Quem vai a Paris: “viceia!”

“Sous le ciel de Paris” é uma música que ficou famosa na voz de Edith Piaf (1915-1963), Maurice Chevalier (1888-1972), Yves Montand (1921-1991), Mireille Mercier  (1946-) e tantos outros “chansonniers et chansonnières Parisiens et Parisiennes”.

Em terras brasileiras, o charmoso cantor Ivon Cury (1928-1995), talvez inspirado em Maurice Chevalier, aqui gravou “Sob o Céu de Paris”, com uma variante bastante diferente da original.

Encontrei no YouTube uma versão com Yves Montand e Ivon Curi que vale a pena ver com magníficas paisagens de Paris, cuja letra bem difere daquela obtida no site Vagalume.

O endereço segue abaixo, junto com a letra e a versão ali apresentada que é diferente daquela cantada por Cury.

https://youtu.be/X67Dm_GhOTU?si=0fhz2Cu5libxg0Fx

Sous le ciel de Paris
S’envole une chanson
Hum, hum
Elle est née d’aujourd’hui
Dans le cœur d’un garçon
Sob o céu de Paris

Se evola uma canção

Hum, hum

Ela hoje nasceu

No coração de um rapaz

 

Sous le ciel de Paris
Marchent des amoureux
Hum, hum
Leur bonheur se construit
Sur un air fait pour eux

 

Sob o céu de Paris

Caminham os apaixonados

Hum Hum

A felicidade se constrói

Sob um céu feito para eles

 

Sous le pont de Bercy
Un philosophe assis
Deux musiciens, quelques badauds
Puis les gens par milliers

 

 

Sob a ponte de Bercy

Um filósofo sentado,

Dois músicos, alguns curiosos,

e também milhares de pessoas

Sous le ciel de Paris
Jusqu’au soir vont chanter
Hum, hum
L’hymne d’un peuple épris
De sa vieille cité

 

Près de Notre Dame
Parfois couve un drame
Oui mais à Paname
Tout peut s’arranger
Quelques rayons du ciel d’été
L’accordéon d’un marinier
L’espoir fleurit
Au ciel de Paris

 

Sob o céu de Paris

Vão cantar até de noite

Hum, hum

O hino de um povo apaixonado

Por sua velha cidade

Perto da Notre Dame

Por vezes se trama um drama

Sim, mas, em Paname

Tudo se arranja

Alguns raios do sol de verão,

O acordéon de um marinheiro

A esperança floresce

No céu de Paris

 

Sous le ciel de Paris
Coule un fleuve joyeux
Hum, hum
Il endort dans la nuit
Les clochards et les gueux

Sob o céu de Paris

Corre um alegre rio

Hum, Hum

Ele adormece à noite

os mendigos e os esfarrapados

 

Sous le ciel de Paris
Les oiseaux du Bon Dieu
Hum, hum
Viennent du monde entier
Pour bavarder entre eux

 

 

Sob o céu de Paris

Os pássaros do Bom Deus

Hum, Hum

Vêm do mundo inteiro

Para conversar entre eles

 

Et le ciel de Paris
A son secret pour lui
Depuis vingt siècles, il est épris
De notre Île Saint Louis
Quand elle lui sourit
Il met son habit bleu
Hum, hum
Quand il pleut sur Paris
C’est qu’il est malheureux

 

 

E o céu de Paris

Tem seu próprio segredo

Há vinte séculos Ele está apaixonado

Por nossa Ilha Saint Louis

E quando ela lhe sorri

Ele veste sua roupa azul

Hum, Hum

Quando chove em Paris

É porque ele fica infeliz

 

Quand il est trop jaloux
De ses millions d’amants
Hum, hum
Il fait gronder sur eux
Son tonnerre éclatant
Mais le ciel de Paris
N’est pas longtemps cruel
Hum, hum
Pour se faire pardonner
Il offre un arc-en-ciel

 

 

Quando fica ciumento demais

Dos milhões de amantes dela

Hum, Hum

Ele faz sobre nós ralhar

Seu trovão retumbante

Mas, o céu de Paris

Não fica por muito tempo cruel

Hum, Hum

Para se fazer perdoar

Ele oferece um arco-íris.

 

 

A música me chega agora, porque depois que eu apresentei Paris a minha mulher, não há outro passeio que lhe agrade tanto.

Ali, sob o céu de Paris, somos mais que dois amantes, enamorados, como diz a música.

 

Por ser assim, vale também referir outra música: I Love Paris de Cole Poter, que pode ser ouvida em https://youtu.be/FEvzPYWSwec?si=lD3ie-QYqS0l1QIH e em https://youtu.be/aZuCZAO5x-g?si=xfVo6QRnMJ8CKjgm

Ao lembrar de Paris, agora feericamente iluminada com o mundo inteiro assistindo os jogos olímpicos, estou a lembrar de Ernst Hemingway que em velhas leituras, deixou anotações póstumas que jaziam num depósito do Ritz, cadernos escritos nos anos 1920, quando ele, muito jovem e sem dinheiro até para comer e se resguardar do frio, viveu com sua primeira esposa, Elizabeth Hadley Richardson (1921–1927) e juntos conviveram com a “Geração Perdida”, segundo sua amiga Gertrude Stein, termo adotado por ele nas anotações que compuseram o seu “Paris é uma festa”.

Desta Geração Perdida conviveram pintores como  Cesane e Picasso, escritores e poetas como John dos Passos, F. Scott Fitzgerald, T.S. Eliot, James Joyce, Ezra Pound, Synclair Lewis, Irving Berlin, Dorothy Parker num cenário de Pós-1ª Guerra, justo depois daquela guerra que fora deflagrada para extinguir todas as guerras.

Neste contexto de Paris, em seus anos ditos de gerações perdidas, o genial, Woody Allen rodou o formidável filme Meia-Noite em Paris, com Owen Wilson, perdendo-se misteriosamente nos anos 20, travando conhecimento com os mistérios de uma Cidade-Luz despertada quando todos adormecem.

E nesse adormecer, esqueço a Olimpíada, esperando que ela acabe e Paris se acalme, se esvazie um pouco, para eu ir ali de novo, com minha companhia favorita, “Dona Tareja”, que não se alegra tanto com outros roteiros que eu venha a sugerir.

E assim termino esse texto, só para dizer: Quem vai a Paris; “viceia!”

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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