O governo de Sergipe é, proporcionalmente, o que mais gasta dentre os estados do Nordeste e um dos que mais gastam mesmo em relação a estados ricos, como Minas Gerais e Paraná. A conclusão está em novo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O texto para discussão “Custos de funcionamento das unidades federativas brasileiras e suas implicações sobre a criação de novos estados”, do pesquisador Rogério Boueri, aponta que o governo de Sergipe gasta R$ 1.466 por habitante — gasto público bem acima da média regional (R$ 999), mas empatado com a média nacional (R$ 1.485). O gasto público per capita do Maranhão, por exemplo, é de R$ 619 e, do Piauí, de R$ 861. O Pará, estado importante da região Norte, gasta R$ 817, Minas Gerais, R$ 1.315, e Paraná, R$ 1.320. O estudo também aponta que o Distrito Federal é a unidade federativa com maior gasto por habitante na Federação (R$ 2.937 por habitante). O ano de referência da pesquisa é 2005. Sergipe compromete 21,5% do PIB com o funcionamento da máquina pública, o que faz do estado o 7º mais gastador do Brasil. No Nordeste, somente Alagoas e Piauí comprometem mais os próprios PIBs. O Distrito Federal compromete apenas 8,51% do PIB com as despesas públicas e a maior economia do país, São Paulo, que representa quase 34% do PIB nacional, compromete somente 10,45% do próprio PIB com gastos públicos. O caso extremo é o Acre, que gasta 37,27% do PIB com o funcionamento da máquina pública estadual. A média do Nordeste é de 18,17% e, a nacional, de 12,74% de comprometimento do PIB com as despesas públicas. Entenda-se por gastos públicos as despesas com educação, saúde, previdência social, segurança pública, administração, transporte, Judiciário, Legislativo, encargos especiais (amortizações e encargos, aquisição de títulos, sentenças judiciais, ressarcimentos, pagamento de inativos) e outras. No total, para funcionar o Estado de Sergipe gastou naquele ano R$ 2 bilhões e 885 milhões. O PIB foi de R$ 13 bilhões e 422 milhões. Custo da máquina estadual UF Gastos públicos (R$ bilhões) Gastos públicos (% do PIB) Gastos públicos per capita (R$) PIB (R$ bilhões) População (milhões de habitantes) Piauí 2,590 23,28 861 11,125 3,007 Alagoas 3,120 22,08 1.035 14,135 3,016 Sergipe 2,885 21,50 1.466 13,422 1,968 Paraíba 3,627 21,50 1.009 16,864 3,596 Rio Grande do Norte 3,804 21,30 1.267 17,862 3,003 Pernambuco 9,334 18,70 1.109 49,904 8,414 Ceará 7,489 18,30 925 40,923 8,097 Bahia 14,348 15,78 1.039 90,943 13,815 Maranhão 3,780 14,93 619 25,326 6,103 Minas Gerais 25,292 13,13 1.315 192,611 19,237 Paraná 13,549 10,70 1.320 126,622 10,262 São Paulo 75,947 10,45 1.878 727,053 40,443 Distrito Federal 6,852 8,51 2.937 80,517 2,333 Brasil 273,530 12,74 1.485 2.147,239 184,184 Fonte: Ipea, STN e IBGE O estudo supõe que quanto maior o contingente populacional de um estado, maiores as demandas por serviços e bens públicos e, consequentemente, maior o gasto público necessário para supri-las. Por outro lado, estados com maiores produções econômicos requerem, muito provavelmente, maiores aportes de infra-estrutura, maiores níveis de fiscalização etc. Então, maiores PIBs requerem maiores gastos públicos. Mas Sergipe não se enquadra em nenhuma das situações, quando visto por gasto per capita ou em proporção ao tamanho do PIB. Da mesma forma, a extensão territorial do estado, que possivelmente teria relação direta com o seu gasto público, uma vez que estados maiores necessitam de maior infra-estrutura e os gastos administrativos seriam supostamente mais elevados, também não se ajusta à realidade territorial do pequeno Sergipe. Portanto, o estudo não analisa se os gastos públicos foram corretamente efetuados, mas confirma com dados consistentes que a máquina pública estadual sergipana é perdulária.
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