Reflexões sobre a Prevenção do HIV e IST no local de Trabalho
No ano de 2010, a Conferência Internacional do Trabalho lançou recomendação sobre a Infecção do HIV e Aids e o Mundo do Trabalho. Tal recomendação foi necessária pois, a epidemia do HIV estava trazendo grande impacto na sociedade e na economia, no mundo do trabalho, nos setores formal e informal, nos trabalhadores e suas famílias, nas organizações de empregadores e de trabalhadores e nas empresas públicas e privadas.
Na recomendação consta que não devem ser exercidas discriminações nem estigmatizações de trabalhadores, em especial das pessoas que procuram trabalho ou dos candidatos a emprego, em função do seu estado sorológico em relação ao HIV/Aids. Consta também que a prevenção ao HIV e outras IST deve ter prioridade no local de trabalho e que trabalhadores e suas famílias tenham acesso facilitado aos serviços de assistência e tratamento.
No Brasil existe uma recomendação importante para os membros das CIPAS – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que incluam nas SIPAT – Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho, o tema AIDS e as IST – Infecções Sexualmente Transmissíveis.
No passado o envolvimento era maior
Tínhamos o envolvimento de grandes empresas como Petrobras, Correios, Ford, Volkswagen , Banco do Brasil e até empresas de construção civil. Chegaram a constituir o Conselho Empresarial Nacional com destaque para o tema AIDS. O SESI Nacional e as entidades regionais sempre promoviam importantes eventos e tinham programas que preparavam membros da CIPAS para a realização de ações de prevenção nas empresas, inclusive com a produção de vários materiais educativos e campanhas específicas.
Muitas empresas deixaram de realizar os programas de prevenção
Apesar do local de trabalho ser um dos mais adequados ambientes para ações de prevenção, houve uma queda na execução dos programas de prevenção nas empresas brasileiras.
Em Sergipe, sempre procuramos atender as demandas das SIPAT das empresas e incentivamos que disponibilizem os preservativos em local estratégico.. Para a maioria das grandes empresas nacionais, parece que a AIDS foi erradicada, pois o envolvimento com o tema praticamente acabou.
Apesar dos grandes avanços no diagnóstico e tratamento, a AIDS continua sendo um grande desafio para a Saúde Pública. Há a necessidade das empresas incorporarem, nas ações de prevenção no local de trabalho, as informações sobre as novas tecnologias que constituem a Prevenção Combinada. O preservativo poderia estar presente nas empresas, em locais estratégicos, facilitando o acesso dos colaboradores. O diagnóstico tardio do HIV é um problema que as empresas poderiam ajudar a reduzir, incentivando a testagem rápida disponível no SUS. Também a Sífilis é um sério problema de saúde e as empresas poderiam ajudar na detecção e tratamento dos trabalhadores, já que, além de comprometer a capacidade laboral, traz impacto para as famílias, principalmente pelo nascimento de crianças com sífilis congênita. Com relação às Hepatites Virais, além das informações sobre os tipos e as formas de transmissão, o incentivo à vacinação contra a Hepatite B, que ainda não tem cura.
Os Sindicatos dos Trabalhadores também precisam colabora com a prevenção
Os sindicatos de classe precisam incluir nas reuniões, o tema IST – Infecções Sexualmente Transmissíveis e até ajudar na dispensação dos preservativos junto aos seus associados, bem como o incentivo à testagem rápida do HIV e outras IST e combate às atitudes preconceituosas e discriminatórias. Ainda existem empresas e até alguns concursos que obrigam a realização do teste de HIV.
Infelizmente o HIV ainda não foi erradicado. Os temas IST/HIV/Aids não podem ficar no esquecimento nas empresas e instituições ligadas ao trabalho.