde especializada, uma definição pode variar entre as áreas de especialização, e muitas vezes a política e a religião ainda confundem o problema e agravam uma ambiguidade.

Uso refere-se ao simples uso de uma substância, ou seja uma pessoa que bebe qualquer bebida alcoólica está usando álcool.

Desvio, problemas com uso e uso pesado são termos que sugerem que o consumo de álcool tem causado problemas psicológicos, físicos, sociais, ou seja, danos ao bebedor, além do que os danos sociais e morais são altamente subjetivos e, portanto, diferem de indivíduo para indivíduo, o que dificulta a identificação desses usuários.

A expressão abuso tem uma variedade de significados possíveis, por exemplo no campo da saúde mental, o uso do DSM-IV por psicólogos e psiquiatras traz uma definição específica, que envolvem um conjunto de circunstâncias da vida que acontecem por causa do uso da substância, enquanto que na política, o abuso é freqüentemente usado para se referir ao uso ilegal de qualquer substância, o que se sabe é que dentro do vasto campo da medicina, o abuso, por vezes, refere-se ao uso de medicamentos prescritos em excesso da dose prescrita ou a utilização de um medicamento de prescrição médica sem receita, já dentro da religião, o abuso pode se referir um qualquer uso de uma Substância mal Considerada, por isso o termo é muitas vezes evitado, pois pode causar confusão devido ao público que não necessariamente compartilham uma única definição.

Dependência também tem várias definições, mas não é tão comumente usado como o abuso fora do campo da saúde, a medicina física considera uma dependência, uma adaptação física do corpo para uma presença persistente de álcool, já os psicólogos consideram como sendo uma dependência, ou seja a dependência mental de uma pessoa em cima de algo para manter seu status quo, por isso esses dois são ocasionalmente diferenciadas como uma dependência física e psicológica, os psiquiatras analisam que  dependência do álcool é o termo que se refere ao alcoolismo, e por causa disso o diagnóstico de dependência de álcool necessariamente não indica uma presença de dependência física.

A definição precisa de vício é debatido, mas em geral se refere a qualquer condição que faz com que uma pessoa continuar a demonstrar comportamentos nocivos pai própria, e em relação ao alcoolismo, que o comportamento ja o consumo de bebidas alcoólicas, é extremamente importante ressaltar que algumas Condições que contribuem para o alcoolismo podem incluir uma dependência física, condicionamento neuroquímica, e a percepção de uma pessoa que existam benefícios do álcool na  na esfera psicológica ou social.

Remissão é muitas vezes usado para se referir a, um estado onde o individuo não mais que apresenta sintomas de alcoolismo, muitos psiquiatras consideram que a remissão  seria  uma condição em que os sintomas físicos e mentais do alcoolismo não estão mais evidentes, independentemente de haver ou não uma pessoa ainda passivel de voltar a beber, enquanto que outros especialistas usam o termo recuperação para descrever aqueles que cessaram completamente o consumo de álcool.

Efeitos do alcoolismo no individuo

O consumo excessivo de álcool leva a uma degradação do etanol em etanal pelo fígado, fato que consome alguns subprodutos organicos que oxigenam o organismo, levando portanto ao aumento do metabolismo anaeróbico ( sem oxigênio ) das células, o que irá produzir mais ácido lático no organismo,consequentemente ao excesso de ácido lático teremos no organismo uma competição com a excreção de urato contribuindo para o aumento de ácido úrico no sangue, que irá se depositar nas articulações ocasionando uma doença conhecida como gota.

O conjunto de efeitos fisiológicos sentidos após excessivo consumo de álcool é conhecido como veisalgia, popularmente chamada de “ressaca“.

Alcool no sangue

Alcool no sangue (gramas/litro)

Estados

Sintomas

0,1 a 0,3 Sobriedade Nenhuma influência aparente
0,3 a 0,9 Euforia Perda de eficiência, diminuição da atenção, julgamento e controle
0,9 a 1,8 Excitação Instabilidade das emoções, descoordenação muscular. Menor inibição. Perda do julgamento crítico
1,8 a 2,7 Confusão Vertigens, desequilíbrio, dificuldade na fala e distúrbios da sensação.
2,7 a 4,0 Estupor Apatia e inércia geral. Vômitos, incontinência urinária e fezes.
4,0 a 5,0 Coma Inconsciência, anestesia. Morte
Acima de 5,0 Morte Parada respiratória

Observações: Em média 45 gramas de etanol (120 ml de aguardente), com estômago vazio, fazem o sangue ter concentração de 0,6 a 1,0 grama por litro; após refeição a concentração é de 0,3 a 0,5 grama por litro, no entanto se temos um conteúdo igual de etanol, sob a forma de cerveja (1,2 litros), resulta 0,4 a 0,5 gramas de etanol por litro de sangue, com estômago vazio e 0,2 a 0,3 gramas por litro, após uma refeição mista.

Prevalência

Corresponde a média de litros de álcool consumidos por pessoa a cada ano no mundo, observamos que culturalmente na Europa o consumo é muito maior, enquanto nos países muçulmanos é bastante inferior aessa média..

No Brasil os índices variam muito entre as diversas regiões, mas os estudos indicam que a média nacional está em torno de 3 a 6% da população, sendo cerca de 5 vezes mais comum em homens, no entanto se constatou que tanto em Salvador quanto em Ribeirão Preto a média foi de 6,2%, sendo de 11% entre os homens e de 1,5% entre as mulheres, além disso foi detectado que a proporção de indivíduos maiores de 13 anos que consumem álcool no Brasil está em torno de 52%, o que é bastante inferior ao relatado em diversos países: 90% nos EUA, 87% na Austrália, 83% no Canadá e 75% no Equador.

O índice brasileiro é semelhante ao índice da Colômbia e México (51%), sendo portanto o nosso indice de alcoolismo muito menor que a média americana (10-12%) e européia (5 a 20%), observou-se também que a maior proporção de consumidores de álcool e de alcoolistas é entre homens de 30 e 49 anos.

Associação com cigarro

Entre alcoolistas, 67% também são fumantes, normalmente Eles tendem a iniciar-se no consumo tabágico mais cedo, fumam durante mais tempo, fumam um maior número de cigarros por mês e apresentam fluxo expiratório mais baixo do que os abstêmios.

Tratamentos

Os tratamentos para o alcoolismo são bastante variados porque existem múltiplas perspectivas para essa condição, por exemplo os individuos que possuem um alcoolismo que se aproxima de uma condição médica ou doença, são recomendados a se tratar de modo diferentes dos que se aproximam desta condição como uma escolha social.

A maioria dos tratamentos busca ajudar as pessoas a diminuir o consumo de álcool, seguido por um treinamento de vida ou suporte social de modo que ajude a pessoa a resistir ao retorno do uso de álcool, pois como o alcoolismo envolve múltiplos fatores que incentivam a pessoa a continuar a beber, todos estes fatores devem ser suprimidos para que se previnam com sucesso os casos de recaídas. Um exemplo para este tipo de tratamento é a desintoxicação seguida por uma combinação de terapia de suporte, atendimento em grupos de auto-ajuda, etc, no entanto a maioria dos tratamentos geralmente preferem uma abstinência de tolerância zero, enquanto que outros fazem uma abordagem com uma redução de consumo progressiva.

A efetividade dos tratamentos para o alcoolismo varia amplamente, ou seja, quando se tiver que considerar a eficácia das opções de tratamento, deve-se avaliar a taxa de sucesso das pessoas que entraram no programa, não somente aqueles que o completaram. Como o término do programa é a qualificação para o sucesso, o sucesso entre as pessoas que completam um programa é geralmente perto de 100%, mas também é muito importante se considerar não somente a taxa daqueles que atingiram os objetivos do tratamento, mas também a taxa daqueles que tiveram recaídas,, além disso devemos considerar esses resultados também devem ser comparados com a taxa aproximada de 5% de pessoas que abandonam os programas por conta própria.

A desintoxicação trata os efeitos físicos do uso prolongado do álcool, mas na verdade não trata o alcoolismo, por isso após completar a desintoxicação , as recaídas são propensas de ocorrer se não houver um tratamento subsequente, por que é muito importante informar que a desintoxicação pode ou não ser necessária dependendo da idade, estado de saúde e histórico de ingestão de álcool da pessoa. Por exemplo, um homem jovem que quando consome álcool o faz em quantidades excessivas em um curto período de tempo, e busca tratamento uma semana após seu último uso de álcool, pode não precisar de desintoxicação antes de iniciar o tratamento para o alcoolismo.

Terapia em grupo e psicoterapia

Após a desintoxicação, diversas formas de terapia em grupo ou psicoterapia podem ser usadas para lidar com os aspectos psicológicos subconscientes que são relacionados à doença do alcoolismo, assim como proporcionar a aquisição de habilidades de prevenção às recaídas.

O aconselhamento em grupo através de ajuda mútua é um dos meios mais comuns de ajudar os alcoólicos a manter a sobriedades., em decorrência disso muitas organizações já foram formadas para proporcionar esse serviço, como os Alcoólicos Anónimos.

Racionamento e moderação

Os programas de racionamento e moderação do uso do álcool não forçam uma abstinência completa, mas infelizmente sabemos que a grande maioria dos alcoólicos são incapazes de limitar o seu consumo através destes programas,porém em contrapartida alguns passam a beber moderadamente, e com muita ceteza um grande numero de pessoas se recuperam do alcoolismo, inclusive em um estudo realizado em 2013 na Europa mostrou que 19,6% das pessoas que tinham sido diagnosticadas como dependentes do álcool a mais de um ano (anteriormente à pesquisa) retornaram ao consumo de baixo risco de álcool.

Medicamentos

Embora não sejam necessários para o tratamento do alcoolismo, diversas medicações podem ser prescritas como parte do tratamento, sendo que algumas podem facilitar a transição para a sobriedade, enquanto outras podem causar dificuldades físicas quando do uso do álcool, porém em sua grande maioria, o efeito desejado é fazer com que o alcoólatra se abstenha da bebida.

dissulfiram previne a eliminação de acetaldeído, um composto químico que o corpo produz quando quebra o etanol, e essa substância que ocasiona os diversos sintomas da “ressaca” após o uso do álcool, essem medicamento ocasiona um grande desconforto quando o álcool é ingerido: uma “ressaca” desconfortável extremamente rápida e de longa duração, o que geralmente desencoraja o alcoolista a beber quantidades significativas de álcool enquanto ele está tomando o medicamento, é muito bom frisar que o consumo excessivo de álcool associado com o dissulfiram pode causar doenças severas e até a morte.

naltrexona é um antagonista competitivo para os receptores opióides, bloqueando efetivamente a habilidade do corpo em usar as endorfinas e opiáceos, além disso esse medicamento parece também agir na ação da neurotransmissão do glutama e geralmente é usada em duas formas muito diferentes para o tratamento, inicialmente podemos usá-la no sentido de diminuir os desejos pelo álcool e encorajar a abstinência, de outra forma , é a chamada extinção farmacológica, combina a naltrexona com o hábito normal de ingestão de álcool de forma que seja revertido o condicionamento das endorfinas que causam o vício ao álcool. Essa medicação existe de duas distintas formas: a oral que é uma pílula que deve ser tomada diariamente para ser eficiente, e na forma injetável, que é administrada por via intramuscular, nas nádegas uma vez ao mês.

Acredita-se que o Acamprosato (também conhecido como Campral) estabiliza o equilíbrio químico do cérebro, que outrora fora quebrado pelo alcoolismo, os Psiquiatras usam esse medicamento com a justificativa de que apesar do seu mecanismo de ação não seja perfeitamente compreendido, acredita-se que Ele atue nas vias químicas do cérebro relacionadas ao abuso do etanol, mostrando-se efetivo em manter a abstinência por um curto período de tempo., apesar de sua real efetividade isoladamente, muitas vezes é comum associar-se com outros medicamentos como a naltroxetona com grande sucesso.

Oxibato de sódio é o sal de sódio do ácido gama-hidroxibutírico , geralmente é utilizado para a abstinência aguda do álcool e para a desintoxicação a médio e longo prazo

TRATAMENTO NUTRICIONAL

O  auxilio de um Nutricionista no tratamento desses indivíduos é de suma importância, que certamente devem conduzir o tratamento preventivo das complicações do álcool, incluindo o uso a longo-prazo de multivitaminas além de vitaminas específicas como B12 e folato.

Apesar da terapia nutricional não ser um tratamento propriamente para o alcoolismo, ela trata as dificuldades que podem surgir anos após o uso intenso de álcool, por que sabemos que muitos dependentes de álcool tem a síndrome da resistência à insulina, um distúrbio metabólico no qual a dificuldade do corpo em processar açúcares causa um suprimento desequilibrado na corrente sanguínea, apesar do distúrbio poder ser diminuído com uma dieta hipoglicêmica, ele pode afetar o comportamento e as emoções, efeitos colaterais que frequentemente são observados entre os alcoólatras em tratamento, infelizmente  os aspectos metabólicos desta dependência são frequentemente negligenciados, gerando resultados ruins para os tratamentos.

Um boa e agradável Semana, SE BEBER NÃO DIRIGA e SE DIRIGIR NUNCA BEBA, e finalmente beba com moderação e respeito cidadão.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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