O médico Thomaz Cruz lança em Aracaju nesta quinta-feira (29/04), a partir das 19 horas, no Espaço Selma Duarte, dois livros de
Thomaz Cruz, em solenidade da Academia Sergipana de Medicina |
sua autoria: Perfis do meu apreço e Agudas e Crônicas. No mesmo dia e cenário, acontece também o lançamento da coleção de CDs de Malu e Banda Mosaico, de Salvador. Uma noite de estrelas. Malu e Thomaz, música e literatura interagindo na mais absoluta harmonia.
Thomaz, descendente de importante família sergipana, talvez uma das mais sobranceiras na história de Sergipe, é filho de Carlos Rodrigues da Cruz, industrial progressista, que presidiu a Fábrica de Tecidos Sergipe Industrial e de Celuta Porto Cruz, pessoa de primorosa formação cultural. Seu avô paterno, o médico baiano Thomaz Rodrigues da Cruz, formado pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1871 com especialização em Paris e Londres, vem atuar em Maruim onde conhece Clara de Faro Rollemberg, irmã do senador Gonçalo Rollemberg, também de ilustre família sergipana. Tem intensa vida política, empresarial e cultural no estado e ao lado do irmão, João Rodrigues da Cruz funda a Fábrica Sergipe Industrial. Curiosamente, torna-se duplamente sogro do renomado cirurgião Augusto Cezar Leite.
Pelo lado materno, Thomaz é neto de Francisco de Souza Porto, importante político sergipano com atuação destacada nas cinco primeiras décadas do século XX. Candidato de consenso para presidir Sergipe, é impedido de assumir o cargo em função da Revolução de 30. Chico Porto, como era conhecido, é pai do médico Lauro Porto, quem agora em 2011 comemora seu centenário de nascimento.
Falar da rica e profunda árvore genealógica de Thomaz Cruz não é escopo desse trabalho. No entanto, urge que os historiadores de Sergipe investiguem mais sobre esse destacado clã.
Pois bem. Thomaz segue para a Bahia com o objetivo de estudar na vetusta Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, hoje bicentenária, a primaz do Brasil. Forma-se em 1964 e faz especialização em endocrinologia nos Estados Unidos. Retornando à “Boa Terra”, se destaca como referência indiscutível na especialidade que abraça, com competência e seriedade. Realiza concursos e alcança a docência, em trajetória notável.
Na bicentenária Faculdade de Medicina da Bahia, Thomaz tem um périplo admirável, começando com a aprovação em primeiro lugar, no vestibular, e recebendo, na diplomação, o Prêmio Manoel Victorino. Ingressa na FAMEB como auxiliar de ensino, depois passa a professor assistente e em seguida a professor adjunto. Chefia o Departamento de Medicina e coordena o Colegiado de Residência Médica da Universidade Federal da Bahia. Apresenta tese para professor assistente abordando o tema Acromegalia e defende posteriormente teses para o doutorado e a livre docência. Carreira meteórica que o leva a presidir a Faculdade de Medicina da Bahia de 1992 a 1996, sendo o primeiro diretor eleito pela comunidade universitária com resultado respeitado pela Congregação. Um feito memorável. Na história da bicentenária faculdade apenas dois sergipanos conseguiram essa façanha. O outro foi João Francisco de Almeida, ainda no século XIX, de 1844 a 1855.
Thomaz preside a Academia de Medicina da Bahia e torna-se um dos padrinhos na fundação da nossa Academia, chegando a participar inclusive da sessão solene para a sua instalação em 9 de dezembro de 1994, na Somese, quando profere entusiasmado discurso. Nas comemorações do decenário da nossa Academia, em 2004, Thomaz regressa com seleta e destacada delegação de acadêmicos da Bahia para prestigiar a festa da co-irmã, e novamente se manifesta em exuberante oração, mostrando todo o seu orgulho e contentamento por tão expressiva data.
Agora, Thomaz retorna a Aracaju trazendo duas de suas publicações: Perfis do meu apreço e Agudas e Crônicas, obras proveitosas, que retratam sua sensibilidade de cronista e memorialista, uma trajetória marcada pelo sacrossanto respeito à família, aos amigos e aos vultos baianos e sergipanos que permearam sua admirável história. Como diz em “Perfis do meu apreço”, uma consistente coletânea de discursos, conferências, artigos e crônicas que compõe suas 730 páginas, “o livro retrata a minha trajetória através de histórias de pessoas e instituições de minha admiração. Na Medicina, como na Vida, é minha evolução, da origem ao exercício profissional e circunstâncias afins, é uma biografia paralela”. Uma leitura obrigatória.