Abin: Senador Alessandro está entre as vítimas da espionagem ilegal

PF aponta que Alessandro Vieira foi espionado ilegalmente pela ‘Abin Paralela’ (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O senado Alessandro Vieira (MDB), eleito por Sergipe, está na lista dos políticos que, conforme informações da Polícia Federal, foram monitorados pela estrutura paralela da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que funcionou durante a gestão de Jair Bolsonaro. Jornalistas, servidores públicos e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também foram alvos do monitoramento ilegal.

As informações vieram à tona nesta quinta-feira, 11, a partir da deflagração da Operação Última Milha, cujo objetivo foi desarticular uma organização criminosa que atuava com práticas como a espionagem ilegal e produção de notícias falsas. Segundo a PF, a organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.

O senador Alessandro Vieira teria sido alvo da espionagem clandestina em virtude da sua participação Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid do Senado. Na época, o senador encaminhou requerimento para que o
Vereador Carlos Bolsonaro, filho do então presidente Jair Bolsonaro, prestasse esclarecimentos na “CPI da
COVID” e solicitou também que fossem afastados os seus sigilos (bancário, fiscal, telefônico e telemático).

O parlamentar usou as redes sociais nesta quinta-feira, 11, para comentar o assunto. “A operação de hoje da PF mostra que fui vítima de espionagem criminosa e ataques on-line praticados por bandidos alojados no poder no governo passado. Isso é típico de governos ditatoriais. O Brasil segue cheio de problemas, mas ao menos do risco de volta da ditadura nos livramos”.

A lista com os nomes das pessoas que foram espionadas ilegalmente consta em uma decisão assinada pelo ministro Alexandre Moraes, que retirou o sigilo das informações da operação Última Milha. Confira a relação completa:

PODER JUDICIÁRIO: Ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux;

PODER LEGISLATIVO: Deputado Federal Arthur Lira (Presidente da Câmara dos Deputados), Deputado Rodrigo Maia (então Presidente da Câmara dos Deputados), Deputados Federais Kim Kataguiri e Joice Hasselmann, Senadores Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues.

PODER EXECUTIVO: Ex-Governador de São Paulo, João Dória, Servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges, Auditores da Receita Federal do Brasil Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.

JORNALISTAS: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza
Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.

Entenda o caso

A 4ª fase da Operação Última Milha ocorreu, a partir da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que atendeu pedido da Polícia Federal e decretou a prisão de cinco investigados, além de autorizar afastamentos da função, buscas e compartilhamento de informações para apuração sobre monitoramento ilegal de pessoas e autoridades públicas.

A decisão foi tomada nos autos da PET 12732, que investiga o uso do sistema de inteligência First Mile, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por delegados, agentes e servidores públicos. Segundo a Polícia Federal, foram constatados elementos concretos de uma organização criminosa que atuava em núcleos para elaboração de dossiês contra ministros, parlamentares e outras pessoas a fim de divulgar narrativas falsas e incitar, direta ou indiretamente, tentativa de golpe de estado e enfraquecimento das instituições.

Por Verlane Estácio

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