A tradição de malhar o Judas no Sábado de Aleluia garante renda extra ao pedreiro Neilton Quirino há doze anos. Quem passa pela rodovia Melício Machado, no Mosqueiro, vê os bonecos fabricados artesanalmente expostos à venda. O que começou com uma produção tímida, de doze peças, hoje atinge mais de cem unidades, que chegam a se esgotar na Semana Santa. Neilton chega a produzir cem bonecos para vender
“Comecei a vender porque uma vez, quando fiz um boneco para queimar aqui em casa, duas mulheres que passaram na pista perguntaram se eu vendia. Aí vi uma possibilidade de ganhar um ‘dinheirinho’ a mais”, lembra.
A Quirino não falta criatividade: os bonecos são travestidos de políticos, autoridades e homens comuns. Ele conta que muitos clientes chegam a encomendar ‘Judas’ que sejam parecidos com algum desafeto, talvez enxergando aí uma possibilidade de se vingar por algum desentendimento. Cada unidade varia de R$ 35 a R$ 50. As vendas começam no início da Semana Santa. “Este ano, com essa ponte nova [a jornalista Joel Silveira, inaugurada na última terça-feira, 31], tenho certeza que não vai sobrar nem um”, prevê.
Bonecos de “Judas” demoram uma hora para serem montados
Os bonecos são feitos com roupas doadas ou compradas em feirinhas e quermesses. O corpo é preenchido com palha. Neilton diz que não coloca fogos de artifício porque não pode garantir a segurança na hora que for feita a queima do ‘Judas’. Cada peça leva uma hora para ser montada. O traje chega a roupas mais sociais, como terno e gravata.
José Roberto Arruda
Dentre os bonecos mais procurados, ele revela que os políticos ganham disparados de qualquer outro sujeito. Mas isso varia conforme os acontecimentos no decorrer do ano. “Este ano o que estou vendendo mais é o Judas do José Arruda, mas ano passado o que as pessoas mais procuraram foi o do Pipita”, revela Quirino. O pedreiro lembra que já recebeu encomendas de bonecos representando grandes políticos do Estado, mas diz que o nome dos clientes é segredo.
Tradição Políticos e personagens de destque do cotidiano podem virar boneco
Malhação ou Queima de Judas é uma tradição que chegou ao Brasil através dos portugueses e espanhóis. Inicialmente criada para exorcizar as mazelas cotidianas na figura do traidor de Jesus Cristo, o discípulo Judas Iscariotes, nos últimos anos o rito ganhou uma forte conotação política e simbólica.
O boneco é sempre montado correspondendo às medidas de um tipo médio de homem e pendurado em ruas ou praças. Antes de atear fogo, os envolvidos na queima costumam elaborar um testamento onde os ‘bens’ do ‘Judas’ são dedicados a vizinhos ou parentes, numa forma de incrementar a brincadeira.
Por Diógenes de Souza e Aldaci de SouzaPortal Infonet no WhatsApp
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