O debate da TV.

O debate da TV

 

Como eu escrevo às quintas-feiras, sendo, portanto, um colunista “de quinta”, o meu assunto encontra-se já é excessivamente exaurido, sem importância.

 

Todavia, a importância pode não ser a notícia. A importância pode ser a versão, se esta possui algum valor em termos de análise.

 

Como eu já escrevi tudo o que sabia e aprendi, e hoje só o faço do pouco que sei e conheço, ouso falar dos debates políticos das TVs, agora com essa nova vertente em covardia; o abandono, nunca tanto acontecido, em São Paulo, quando três candidatos, o Prefeito emedebista, Nunes, o socialista, Boulos, e o aguerrido comunicador, Datena, fugiram da raia em protesto contra o candidato “nanico” e excessivamente dissonante, Pablo Marçal, que os incomodava ou os atemorizava.

 

Se o temor e o incômodo tudo contaminam, os candidatos fujões fizeram escola, pousando de gazeteiros, essa coisa que lhes bem caberia, enquanto denominação, senão criminal, um desvão por contravenção venial, a vingar os meus tempos de infância, quando eram desvalorizados por “gazeteiros”, os maus alunos de todos os colégios, algo tão deletério que nos outros hemisférios; nos Estados Unidos, pelo menos, as cidades possuíam os “caça-gazeteiro” cuja missão era localizá-los vadiando pelas ruas e recambiá-los, “debaixo de vara”, às escolas.

 

Como nos debates eleitorais não há varas que os fustigue e os desmereça, resta-lhes a versão de parecer heróico, pouco estoico, ou muito esperto, denunciando o embate, mas fugindo do debate.

 

Se foi fuga ou refuga a esperta gazeta paulistana, nas nossas terras araras, de poucas castanhas e já ralos cajus, sobrou um zunzunzum insinuado, que o debate da TV, justo a “mais Democrata”, estava assaz viciado, algo que bem seria um “prato-cheio” se o fosse assim denunciado, ao vivo e em cores, o que não aconteceu preferindo, quem o sabe, desarmar o xabu com um seu abandono, dando ao rabu mais importância do que teve ou teria, afinal todos restaram vivos, a TV, que continuou Democrata, escalando seu melhor profissional, Gilvan Fontes, sempre competente e digno, seus Diretores e Servidores aos quais não tisnou quaisquer manchas, e os candidatos que sem fugir da raia nem temê-la restaram saldáveis e sem nenhum ranhura a lamentar.

 

Se há também alguma lamúria a condoer, por mim que fui apenas um espectador, restou somente a fuga de quem faltou ao debate, isso, porém, é assunto de marqueteiro, que bem deve ter sopesado o fato e o feito perante o eleitorado, que bem ou mal, foi menosprezado por uma ausência, no meu ver imperdoável!

 

Dito isso, direi que faltou à TV Atalaia uma melhor arrumação do cenário dando aos debatedores um melhor destaque, afinal sabe-se que nas encenações audiovisuais deve-se falar postado de frente às câmaras, e os microfones devem ter o máximo de eficiência de modo a captar a menor das emoções, sobretudo quando o debate enseja confronto entre oponentes, como foi o caso em réplica e tréplica.

Do confronto em si, direi que poucos momentos despertaram alguma tensão, sobrando pouco para a comunidade de Aracaju, o que não é novidade afinal todos se ensaiam e se propõem em melhor gestão; em saúde, educação e segurança, desesperanças todas, cada vez piores.

 

No contexto ideológico, a candidata Nyulli Campos do PSOL, para mim a melhor debatedora, mostrou a que veio cobrando do candidato José Paulo do NOVO, o voto de seu partido lá no Congresso Nacional, em Brasília, contra o “Piso dos Profissionais de Enfermagem”.

 

Se os enfermeiros não eram necessitados naquela refrega, a candidata Psolista, revelou-se desde já uma gestora que se exibirá desde logo prometendo levar a classe obreira ao paraíso, justo aquilo que piora, e como piora!, o combalido “estado-de-bem-estar-social”, cada vez mais decadente no mundo.

 

Em sua resposta, o candidato José  Paulo Leão do Novo, mordeu a isca como peixe, cordeiramente explicando que o Novo é um partido bonzinho, essa coisa incompreendida ainda, o Estado precisando ser mínimo, numa explicação ideológica ainda carente de melhor exposição, a exceder cada vez maior o número de descrentes, afinal  nesse conflito de ideias, prometer céus na terra, sem véus nem esforços ajudados, é pregação desértica, que nem Jesus, o Cristo, lá na distante Galiléia conseguira convencer a patuleia sem multiplicar os pães e os peixes, hoje todos sendo reivindicados as expensas do Estado.

 

Como o Estado não gera renda, nem riqueza, o candidato Luiz Roberto do PDT teve a afoiteza de fustigar a sua oponente, Emília Correia do PSL, desafiando-a a explicitar os meios e modos, com os quais aquela Defensora Aposentada, iria conseguir não aumentar o escorchante IPTU, que sufoca em demasia os Aracajuanos.

 

Se foi afoita a pergunta, restou estreita, porque vingou dogmática, e quase um dogma de fé; Aracaju precisa cada vez mais aumentar o IPTU e os demais impostos, em promessas implícitas de que com ele, Luiz Robert, o laço virá mais apertado; e “ai de nós, que aqui residimos”!

 

Se não restou assim, a candidata Emília deitou e rolou sendo-lhe elegante, dizendo que, enquanto oposicionista, entendia que a administração atual bem poderia ser mais eficiente, saneando os eventuais vícios por dezesseis anos, uma eternidade no poder!, algo que os de seu interior como ele, Luiz Roberto, pouco enxergavam, propondo tudo continuar sem mudanças.

 

Com poucas mudanças e ralas discordâncias, restaram às candidatas Candisse Carvalho do PT, e Danielle Garcia do MDB, a primeira exibindo-se graciosamente vestida de vermelho e se enunciando como a candidata preferida pelo Presidente Lula, e a emedebista se postando destemida, por Delegada diligente, nunca temerosa em lidar e porfiar contra tantos bandidos que nos ameaçam.

 

Ao vê-las debater sem porfia, não sei o porquê, lembrei-me do filme “Ardida como Pimenta” (1953), onde Dóris Day posava de Calamity Jane, e de outra fita, desta vez com as belas, Brigitte Bardot e Jane Fonda, contracenando com o recém falecido, Alain Delon, todos no velho oeste, em “Histórias Extraordinárias” (1968), elas justiceiras, cercadas de bandidos.

 

Como os brandidos ali não foram convocados restou à Defensora candidata uma desforra inusitada contra sua colega Delegada, dizendo que esta abandonara a sua verve oposicionista e destimorata, cedendo rápida e apressadamente ao poder, denunciando-lhe a incoerência que a si fora invocada.

 

Se não foi assim, foi desse modo que vi o debate.

 

Se não foi tão quanto, outro coloque outro ponto, dizendo quem venceu e quem perdeu.

 

Em perdas e danos da minha versão, tanto aqui como em São Paulo, perderam os que fugiram da raia e da cena.

 

Que não fujam mais, até por atenção a mim por simples expectador e ainda não sendo eleitor com o meu voto inútil a declarar.

 

Declaro apenas os meus parabéns à TV Atalaia que a tudo pairou com equilíbrio e sobriedade, sem denunciar o joio e o engano assacados.

 

O resto é conversa que não vale a pena o gamo de dissertar nem aqui nem no cinema!

Posto a foto do filme das minhas lembranças.

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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