Em 1977, no quinto ano de Medicina, resolvi abraçar a gastroenterologia. Um nome despontava no cenário médico do Estado nessa área:
Wellington Ribeiro(ao centro), em foto de 1977 |
Wellington Sabino Ribeiro Chaves, ou simplesmente Dr. Wellington, muito amigo do meu irmão Marcos, não só ele, as famílias de ambos eram muito próximas. Chegaram a ser vizinhos no Conjunto RIC, projeto ousado e arriscado de Rubens Chaves, arquiteto irmão de Wellington, construído na zona sul de Aracaju, de difícil acesso, ao lado de um enorme prédio em construção, que viria a ser o Supermercado GB da Francisco Porto. A cidade “terminava” quase no Tramandaí. Seguindo pela beira-mar, bem longe, ficava a praia, praticamente uma região de veraneio, a Atalaia.
Não era fácil chegar ali! Uma rua empiçarrada partindo da beira-mar, que terminava praticamente naquele conjunto habitacional, sem outras saídas. Quando chovia então era um horror! Atoleiros gigantescos formavam-se, dificultando o acesso.
Marcos então me apresenta a Wellington para que eu o acompanhasse no Hospital Santa Isabel, onde juntos dividiam um pequeno ambulatório da emergente endoscopia digestiva, algo inovador naquele momento. Pioneiro na videoendoscopia digestiva alta em Sergipe, Wellington Ribeiro importou o primeiro aparelho para a realização de exames para diagnostico e tratamento.
Consegui com a UFS a autorização para realizar com ele o meu estágio opcional do último ano, acompanhando-o nas enfermarias, no ambulatório e no atendimento aos pacientes. Foi um dos períodos mais ricos e intensos da minha vida estudantil, ante a expectativa da formatura que se aproximava e os desafios que se apresentavam.
Aprendi com Dr. Wellington não só a prática clínica moderna, os conceitos médicos vigentes mas, sobretudo, os preceitos éticos e morais que sempre nortearam a sua vida de médico e de cidadão responsável. Convivi intensamente com ele nesses dois anos, promovendo cursos e participando de congressos. O 1º Curso de Atualização em Gastroenterologia, em 1977, foi o meu primeiro desafio como organizador de um evento, sugerido por ele para angariar recursos para a nossa formatura. Dr. Wellington, com o seu prestigio, trazia palestrantes de outros estados para abrilhantar os eventos. Com os colegas da faculdade, fazíamos de tudo para que a coisa acontecesse com o menos custo possível. Até a decoração era criada pela nossa turma e recordo o trabalho para fazer em isopor a silhueta de um “estômago” com colagem de cartazes do evento. Um luxo!
No Congresso de Gastroenterologia, ocorrido em Recife, no mesmo ano, lá estávamos nós ( ele “patrocinava” a nossa participação!), apresentando-nos vultos da gastroenterologia brasileira, a maioria do seu círculo de amizade. Tinha prazer em ensinar, gostava de servir, uma figura humana magnífica. Fará falta!