Boff e a tentativa de golpe dos derrotados

  “O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter.” Cláudio Abramo.

A primeira do artigo do teólogo,  filósofo, escritor e colunista do Jornal do Brasil, Leonardo Boff. Ele toca na ferida da elite e dos derrotados. Para reflexão:

Há um fato espantoso mas analiticamente explicável: o aumento do ódio e da raiva contra o PT. Esse fato vem revelar o outro lado da “cordialidade” do brasileiro, proposta por Sérgio Buarque de Holanda: do mesmo coração que nasce a acolhida calorosa, vem também a rejeição mais violenta. Ambas são “cordiais”: as duas caras passionais do brasileiro.

Esse ódio é induzido pela mídia conservadora e por aqueles que na eleição não respeitaram rito democrático: ou se ganha ou se perde. Quem perde reconhece elegantemente a derrota e quem ganha mostra magnanimidade face ao derrotado. Mas não foi esse comportamento civilizado que triunfou. Ao contrário: os derrotados procuram por todos os modos desligitimar a vitória e garantir uma reviravolta política que atendesse a seu projeto, rejeitado pela maioria dos eleitores.

Para entender, nada melhor que visitar o notório historiador, José Honório Rodrigues que em seu clássico Conciliação e Reforma no Brasil (1965) diz com palavras que parecem atuais:

”Os liberais no império, derrotados nas urnas e afastados do poder, foram se tornando além de indignados, intolerantes; construíram uma concepção conspiratória da história que considerava indispensável a intervenção do ódio, da intriga, da impiedade, do ressentimento, da intolerância, da intransigência, da indignação para o sucesso inesperado e imprevisto de suas forças minoritárias” (p. 11).

Esses grupos prolongam as velhas elites que da Colônia até hoje nunca mudaram seu elos. Nas palavras do referido autor: “a maioria foi sempre alienada, antinacional e não contemporânea; nunca se reconciliou com o povo; negou seus direitos, arrasou suas vidas e logo que o viu crescer lhe negou, pouco a pouco, a aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continua achando que lhe pertence”(p.14 e 15). Hoje as elites econômicas continuam a abominar o povo. Só o aceitam fantasiado no carnaval. Mas depois tem que voltar ao seu lugar na comunidade periférica (favela).

Lamentavelmente, não lhes passa pela cabeça que “as maiores construções são fruto popular: a mestiçagem racial, que criava um tipo adaptado ao país; a mestiçavel cultural que criava uma síntese nova; a tolerância racial que evitou o descaminho dos caminhos; a tolerância religiosa que impossibiltou ou dificultou as perseguições da Inquisição; a expansão territorial, obra de mamelucos, pois o próprio Domingos Jorge Velho, devassador e incorporador do Piaui, não falava português; a integração psico-social pelo desrespeito aos preconceitos e pela criação do sentimento de solidariedade nacional; a integridade territorial; a unidade de língua e finalmente a opulência e a riqueza do Brasil que são fruto do trabalho do povo. E o que fez a liderança colonial (e posterior)? Não deu ao povo sequer os benefícios da saúde e da educação, o que levou Antônio Vieira a dizer:’Não sei qual lhe faz maior mal ao Brasil, se a enfermidade, se as trevas”(p. 31-32).

A que vêm estas citações? Elas reforçam um fato histórico inegável: com o PT, esses que eram considerados carvão no processo produtivo (Darcy Ribeiro) e o rebutalho social, conseguiram, numa penosa trajetória, se organizar como poder social que se transformou em poder político no PT e conquistar o Estado com seus aparelhos. Apearam do poder, pelo voto, as classes dominantes; não ocorreu simplesmente uma alternância de poder mas uma troca de classe social, base para um outro tipo de política. Tal saga equivale a uma autêntica revolução social, pacífica e de cunho popular.

Isso é intolerável para as classes poderosas que se acostumaram a fazer do Estado o seu lugar natural e de se apropiar privadamente dos bens públicos pelo famoso patrimonialismo, denunciado por Raymundo Faoro.

Por todos os modos e artimanhas querem ainda hoje voltar a ocupar esse lugar que julgam de direito seu. Seguramente, começam a dar-se conta de que, talvez, nunca mais terão condições históricas de refazer seu projeto de dominação/conciliação. Outro tipo de história política dará, finalmente, um destino diferente ao Brasil.

Para eles, o caminho das urnas se tornou inseguro pelo nível crítico alcançado por amplos estratos do povo que rejeitaram seu projeto político de alinhamento neoliberal ao processo de globalização, como sócios dependentes e agregados. O caminho militar será hoje impossível dado o quadro mundial mudado. Cogitam com a esdrúxula possibilidade da judicialização da política, contando com aliados na Corte Suprema que nutrem semelhante ódio ao PT e sentem o mesmo desdém pelo povo.

Através deste expediente, poderiam lograr um impeachment da primeira mandatária da nação. É um caminho conflituoso pois a articulação nacional dos movimentos sociais tornaria arriscado este intento e talvez até inviável.

O ódio contra o PT é menos contra PT do que contra o povo pobre que por causa do PT e de suas políticas sociais de inclusão, foi tirado do inferno da pobreza e da fome e está ocupando os lugares antes reservados às elites abastadas. Estas pensam em fazer, com boa consciência, apenas caridade, doando coisas, mas nunca buscando a  justiça social.

Antecipo-me aos críticos e aos moralistas: mas o PT não se corrompeu? Veja o mensalão? Veja a Petrobrás? Não defendo corruptos. Reconheço, lamento e rejeito os malfeitos cometidos por um punhado de dirigentes. Devem ser julgados, condenados à prisão e até expulsos do PT. Traíram mais de um milhão de filiados e principalmente botaram a perder os ideais de ética e de transparência. Mas nas bases e nos municípios – posso testemunhá-lo em dezenas de assessorias – vive-se um outro modo de fazer política, com participação popular, mostrando que um sonho tão generoso não se deixar matar assim tão facilmente: o de um Brasil menos malvado, mais digno, justo pacífico. As classes dirigentes, por 500 anos, no dizer rude de Capistrano de Abreu, “castraram e recastraram, caparam e recaparam” o povo brasileiro. Há maior corrupção histórica do que esta?
Voltaremos ao tema.

Pronese: governo gastou R$ 17 milhões com pessoal em 2014
Depois que acabou o convênio com o Banco Mundial o governo estadual acertou em extinguir o Pronese. Somente no ano passado foram gastos R$ 17 milhões com pessoal. E pasme, caro leitor, só tinha cerca de 60 servidores efetivos do estado e mais 140 cargos comissionados. Alguns  trabalhavam, porém a maioria nem aparecia eram filhos e parentes de autoridades. O blog vai divulgar a lista em breve, só está fazendo a devida checagem.

Complexo governo na Vila Cristina: quem resolveu asfaltar o local?
Na Rua Vila Cristina, ao lado do Batistão, o governo tem um espaço alugado a UFS, há vários anos (o aluguel não é caro, cerca de 20 mil) onde se localizam quatro secretarias e vários órgãos. O problema é que a entrada e todo estacionamento tinha paralelepípedo e agora resolveram asfaltar. Sem nenhum sentido, apenas para gastar asfalto e aumentar o calor. De quem foi a genial ideia?

Blindagem na mídia: Jackson monta equipe de peso
Além do secretário da Comunicação Social, Sales Neto com toda equipe da pasta e o publicitário Carlos Cauê, que também orienta Jackson Barreto, o governador montou para o segundo mandato uma equipe de peso. É uma espécie de blindagem na mídia. São vários nomes, entre eles o do jornalista Luiz Eduardo Costa.

Ex-comissionado vai depor  no MPE
E o blog foi informado que tem muito ex-comissionado do governo estadual que foram exonerados e não receberam férias e outros percentuais que tinham direito. Tem um, que trabalhou na Secom, que afirma que no período eleitoral um colega foi designado para os arquivos dos jornais na busca de notícias contra a oposição, além das redes sociais e programas de rádio. Dizem que o ex-comissionado vai depor no Ministério Público Eleitoral.

Ezequiel tinha uma memória fantástica
No velório do jornalista, escritor e procurador aposentado, Ezequiel Monteiro, o blog teve a oportunidade de ouvir algumas histórias deles contadas por amigos de longas datas. Ezequiel, quando jornalista, fazia entrevistas sem gravar ou até mesmo anotar. Foi assim com o economista Marcos Melo uma vez. Conversou por quase duas e escreveu uma excelente entrevista.

Descendo a ladeira
E conversando com alguns jornalistas ainda no velório de Ezequiel, todos lamentaram a saída de Luciano Correia da Fundação Aperipê, por conta de indicação partidária, mas estranharam também a decisão dele de ir para a direção da TV ALESE na gestão Luciano Bispo. Desceu a ladeira em todos os sentidos, principalmente ideológico.

Dia do Consumidor
Hoje, 09, às 9h, na Câmara Municipal de Aracaju (CMA), acontece uma Sessão Especial em homenagem ao Dia do Consumidor, comemorado em 15 de março. Na ocasião serão discutidas pautas referentes ao assunto por especialistas da área. O requerimento da Sessão Especial é do vereador Lucas Aribé (PSB).

Correição hoje, 09, na Vara do Trabalho de Glória
Dando seguimento às correições ordinárias, o presidente do TRT da 20ª Região, desembargador Fabio Túlio Correia Ribeiro, iniciará hoje, 9, os trabalhos correicionais na Vara do Trabalho de Nossa Senhora da Glória. A atividade segue até o dia 11, quarta-feira. Durante o período de correição, os interessados podem manifestar opiniões, reclamações ou sugestões, bem como solicitar audiência com o desembargador.

BNB realizará seminário sobre Reinvestimento
Na próxima quinta-feira, 12, o Banco do Nordeste realizará um seminário sobre Reinvestimento, com o objetivo de apresentar esta modalidade de incentivo fiscal aos empresários sergipanos dos segmentos industrial, agroindustrial, de infraestrutura e do turismo. O evento ocorrerá a partir das 10h no auditório da Federação das Indústrias do Estado de Sergipe (Fies) e é aberto a todos os interessados de forma gratuita. Até o fim deste mês, o Banco terá realizado o seminário em todas as capitais do Nordeste e dos estados de Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.

Recursos
Instituído pelo Governo Federal, o Reinvestimento tem por objetivo dotar de recursos financeiros empresas localizadas na área de atuação da Sudene. Este produto permite que o valor equivalente ao percentual de 30% do Imposto de Renda devido, que incide sobre o lucro da exploração (acrescido de parcela de recursos próprios, correspondente a 50% desse valor) seja investido em projetos de modernização e/ou complementação de equipamentos da própria empresa.

Oportunidade
Apenas em 2014, o BNB registrou uma movimentação de depósitos e liberações no Reinvestimento da ordem de R$ 218 milhões, período no qual 130 empresas optaram pelo incentivo. Segundo o superintendente estadual de Sergipe, Saumíneo Nascimento, “esta é uma oportunidade para que o empresariado local possa conhecer todo o portfólio de incentivos fiscais federais disponíveis na Sudene, com destaque para o Reinvestimento. Consideramos que este é um momento muito oportuno também para tirar dúvidas sobre outras modalidades de incentivos fiscais e as possibilidades e oportunidades de aplicações de recursos no BNB. Estarão presentes técnicos da Sudene e do BNB que auxiliarão nos esclarecimentos. Destacamos que este evento está sendo realizado em parceria com a FIES – Federação das Indústrias de Sergipe.”

VII Encontro de Recursos Hídricos em Sergipe
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, através da sua Superintendência de Recursos Hídricos em parceria com a EMBRAPA Tabuleiros Costeiros e a Universidade Federal de Sergipe, promove o VIII Encontro de Recursos Hídricos em Sergipe – VIII ENREHSE, no período de 23 a 25 de março de 2015, a ser realizado no auditório da CODISE (Av. Heráclito Rollemberg, 4444 – DIA – Aracaju/SE). Para maiores informações e programação consulte o site http://www.semarh.se.gov.br.

Especialistas
Aberto a todos os interessados, o VIII ENREHSE reúne especialistas em um espaço aberto para troca de experiências e debates. Os objetivos são: divulgar a gestão dos recursos hídricos em Sergipe, dar visibilidade a ações de cooperação e mobilização para a boa gestão e uso sustentável da água e envolver a sociedade nas discussões sobre o crescente desafio para garantir água em quantidade e qualidade a todos.

PELO TWITTER

www.twitter.com/MirandaSa_  Meu refrão: “Ditadura é ditadura, sem adjunto adverbial… Pode ser de esquerda ou direita… Sou contra!”

www.twitter.com/djairgalvao  Três partidos que fazem referência a "democracia" nas suas siglas são os que + bradam na mídia pela interrupção do processo democrático.

www.twitter.com/detonart  70% dos envolvidos na Lava Jato, são do Sul d Brasil. Mas são os nordestinos que não sabem  votar. Entenderam?

www.twitter.com/FlavioDino  Hora de pacto político para: 1) apoiar investigações. 2) garantir crescimento econômico. 3) acabar financiamento empresarial de campanhas.

www.twitter.com/RadiodoMoreno  FH e Sarney já tiveram suas oportunidades. Se não conseguiram aproveitar, problemas deles. Deixem a Dilma governar em paz!

www.twitter.com/jacksonraymundo  Por que só rolou #panelaco em bairros de ricos? Pq a eles incomoda a prioridade dada aos trabalhadores e à nova classe média. #DilmaDaMulher

DO LEITOR

Intensa poluição ambiental entre o conjunto Médici e o condomínio Parque Diamante
Do leitor Elvis Moura: “É preciso que os órgãos responsáveis (SEMA, EMURB/EMSURB, Pelotão Ambiental e outros) adotem

 providências urgentes quanto à ocorrência diária de queimadas nos bairros de Aracaju.  A imagem corresponde a uma dessas ações, diariamente praticadas por pessoas que se alojaram irregularmente numa área entre o Cond. Parque Diamante e o Conjunto Médici. Diversos moradores, principalmente idosos e crianças, estão desenvolvendo ou agravando problemas respiratórios em virtude da intensidade de fumaça que é produzida nessas queimadas ao logo de todo o dia”

ARTIGO

Centenário (1915-2015) –  Carlos Garcia, um militante comunista em defesa do operariado   Por Gilfrancisco*

Jornalista, contista, advogado defensor de causas operários e militante comunista com atuação em vários estados da federação, o sergipano Carlos Garcia, uma das mais vigorosas e cultas inteligências da geração moderna de Sergipe, completa hoje (09 de março) cem anos de nascimento, e sua obra literário e política continua esparsa em inúmeros periódicos a espera de algum pesquisador corajoso para enfrentar as precariedades dos  arquivos dos estados de Bahia e Sergipe.

Origem do Clã – Antônio Garcia Sobrinho, nasceu em 6 de julho  de 1880 foram seus pais José Garcia da Rocha e D. Antônio Garcia da Rocha. Apesar de somente possuir estudos elementares da língua materna e os de contabilidade que lhe permitiram consagrar-se ao comércio. Na impossibilidade em que se viu de seguir a carreira das letras, devido às dificuldades econômicas, resolveu constituir família e casou-se em 6 de fevereiro de 1904, com D. Antonia Menezes Garcia, filha de Manoel Dantas Barreto e D. Emília de Menezes Barreto. Desta união tiveram dez filhos, todos já falecidos.

Robério Garcia – comerciário e viajante da firma Teixeira Chaves & Cia, único dos filhos que não teve formação superior, sacrificando-se, por opção pessoal, para ajudar a que os irmãos obtivessem o grau nas profissões que escolheram. Dirigente desportivo, presidente da Federação Sergipana de Futebol, foi grande incentivador do futebol em Sergipe. Além de jornalista, editor da Folha Popular e membro destacado do Partido Comunista nos anos 50. Mariese Garcia – professora pública; Luiz Garcia (1910-2001) – advogado, professor da Escola de Comércio e diretor do Correio de Aracaju, foi promotor da comarca de Estância, ainda quando cursava o 3º ano do curso de Direito; deputado estadual (1934-1937), deputado federal (1951-1955; 1955-1959; 1967-1971; 1971-1975) e governador do Estado de Sergipe (1959-1962). Carlos Garcia (1915-1971) Advogado do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos comerciários – IAPC, jornalista, escritor, elegendo-se vereador em 1945 na capital sergipana pela legenda do PCB, e seu cunhado, o médico baiano Armando Domingues foi eleito deputado estadual, na Assembleia Estadual Constituinte de 1947. Antonio Garcia Filho (1916 -1999), médico, professor universitário, escritor e compositor, foi também vereador (1948) em Aracaju, pelo Partido Socialista Brasileiro, diretor dos periódicos Gazeta Socialista e d’O Nordeste, presidente da Academia Sergipana de Letras e do Conselho Estadual de Cultura. Publicou os livros: Um Pensamento na Praça e A Reabilitação em Sergipe.

Emília Garcia – professora e secretária da Redação do Correio de Aracaju, era casada com Jadson Barbosa. Eliete Garcia, radicada em Salvador desde os anos de 1950, era casada com o jornalista sergipano Junot Silveira. Zilda Garcia Salmeron era casada com Mariano Salmeron Filho. Valdete Garcia, cirurgiã-dentista. José Garcia Neto, engenheiro civil pela UFBA, o mais jovem dos irmãos, beneficiado com a transferência da firma em que trabalhava para Cuiabá, após sua graduação transferiu-se para o Estado do Mato Grosso onde fez carreira política nesse estado: Elegeu-se Deputado Federal, Prefeito de Cuiabá, mais tarde Governador do Estado do Mato Grosso.

Político – Antônio Garcia Sobrinho foi nomeado pelo Presidente Graccho Cardoso em 20 de maio de 1923 para exercer o cargo de exator de Rosário do Catete, exercido com zelo e honestidade até a data do seu prematuro falecimento em 13 de maio de 1930, onde se encontrava em tratamento de saúde. Engajado no movimento tenentista de Augusto Maynard Gomes, devotado a sua terra natal, muito fez pelo seu progresso material e social.  Colaborou na fundação da filarmônica “Coração de Maria”, regente e fazendo parte como excelente instrumentista. Cidadão que gozava de grande prestígio, não pode escapar as seduções da política partidária e engrossou as fileiras do senador Leandro Ribeiro de Siqueira Maciel, uma das mais altas tradições da política conservadora de Sergipe, pois havia sido deputado no Império. Com o passar dos anos, apoia o governo do General José Joaquim Pereira Lobo (1864-1933).
A Gazeta de Sergipe, dirigida por Deolindo Nascimento e secretariado por Acrísio Cruz, em sua edição de 14 de maio de 1930, publica em homenagem a Antônio Garcia Sobrinho o artigo:

“Em sua residência provisória à Avenida Barão de Maroim, nº42, faleceu às 11 ½ horas do dia de ontem, e na idade de 49 anos, o estimado e probo cidadão Antonio Garcia Sobrinho, funcionário público do Estado, na qualidade de Exactor da Vila do Rosário.
O pranteado extinto vinha há dois anos com a sua saúde combalida, pelos males que, não obstante os desvelos da família, e os recursos da ciência, o levaram ao túmulo” (…)
“O enterramento efetuou-se hoje às 8 horas, em bondes especiais, com numeroso acompanhamento, de pessoas gradas, entre as quais destacamos o representante do Sr. Presidente do Estado, diretor de Finanças, funcionários públicos e vários amigos e conterrâneos do chorado morto”.

O comerciante e funcionário público, Antônio Garcia Sobrinho, homem inteligente, fascinado pela política, amante das letras e das artes e Antônia Menezes Garcia, responsável pelas tarefas domésticas e educação dos filhos. Carlos Garcia nasceu em Rosário do Catete, em 9 de março de 1915, e teve nove irmãos.  Jornalista, escritor, advogado, elegendo-se vereador em 1945 na capital sergipana pela legenda do PCB, e seu cunhado, o médico baiano estadual Armando Domingues foi eleito deputado estadual, na Assembleia Estadual Constituinte de 1947. Os filhos de Sr. Antônio aprenderam as primeiras letras na cidade natal pelas mãos das professoras Rosa Garcia e Laudelina Fraga, exímias educadoras rosarenses. Cedo, encaminhando os filhos para os estudos em Aracaju, ingressam primeiramente no Colégio Tobias Barreto em seguida no Ateneu Sergipense.

Antecedentes
No Ateneu se destaca entre seus colegas e publica no jornal estudantil Voz do Estudante, nº1, a crônica Meu Abraço e no nº3 Carta aberta a João de Araújo Monteiro. Como redator do jornal O Porvir, órgão do Ateneu, Carlos Garcia publicou em 1932 o artigo Lampião e Chevalier.  Um ano depois, consegue no jornal em que trabalhava como revisor publicar entre novembro e dezembro, onze crônicas “Cocktail”. Em 1934 publica contos e crônicas num jornal local.

Esse é um ano muito fértil de produção literária. Publica na revista da Academia Sergipana de Letras três contos: O Boneco Vermelho, A Sublime Homenagem e Derrocada, e dois artigos de critica literária: Canções da Alegria Humilde, livro do poeta baiano Florêncio Santos e O Romance dos Coiteiros, livro de José Américo de Almeida.

Em janeiro de 1935 juntamente com o acadêmico do curso de Direito Mario Cabral e Sinval realizam uma viagem De Bahia a Capela, título da crônica, em que Mário relata a viagem até Capela. Carlos publica uma série de crônicas e contos: O Trote, Rosário, O Boneco Vermelho, A Sublime Homenagem, Derrocada, Canções da Alegria Humilde, O romance dos Coiteiros. É o ano em que publica no órgão do Centro Operário Sergipano o artigo Integralismo, Movimento Reacionário, que provoca ira no Senador Leandro Maciel, e responde através de discurso no Senado, contra o jovem acadêmico Carlos Garcia, conforme publicação no Estado de Sergipe. Na noite de 4 de junho de 1935 Carlos segue para Salvador pelo trem noturno, onde continuaria seu curso na Faculdade de Direito da Bahia.

No final de setembro de 1936 chega de Salvador de férias e logo em seguida é preso pela polícia do Interventor Eronides Carvalho, por ter escrito o artigo contra o integralismo, considerados pelos membros galinhas verdes, com um “violentíssimo artigo”.  No primeiro semestre do ano seguinte publica no Correio de Aracaju a crônica Cadê você, Dudú? Em Salvador durante o ano de 1938, Carlos Garcia trava contato com os intelectuais da revista Seiva, órgão do Partido Comunista, dirigida por João Falcão e publica dois artigos: José Sampaio e o sentido de sua poesia (1938) e A Posição dos Estudantes Frente à Guerra (1939). Bacharela-se pela Faculdade de Direito da Bahia.

Um ano depois casa-se aos vinte cinco anos com a cirurgiã-dentista Helena Domingues da Silva, irmã de Armando Domingues, deputado estadual eleito de PCB, de Sergipe e no ano seguinte nasce seu filho Vasco Domingues Garcia. Em 1945 elege-se vereador na capital sergipana pela legenda do PCB, ano do nascimento do terceiro filho, Maria Helena Domingues Garcia. Advoga para o Sindicado dos Gráficos.

Jornal do Povo – Em 1947, quando a polícia de José Rolemberg Leite fechou o Jornal do Povo, órgão da imprensa popular do PCB, um dos mais lidos da cidade, Carlos Garcia impetrou uma ordem de habeas-corpus ao Egrégio Tribunal de Apelação. Após um qui-pro quo dos diabos, saiu o Relatório do desembargador Presidente e foi concedida a palavra ao advogado do Jornal do Povo, Carlos Garcia, cuja oração longa e incisiva, foi registrada por um jornal: “Teceu comentários em torno dos fatos já consumados, apreciando-os à luz do nosso direito constitucional, e, após exibir aos juízes os números mais recentes de Tribuna Popular, Classe Operária, antigo órgão oficial do P.C.B. e O Momento, da Bahia, sustentando o cabimento do habeas-corpus e a arbitrariedade do ato policial, concluiu confiante na vitória do direito, seguro de que o jornal do Povo voltaria a circular. Falou em seguida o Procurador Geral interino. Falou muito Baixo e, e, por isso, quase ninguém ouviu. (…) SE o fechamento se deu em virtude do Acordão do Superior Tribunal Eleitoral que determinou a cassação do registro do Partido Comunista, só aquele Tribunal e não ao Tribunal de Justiça de Sergipe, cabia conhecer do pedido.”( Sergipe-Jornal. Aracaju, 22 de maio, 1947)

Partido & Família – Carlos Garcia teve vários amores, sendo que seu primeiro casamento foi com a dentista Helena D. Garcia que tiveram os filhos: Vasco Domingues Garcia (1941), Luiz Carlos Domingues Garcia (1944), Maria Helena Domingues Garcia (1945), casada como o médico e poeta Eduardo Garcia e Vera Domingues Garcia (1957). Seu segundo casamento foi com Assima Nejaime Garcia, de origem libanesa, com quem teve o filho Carlos Garcia Filha. Seu terceiro casamento deu-se com Glória de Mattos e do relacionamento, nasceu Kátia de Mattos Garcia.

Desligado do PCB e perseguido pela política do governo José Rolemberg Leite, em 1949, Carlos Garcia transfere-se com a família para Maceió, passando a residir na praia de Pajuçara, onde permanece como Procurador do IAPC (Instituto dos Aposentados do Comércio) por dois anos. Em 1951 pediu mais uma vez transferência para o Rio de Janeiro, residindo no Flamengo, permanecendo até 1959. Novos acontecimentos o levam a morar na cidade de Niterói no Estado da Guanabara.

Militância – Carlos Garcia foi com José Sampaio, um agitador de ideias, um teórico da juventude do seu tempo, um líder dos estudantes com seus jornais e suas produções literárias. Carlos marcou uma geração inteira, teve militância própria na política sergipana e candidatou-se a Câmara de vereadores, advogou muitas causas e depois fixou-se no Rio de Janeiro,onde exerceu funções públicas na estrutura da seguridade social.

Jornalista, redator e colaborador de vários jornais sergipanos, Carlos Garcia pertencia a uma geração marcada pela ânsia de liberdade, dos jovens de Mensagem dos Novos de Sergipe: Enoch Santiago Filho, Aluysio e Walter Sampaio, Fragmon Carlos Borges, Joel Silveira, Lyses Campos, Floriano Garangau, João Batista Lima e Silva, Paulo de Carvalho Neto Jaguanharo Passos e outros. Carlos Garcia não deixou obra publicada, sua produção literária e política iniciada em 1930, encontra-se dispersas. Dispomos de uma parte bastante significativa de sua obra coletada em periódicos dos Estados de Sergipe e Bahia, são contos, crônicas, poemas, discursos, entrevistas, críticas literárias e um capítulo do romance inédito, Chefatura.

Desligamento do PCB – O jornalista Calos Garcia que havia se filiado ao Partido Comunista na sua juventude, depois de relevantes serviços prestados a causa do operariado e ter dirigido o Jornal do Povo (1946-1948), o mais importante órgão de imprensa do PCB em Sergipe, ter exercido várias funções na direção do Partido, o amor à família falou mais alto. Em 1948, em virtude das profundas decepções com alguns membros prestigiados do Partido, desliga-se oficialmente, através de longa carta datada de 4  de julho, expõe todos os motivos. E conclui a carta com o seguinte parágrafo:

“Só me resta, pois declarar que na presente data me desligo definitivamente do Partido Comunista. O que me conforta é constatar que, apesar dos rudes golpes sofridos, não me afasto do Partido com o espírito abatido pelo ceticismo. Não. Continuo a crer no mundo mais justo do futuro, como sonho desde a juventude. Um mundo sem miséria econômica, mas que preserve e apure as qualidades morais. Um mundo sem fome, mas cujo sistema não deforme a personalidade humana”.

Morte – Vitimado por um ataque cardíaco, falece em 19 de fevereiro de 1971 na Guanabara (RJ), Carlos Garcia, após sofrer problemas nas coronárias. O corpo foi sepultado na tarde do mesmo dia no Cemitério de São João Batista, acompanhado até o lugar do seu eterno repouso, por seus familiares: mulher, filhos, genros e noras. Em Sergipe uma única nota saiu sobre seu falecimento.

*Jornalista, pesquisador, professor universitário, membro do IHGSE, IGHBA e da ASI.

ARTIGO

Colégio Est. 28 de Janeiro: início do ano letivo em busca de uma aprendizagem significativa   Por Carlos Alexandre N. Aragão*

O Colégio Estadual 28 de Janeiro, sediado no município de Monte Alegre de Sergipe, alto sertão sergipano, vem tentando criar um espaço de diálogo, produção e aprendizagem interativo e participativo. Nesse caminho, iniciou o ano letivo de 2015 na última segunda-feira, 02 de março, com uma palestra sobre a “Importância do Estudo na vida de cada um” proferida pelo membro da Academia Sergipana de Letras e organizador do Concurso de Poesia, Conto e Crônica da Loja Maçônica do Cotinguiba, o senhor Domingos Pascoal, juntamente com o membro da maçonaria, o senhor Maciel Faria. Assim, alunos, professores e demais funcionários foram agraciados com uma bela explanação e em seguida foram apresentados os projetos que estão e serão desenvolvidos no estabelecimento de ensino. O diretor do estabelecimento de ensino, profº Luiz Alberto, recepcionou todos os estudantes e salientou sobre a importância do zelo, respeito e participação de cada sujeito na construção de uma escola dinâmica e transformadora. É nesse sentido que projetos são desenvolvidos:

• Monitoria para a Biblioteca – Desde 2013, foi implantado o programa de monitoria para a Biblioteca Escolar. Essa monitoria é voltada para o funcionamento da biblioteca, pois não há um número de funcionários que possa dar suporte necessário. Assim, os alunos são selecionados e passam a exercer a função de monitor nos três turnos, de acordo com o edital de seleção. O processo de seleção e a execução da monitoria têm como coordenador o profº Carlos Alexandre;

•   Monitoria de Matemática no Ensino Fundamental Menor – alunos do ensino médio são selecionados para prestar reforço aos estudantes do ensino fundamental menor. Este projeto é coordenado pela profª Simone Fonseca;

• Poesia indo à escola – este é um projeto desenvolvido por estudantes do ensino fundamental e médio que trabalham com poetas do modernismo abordando a vida e obra dos mesmos e apresentando nas escolas do alto sertão sergipano. O projeto está coordenado pelo profº Carlos Alexandre e é financiado pela FAPITEC-SE;

• DOMENEM – é um projeto voltado para a revisão direcionada ao ENEM. Todos os professores do ENEM abraçam o projeto e aos domingos há as revisões, conforme o cronograma divulgado na escola. Vale lembrar que é aberto para a comunidade;

• Monitoria para o Laboratório de Informática e Química – Alguns alunos serão selecionados para exercerem a função de monitor nestes dois espaços;

• Projeto de Educação Física – o projeto será desenvolvido pelos professores de Educação Física, Jackson Santana e Alessandra Lázaro, durante o ano de 2015;

• Oficina de Leitura “Eu conto, tu contas, nós contamos” – esta oficina será desenvolvida nos sábados letivos e buscará focar na leitura de diversos gêneros textuais. O professor ministrante será Carlos Alexandre;

• Prevenção de drogas: álcool – o projeto será interdisciplinar e todos os professores irão está trabalhando em conjunto, seguindo algumas ações. Será coordenado pelo profº Edemar.

Após a apresentação dos projetos os alunos que tiveram os textos publicados na I Antologia Literária Loja Maçônica Cotinguiba

 receberam a medalha, certificado e um exemplar da antologia. Entre os dez selecionados está o aluno Geyvson Cardoso Varjão ganhador na categoria Conto. Vale ressaltar que em 2014 o Colégio organizou o I Concurso de poesia com premiação para três categorias: ensino fundamental menor, ensino fundamental maior e ensino médio.

É nesse caminho que estamos buscando fazer da escola um espaço prazeroso, acolhedor e transformador, pois temos consciência que a ampliação do conhecimento se faz necessária na vida de cada ser humano. No decorrer do ano novos projetos e parcerias vão surgindo. A todos sejam bem-vindos ao 28 de Janeiro!

*Mestre em Letras – UFS/Professor Tutor II da UNIT e Professor da rede estadual de SE /Membro da Academia Literária do Amplo Sertão Sergipano – cadeira nº 28.

Blog no twitter: www.twitter.com/BlogClaudioNun  

Frase do Dia
Medo se vence com segurança. Apego se vence com renúncia. Aversão se vence com amor.  José Hermógenes de Andrade Filho, mais conhecido como Prof. Hermógenes, é um escritor, professor e divulgador brasileiro de hatha ioga. Nasceu em 9 de Março de 1921.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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