Recanto da Paz, o nome da comunidade situada no bairro Aeroporto, zona Sul de Aracaju, remete a um sossego que até há pouco não fazia parte da realidade local. Nas ruas, acúmulo de lama em período de chuva, e de poeira, durante a estiagem. Sem a infraestrutura adequada, até mesmo a saúde da população ficava comprometida. Esse cenário nada reconfortante, entretanto, está em plena transformação.

A partir de um convênio com o Ministério do Desenvolvimento Regional, a Prefeitura de Aracaju está investindo R$8,5 milhões na execução de projeto inédito no país, que inclui, além da implantação de redes de drenagem e esgotamento sanitário, pavimentação de todas as 25 ruas e a construção de uma praça, a ligação da rede de esgoto e a regularização fundiária de todas as 630 residências da localidade, algumas das quais serão contempladas também com intervenções na estrutura física.

Secretário municipal da Infraestrutura e presidente da Empresa de Obras e Urbanização (Emurb), Sérgio Ferrari explica que a urbanização desta comunidade, que não dispõe de padrão urbanístico, como largura mínima das vias, por exemplo, demandou uma solução complexa. O projeto garante, de maneira inovadora, a permanência da maior parte da população em suas casas – alguns moradores precisaram ser reassentados ou indenizados para viabilizar a execução da obra.

“Faremos uma avenida principal, onde estará o grande eixo do esgoto e a galeria de drenagem e onde, possivelmente, poderá passar ônibus. Se adotássemos a norma urbanística, ruas com aquelas larguras não teriam calçada. Se fizer calçada não passa carro. Então, faremos um calçadão, mas com uma resistência que permita trânsito local. Assim, uma pessoa que tem carro vai poder passar, mas também resolvemos a questão da acessibilidade, porque todo cadeirante poderá passar pelo calçadão e, com isso, criamos um padrão arquitetônico diferente”, detalha Ferrari.

O secretário da Infraestrutura salienta que o projeto “não é só a obra de esgotamento sanitário, de drenagem e calçamento”. Ele explica que, considerando a situação de vulnerabilidade social da maioria das pessoas da comunidade, o investimento contempla a ligação das casas à rede de esgotamento sanitário da rua. “Estamos licitando, agora, esta segunda parte do projeto para garantir a todo mundo um sistema de esgotamento sanitário”, destaca.

Com o ineditismo do projeto, Aracaju amplia sua experiência exitosa em gestão e pública e serve de modelo para outros governos, como ocorre com a Parceria Público-Privada (PPP) da Iluminação Pública. “Fomos um dos últimos municípios que começaram e fomos o primeiro que concluiu o processo de licitação. Todo município que procura iniciar um processo de iluminação pública, na Caixa Exonômica, a instituição financeira indica que procure Aracaju, porque nós conseguimos fazer a PPP da maneira mais rápida e eficiente possível. E essa obra do Recanto da Paz será mais um exemplo”, complementa Ferrari.

Mais dignidade e qualidade de vida

Conforme o presidente da Emurb, normalmente, qualquer obra de estrutura tem como consequência imediata a melhoria do padrão das moradias. E no Recanto da Paz, antes mesmo da conclusão da obra, já é possível testemunhar a expectativa positiva da comunidade.

Moradora do Recanto da Paz há 14 anos, Gildete Vieira lembra as dificuldades enfrentadas pelos moradores durante o período chuvoso. “Eram poças de água, tudo alagado entrando nas casas e perdendo móveis. Quando os carros passavam sem respeito molhavam a casa da gente toda. No verão, era poeira, a casa ficava cheia, as coisinhas que a gente tem, cheias de areia”, relata.

Elias Dias, também morador da comunidade, comemora a urbanização da localidade. “Moro aqui há 13 anos e, finalmente, chegou o momento de ficar feliz com essa infraestrutura. A Prefeitura se sensibilizou para que a gente pudesse viver dignamente. Me sinto feliz e acolhido por esse ato”, confessa.

Uma das mudanças mais esperadas é a construção da praça, que contará com quadra poliesportiva, parque infantil e equipamentos de ginástica, atendendo à demanda de todas as faixas etárias da comunidade e oferecendo mais oportunidades de lazer e convivência para os moradores.

“É só alegria e, como estou feliz, a gente nem sonhava em ter uma praça aqui e, agora, temos tudo. Temos que agradecer à Prefeitura. Antes, a gente andava na lama e, agora, vamos andar com as ruas calçadas. Vai mudar a nossa vida”, diz entusiasmada Rosélia Santos, de 69 anos.

O secretário Sérgio Ferrari salienta que essa obra, além de garantir a devida infraestrutura à comunidade, valorizará os imóveis da região, pois, explica ele, “quando a pessoa mora num local em que não tem calçamento, não tem água, não tem esgoto é difícil investir na sua casa porque, por exemplo, numa rua de terra você pintou a casa, choveu, ela está toda estragada”.

“Quando dá uma condição melhor, o próprio morador passa a investir na casa dele, tornar a casa dele mais bonita e, consequentemente, muitas vezes também gera um pequeno comércio, gera outras fontes de renda. Nesse caso específico, tenho certeza que vai valorizar a localidade”, acredita o gestor.

Fonte: PMA