Economia e Finanças

ECONOMIA BRASILEIRA EM 2022/23

Política à parte… a economia brasileira está à beira de voltar a configurar entre as 10 maiores economia do mundo¹ – visto que já estivemos entre as 6 maiores do mundo num passado recente. Contudo, continuamos com o mesmo dilema, o qual, de figurar entre as maiores economias do mundo e isto não refletir na qualidade de vida da nossa população. Vários são os fatores que influenciam para que não avancemos social e economicamente e, um deles, é a política.

                                                              MAIORES ECONOMIAS DO MUNDO EM 2022

Fonte: FMI/Austin Rating/CNN Economia

 

A previsão é que em 2023 possamos estar entre a 10ª e 8ª maiores economias do mundo. No entanto, temos que ter um plano nacional de desenvolvimento claro, que aponte para nossas fraquezas e potencialidades. Enquanto a gente debate temas já superados no resto do mundo e ainda não desenvolvemos o suficiente nossas forças produtivas, as demais economias avançam em pesquisa e desenvolvimento, e este é sem dúvida o nosso principal gargalo. Somos exportadores de commodities, o que não é ruim, porém, isso não é conflitante em investirmos em nossas universidades e centros de pesquisas e consumirmos e exportarmos produtos com tecnologia embarcada e que geram mais valor no mercado.

Enquanto estamos passando por um processo de desindustrialização, as economias mais avançadas do mundo caminham para modernizar e se tornarem cada vez mais competitivas. Seguindo assim e se utilizarmos da teoria das vantagens comparativas… vamos trocar minério por aço e uva por vinho… sendo que exportaremos os primeiros itens e compraremos os segundos, ou seja, uma conta que nunca fecha, e seguiremos como uma das maiores economias do mundo em termos monetários e o que necessariamente não se reflete em termos sociais e econômicos. Isto nos leva ao dilema apontado pelos Cepalinos: crescimento ou desenvolvimento econômico? Eis uma questão que temos que resolver e entendermos que um não é conflitante com o outro e isso se deve de forma urgente!

TAXA DE JUROS DO CRÉDITO ROTATIVO

Mais um embate está sendo travado entre o mercado financeiro, governo e comerciantes. Pelo menos nesta disputa, ao que parece, governo e comerciantes estão de um lado e o sistema financeiro do outro. Tudo isso porque há uma discussão de se acabar com as altas taxas do juros rotativo do cartão de crédito – o que é algo pra ontem, e adicionar a cobrança destes mesmos juros nas compras parceladas – o que não faz sentido. Hoje, nossas taxas de juros do crédito rotativo é uma das maiores do mundo, ultrapassando os 445% ao ano. Numa conta simples, você sente o peso no seu bolso. Vamos lá: Numa compra de R$ 10.000,00 por exemplo, parcelada para 10X, como ficaria?

Digamos que você atrasou sua primeira parcela de R$ 1.000,00. Comumente os bancos cobram 2% de multa. Então o cálculo ficaria mais ou menos assim:

R$ 1.000,00 + (1.000,00 x 37%*) + 2% + 1% =

R$ 1.000,00 + 370,00 + 20,00 + 10,00 = R$ 1.390,00

R$ 1.000,00 principal da Parcela; 37% dos 445%/12 meses, a depender da instituição financeira*; 2% de multa e 1% de mora mês. Ou seja, é melhor não atrasar a fatura ou pagar uma parte da parcela para incidir juros menor no residual.

Mas voltemos ao assunto. O que está em disputa aí é um mercado de mais de R$ 3 trilhões² de reais, número este movimentado pelos brasileiros em 2022 nas modalidades de débito e crédito. O banco central pretende reduzir a oferta deste crédito, uma vez que transfere os juros para o parcelado e o governo e comércio temem uma queda nas vendas e consequentemente na economia, uma vez que o cartão de crédito hoje é a principal fonte de financiamento do varejo. Vamos aguardar o desenrolar das negociações e torcer que mais uma vez o custo não caia no bolso do consumidor.

TAXA SELIC E O DESENVOLVIMENTO DO PAÍS

Há um bom tempo vem se discutindo a taxa SELIC no país. De um lado, o presidente do BC advogando que a taxa estaria ainda “baixa” e que não veria problema em aumentá-la. Do outro lado, integrantes do governo advogando que ela está bem acima da realidade econômica do país e por isso deveria baixar urgentemente.

Mas o que é a SELIC? A famosa SELIC é a taxa básica de juros da economia e é através dela que praticamente todo o mercado é normatizado. Tida como um elemento central da política monetária do país, serve como instrumento econômico de controle da inflação (não sendo o único), e é esta a principal tese que hoje os dois lados defendem, só que em campos diferentes. Para o BC, ainda estamos com uma inflação elevada e por isso deve-se manter a SELIC no patamar que está, afim de evitar uma alta da inflação e corrosão da nossa moeda. Do outro lado, o governo argumenta que nossa inflação neste momento não é uma inflação de demanda (consumo), e de algum modo a SELIC estaria travando o crescimento da economia, uma vez que está encarecendo o crédito e dificultando novos investimentos (o que é verdade).

Então, qual a solução? Temos que ter em mente a realidade fatídica de como está nossa economia. Não há uma demanda acima do limite de oferta da nossa economia (basta ver a indústria automotiva ou conversar com qualquer comerciante de qualquer ramo) e é notório que o crédito para o setor produtivo do nosso país e um dos mais caros do mundo. Contudo, isto não quer dizer que devemos abrir as torneiras e que estamos isolados do resto do mundo – estamos uma crise estrutural e poucos enxergam. Há que se dosar e encontrar uma saída para melhorar os investimentos no setor produtivo e temos que ter a consciência que a SELIC influência diretamente neste quesito. Isso não quer dizer que abandonaremos a meta de inflação e que a SELIC não seja a principal ferramenta de controle, porém, como dito antes, ela não é a única!

1 https://www.imf.org/en/Home

2 https://valorinveste.globo.com/produtos/servicos-financeiros/noticia/2023/02/16/brasileiros-movimentaram-r-331-trilhoes-no-cartao-em-2022-alta-de-246percent-aponta-abecs.ghtml

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais